Capítulo 18

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O dia do Baile chegava e as duas já não sabiam se iriam se encontrar novamente. Desde aquela conversa, Wednesday não tinha voltado ao seu quarto e ninguém a via na escola. Ela tinha sumido, dois dias, cinco dias, uma semana depois e assim foi. Já Enid na maioria das vezes não ia as aulas, ficava lá, na cama ou na sacada do lado de fora esperando, esperando ela voltar.

E


—a que horas ela vai voltar?— perguntei a Yoko que estava no meu lado me fazendo companhia.

—talvez ela tenha ido ficar com os pais—

Depois que Wednesday saiu e não avisou nada, fiquei dias sozinha no quarto, e parece que ela se foi levando o segredo da nossa "relação".

Todos da escola falavam que tínhamos terminado o nosso namoro, mas nunca tivemos nada. Não passava de.. seja lá o que era aquilo.

—não é Enid?—

—o que, desculpa eu não escutei— É, tem dias que eu não escuto os meus pensamentos e nem o dos outros.

—perguntei se vocês duas brigavam muito, pode ser que ela só queria dar um tempo—

—nós nunca tivemos nada, era só amizade mesmo— Era?

—ela vai voltar, não se preocupa. Pelo jeito dela, talvez ela precise ficar um tempo sozinha— Em parte Yoko tinha razão, ela gostava de um tempo sozinha, mas naquela situação em que nós estávamos, tava mais pra um tipo de corte na nossa relação\parceria. Eu já nem sei.

Minha amiga me chama pra sair várias vezes tentando me tirar da cama e recuso todas as tentativas. Yoko ficou conversando comigo por algumas noites, depois que ela soube do meu suposto "término", achou que era melhor ficar ao lado da amiga. 

Eu não estava passando por uma crise depressiva ou algo do tipo tentando superar, não há o que superar. 

Escuto um 'fica bem bem' de Yoko e depois o barulho da porta se fechando. Fecho os olhos por alguns instantes tentando adormecer, mas é inútil.

"não posso ficar aqui pra sempre esperando ela voltar" Meus pensamentos tentavam me acordar. Decido levantar e tomar um banho antes de sair. Vou pra qualquer lugar que me faça parar de lembrar ela, aquele quarto era um mini gatilho. Saio da escola depois que todos estavam dormindo.

O costume de andar na floresta não foi desde que conheci Wednesday ou quando comecei a matar, minha mãe sempre foi muito rigorosa com isso. A perfeição de ser uma predadora sempre foi o que acabava comigo, eu perdia o controle e acabava destruindo tudo a minha frente, o ataque de raiva só parava depois de uma exaustão do meu próprio corpo. Talvez eu deveria ter contado isso a Wednesday..

—para de pensar nela Enid— exclamei comigo mesmo.

Olhei em volta, o silêncio era perfeito, o ar e o cheiro das árvores. O cheiro dela.. o cheiro, Wednesday?

Sinto o cheiro dela assim que o vento bate nas folhas, ela está perto. Tenho a intenção de ir procurá-la mas, ela quer ser achada? Um perfume diferente invade minhas narinas e viro rapidamente tentando vê de onde isso vem.

—oi Enid— escuto uma voz masculina me chamando.

—ah, oi Xavier. O que tá fazendo no meio da floresta?—

—eu ia te fazer a mesma pergunta, uma garota sozinha no meio da noite, veio encontrar alguém?— Sinceramente, nunca fui íntima do Xavier, algumas das minhas amigas falavam com ele porque eram da mesma sala, mas ele era sempre muito quieto, então não me interessava.

—na verdade eu só vim dá uma caminhada mesmo, e você? Veio pra que—

—eu precisava de um tempo sabe, eu e a minha namorada brigamos um pouco então estou aqui dando espaço a ela— Só respondi um 'ah sinto muito' depois, ele não percebeu a cara de to pouco me fudendo não? O silêncio constrangedor que ficava alí era insuportável, mas ainda bem que ele cortou aquilo logo em seguida.

—bem, eu já vou indo, não gosto de ficar andando por aí enquanto ainda ocorre esses assassinatos—

"Só se você for um estuprador" Pensei e quase disse, deixa quieto.

—tá, boa noite pra você— Ele acenou com a cabeça e foi embora.

'menino estranho do carai'

Tento voltar a lembrar o que estava fazendo antes e o cheiro dela se foi. Nem sei se foi realmente o cheiro dela que senti, talvez fosse só o cheiro de alguma planta parecida. Tenho que voltar, voltar a aquele quarto e ver o seu lado da cama vazia.

Mesmo que passávamos a maioria das noites discutindo ou fazendo outra coisa, eu gostava da presença dela, ela preenchia o lugar de alguma maneira. E isso foi interrompido assim que perdi meu celular.

—sua imbecil— Balancei a cabeça negativamente, eu me sentia um lixo ambulante.

A minha caminhada de volta ao quarto foi tranquila, diferente de Xavier, eu não tinha medo dos assassinatos por um detalhe óbvio. Mas pensar em fazer aquilo de novo me deixava animada e com um sorriso no rosto, já se passavam dias desde que..

Parei meus pensamentos assim que sinto pisar em uma folha que estava debaixo da minha porta. Era um envelope, não tinha nome ou identificação, abri a carta e o que eu vi, foi a pior coisa que já tinha visto em toda a minha vida.

Nota da Autorª

sexta feira tem a descoberta sobre o que a Enid viu

A Assassina Dorme ao Lado (Wenclair)Onde histórias criam vida. Descubra agora