Nota da Autorª: quando vires este simbolo "Ⓜ" toque a música indicada» STREET SPIRITS - RADIOHEAD.
E
—EI—
—ACORDA PORRA—
Wednesday estava parada na minha frente olhando para cima. Seus ouvidos começaram a derramar sangue e logo depois o seu nariz fez o mesmo.
O meu corpo e mente começaram a entrar em desespero, eu não sabia o que fazer. Eu balançava seus ombros para frente e para trás tentando lhe acordar dessa espécie de transe.
—merda, eu volto já— Desço as escadas correndo e vou em direção a cozinha, pego o primeiro copo que vejo pela frente e encho com água. Tenho a intenção de voltar para cima e acordar Wednesday se não fosse uma movimentação que escutei no lado de fora da casa.
Me escondo rapidamente e procuro de qual lado veio o barulho, através de uma pequena janela que tinha na cozinha vejo atentamente.. e, o que o xerife tá fazendo aqui? Ele estava meio escondido tentando vir até a casa.
—devemos matá-lo— Derrubo o copo de vidro no chão fazendo com que tudo se espalhasse. O susto e a surpresa que Wednesday me deu quase acabaram me matando.
—que porra, achei que você ainda tava hipnotizada lá em cima—
—ela me mostrou, devemos fazer isso— Isso?
—do que você tá falando, você tá bem?— Wednesday ainda estava com as manchas de sangue em seu rosto, ela me ignora e vejo ela caminhar até o porão e sumir na escuridão do mesmo.
Olho pela janela novamente na procura do xerife e ele já tinha sumido, talvez pelo barulho que acabei fazendo. Antes de descer as escadas do porão escuto a porta da entrada se abrindo devagar.
Ele já sabe que estamos aqui.
Olho em volta e não parece o mesmo desde a última vez que vim aqui, se bem que Wednesday disse que veio aqui a alguns dias, ela poderia ter mudado algumas coisas..
—Wednesday, o que tá acontecendo?— Pergunto assim que lhe avisto.
Ela estava agachada desenhando alguns símbolos estranhos no chão cheio de terra. Escuto alguns passos no andar de cima, o xerife deve estar procurando a gente, ele sabe de alguma coisa?
—Wednesday temos que ir embora agora— Falo sussurrando o mais baixo possível.
—ela me mostrou Enid, não foi uma, nem três que estiveram aqui—
—do que você tá falando?— Wednesday continuou ainda sem olhar para mim.
—ao total, quinze perderam suas vidas para esse bastardo— Quinze? O que ela quis dizer... meu deus, quinze mulheres, então que dizer que o xerife
—ele foi quem iniciou isso, nessa casa. Primeiro foi a garotinha no lago, depois a mãe dela neste mesmo porão. E é a garotinha que anda com você, desde o primeiro dia em que pisamos aqui, ela nunca desgrudou de você—
Estou congelada, meus pés estáticos no chão. Ouvir tudo aquilo me deixou arrepiada. Tudo aquilo, tudo o que eu fiz ou não fiz e tudo o que eu não lembrava tinha um porquê. Os surtos que tinham parado, a morte do policial na floresta, as caixas..
Sinto minha respiração acelerar e a minha vontade de ir embora aumenta.
—Wed, por favor, vamos embora— Literalmente suplico.
—Eu quero que você levante as mãos onde eu possa ver— Me viro com o susto, e merda, eu não tinha escutado ele entrando.
—xerife o que você—
—você tá presa pelo assassinato de um agente da polícia e de um cidadão de Vermont—
O meu maior medo se tornou realidade, ouvir aquelas palavras direcionadas a mim. O xerife apontava uma arma e uma lanterna bem na minha cara, olhei um pouco para trás procurando por Wednesday mas ela já não estava comigo. Ela tinha me deixado, óbvio, ela não ficaria aqui para ser presa.
—xerife, não é nada disso que você tá pensando—
—cala boca Sinclair, um monstro como você eu já deveria ter desconfiado desde o primeiro dia— Monstro.
