Capitulo 4 - A certeza, a verdade e a Faca

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Se eu tinha uma certeza absoluta, era de que a pessoa que me viu noite passada era de Nevermore, não tinha o porque de um padrão andar na floresta as três da manhã, principalmente por causa da escola, todos tinham medo e nem chegavam perto. E olhando agora, parece que todos são suspeitos, alguns me olhavam estranho mas boa parte é porque tinha medo de mim.

Mas uma me chamou a atenção, Enid estava me olhando de relance, estava suando mais que tudo. Estranhei o comportamento dela e a observei de longe, estranho, mas ignorei por um tempo.

Voltei ao dormitório para organizar meus pensamentos e meditei vendo se era possível tentar lembrar algo a mais daquela noite. Aquele flash atrapalhou totalmente a minha visão, foi um movimento tão rápido que quando comecei a correr apenas vi uma mecha ros- .

Engoli em seco quando tive esse pensamento.

Lembrei?

"Não, não pode ser", ri com os meus pensamentos por um tempo, mas depois parei pra pensar, não pode ser ela, ela estava dormindo ao meu lado o tempo todo. Ela deve ter me seguido depois da nossa briguinha na varanda, mas por que ela fez isso? aquela idiota.

Depois que ouvi os passos no lado de fora do quarto, tive que me recompor e ter a certeza de que ela sabia de algo, ela sabe!

Abrindo a porta, percebi que seu olhar era de desespero quando chegava perto de mim, era isso que eu queria mesmo, mas eu teria que ter certeza de que era ela naquela noite.

—Wednesday, não sabia que você tinha voltado— Ela me perguntou em um suspiro só, até parece que vou te matar aqui e agora.

—voltado da onde?— Respondi ela entrando no jogo que eu mesma criei. Vou tentar deixar ela o mais confortável possível.

—nada, pensei que tinha visto você lá em baixo, me confundi— Me respondeu dando de ombros, ela é boa em disfarçar, mas não o suficiente.

Deixei ela lá, absorta em seus pensamentos no quarto assim como eu estava antes, mas eu já tinha planejado outras atividades para fazer nas aulas que tive que assistir. Eu estava sem tempo mas Enid pode esperar mais um pouco.

A noite chegou e eu já estava cansada de estudar, me levantei e fui até a varanda do lado de fora e pude ver a mais pura escuridão da noite aparecendo, tão linda e vazia, meus pensamentos voltaram para Enid, ela parecia ser uma garota legal, me lembrei o porquê tive esse pensamento, balancei a cabeça querendo que o pensamento fosse embora, mas parece que é inútil assim que vi ela entrando e ficando ao meu lado.

Assim que a vi, um peso caiu as minhas costas, isso nunca tinha acontecido antes mas tive vontade de abrir o jogo e lhe falar logo a verdade, e foi o que eu fiz.

—foi você naquela noite, não foi Enid— perguntei mas meus olhos continuaram olhando para a floresta, não obtive resposta.

—Enid, responda de uma vez— Eu a olhei já sem paciência, mas ela já estava me encarando, com um olhar sério, parecia vazio mas não senti medo, ela queria me chantagear.

—como sabe que foi eu?— Perguntou o óbvio.

Pensei um pouco, mas cheguei perto dela igual ela fez comigo na primeira noite em que nos vimos, tirei uma mecha do cabelo dela e coloquei atrás de sua orelha —suas mechas de cabelo colorido e você não é nada boa em disfarçar— Fiz questão de acrescentar.

Depois disso, ficamos nos encarando, esperando e observando cada movimento, tentando ler a mente uma da outra, ela tinha um olhar de caçador mas eu também nunca fui a caça. Os olhares se intercalavam entre a boca e os olhos.

Existia uma certa tensão no ar.

Ela foi chegando mais perto de mim, quebrando um espaço que já era pequeno entre nós. E com aquele sorrisinho de canto que eu odeio, pude sentir algo 'ponte agudo' abaixo do meu estômago. Procurei o que era, e era a faca que eu tinha usado para matar o Roonie, mas eu pensei...

—o que? Achou que tinha se livrado da arma do crime, tive um trabalhão para encontrar mas acho que está valendo a pena, dá pra ver o medo nos seus olhos— Ela falou indiferente.

—acha que eu tenho medo de morrer? Tenta— Duvidei dela com um sorriso nos lábios, ela não teria coragem. Foi o que eu pensei, até ela começar a subir a faca para o meu rosto.

Enid pegou a gravata da minha blusa e me puxou para mais perto dela. Ela me olhou com a faca ainda no meu rosto como se estivesse me obrigando, mas eu não estava lutando contra ela, eu também queria seja lá o que for isso.

A Assassina Dorme ao Lado (Wenclair)Onde histórias criam vida. Descubra agora