—monstro? Você matou mulheres inocentes seu filho da puta, você abusou delas— Antes de aumentar meu tom de voz, o xerife dá passos largos e me dá uma coronhada na boca.
—passei muitos anos fazendo isso, aí vem duas menininhas sem nada pra fazer tentando tirar isso de mim, eu tinha que fazer alguma coisa né, o bom foi que eu nem precisei incriminar falsamente vocês, agora onde está a outra esquisita hã— O xerife disse rindo a última parte.
Se as balas não forem de prata, a última coisa que que ele vai ver são os próprios dentes que eu vou arrancar.
Dou um pequeno passo para frente e ele se arma ainda mais quase se preparando para atirar. Iria dar outro se não fosse pelo rápido movimento que quase não vi.
Wednesday que estava atrás dele cortou sua garganta de orelha a orelha, só que dessa vez, em vez de ir terminar todo o serviço, ela o observou tentado segurar o próprio sangue.
—Enid— Lhe olho e ela parece estar mais séria que o normal.
Ⓜ
—come—Como um instinto, como uma ordem, fui correndo até o corpo do xerife que já estava caído no chão, arrancando de vez a jugular de seu pescoço onde foi aberta por Wednesday.
Cada parte que continha carne eu devorei como se fosse a primeira vez. Principalmente abaixo de seu pescoço, me lembro da melhor parte, seu fígado.
Eu tentei, mas não consegui parar. Eu não tinha controle sobre mim, já não era eu.
Em uma rapidez que eu nem sabia que tinha, parte de cima do corpo do xerife já estava quase em osso.
Quando me dei conta do que estava fazendo, me levantei de uma vez de onde eu estava.
Olhei para as minhas mãos que estavam tremendo e ensanguentadas, olho para Wednesday e uma ânsia de vômito me vem, meu estômago embrulha e não aguento colocando tudo para fora.
E com essa sensação de que minhas tripas vão sair pela boca, sinto as mãos de Wednesday nas minhas costas me dando algum tipo de conforto. Ela estava lá comigo.
Depois disso, depois de devorar o único sinal de segurança da cidade e da escola, Wednesday me ajuda a subir as escadas para sairmos dali e sair da casa.
Olhamos para fora da casa e uma tempestade começa a se formar, as nuvens cinzas escuras se aproximando junto com o anoitecer deixavam a casa ainda mais escura.
No lado de fora da casa, o meu suspiro foi de alívio. Algumas gotas de chuva que caíam iam limpando o sangue da minha boca e da minha mão, olho para cima na busca de mais, mas só o que sinto é algo quente entrando no meu peito um pouco abaixo do meu coração.
Olho para baixo e vejo Wednesday, ela empunhava uma faca em mim, era prata. Vejo em seus olhos sérios que não tem nenhum arrependimento.
E agora, o único sangue que saía, era o meu.
Sinto ela tirando a faca e colocando com mais força de novo e de novo. A raiva que ela soltava em mim não era a mesma de quando matavamos por aí.
Solto um grito de dor enquanto ela faz isso mais de cinco vezes. Mas... aquela dor insuportável, a dor de ainda estar segurando a sua mão enquanto ela fazia isso comigo.
E caindo de joelhos, Wednesday gruda nossas testas e me dá um último beijo e tirando a faca de mim ela me joga no chão fazendo com que minhas costas batessem com força.
Olho para o lado e vejo ela limpando o que parecia ser uma lágrima, piscando os olhos lentamente vou acreditar que era.
E com a chuva caindo, ela se foi pela floresta, sem mim e sozinha assim como ela veio.
Voltei minha atenção ao céu, e aquilo era tudo o que eu ainda estava sentindo até o meu corpo começar a ficar dormente.
Então essa é a sensação de morrer.
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A Assassina Dorme ao Lado (Wenclair)
Misterio / Suspenso!Contem assuntos sensiveis tais como: Todos os tipos de Abusos! +16 Sinopse: ...Bem a última vez em que eu estava coberta de sangue assim, foi quando eu estava naquele baile idiota da Nevermore, e a última vez em que eu estava com uma faca na mão...