Descobriu que seu amigo estava em um hospital, amarrado à cama. Por que estava amarrado à cama? A cabeça e os braços estavam enrolados por bandagens. Não havia movimento além do sobe e desce suave do peito, indicando sua respiração.
A mãe e o avô entraram primeiro na sala e a raposa fêmea desabou em lágrimas nos ombros da raposa mais velha. Atlas entrou na sala e parou ao lado do amigo. O que fizeram com ele?
Pediu explicações ao médico, que lhe apresentou uma ficha de ocorrências. O pai do rapaz foi até a delegacia e, depois do encontro, Roberto enlouqueceu e feriu-se dentro da cela. O rapaz teve que ser algemado, contudo, com a cabeça livre, começou a batê-la onde conseguiu até ficar inconsciente. Temendo que a raposa morresse pelos ferimentos, mandaram-na a um hospital, onde recebeu tratamento — algemada à cama para que não fugisse. As idas ao banheiro eram monitoradas por um guarda. Depois de uma visita do pai, a raposa perdeu a sanidade e começou a se morder nos braços até começar a sangrar. Mesmo amarrada à cama, conseguiu ferir-se, o que obrigou os médicos a dar-lhe remédios soníferos para que a raposa não se flagelasse.
— Senhora — o médico chamou a mãe chorosa. — Qual o histórico que seu filho tem com o pai?
— Eles nunca se viram — falou a mãe em meio às lágrimas. — Ele vai ficar bem?
— Tem certeza? Não houve agressão por parte da família?
— Que perguntas são essas? — bravejou o avô.
— Estou apenas fazendo o meu trabalho, senhor — repreendeu o médico. — Ele já sofreu algum abuso?
— Abuso de quê? — questionou o avô, irritado. — Só se ele deu o rabo pra alguém...
— Senhor, por favor — censurou o médico. — Bem, repetirei as perguntas outra hora, quando estiver mais calma.
O médico saiu do quarto e Atlas foi atrás.
— Qual o estado de saúde, doutor? — quis saber o leão.
— Estável, até o momento — revelou o médico. — Quem é você?
— Sou amigo do Roberto — revelou.
— Uma pessoa lúcida, pelo menos. Bem, o estado de saúde mental de seu amigo raposa não me agrada e, quando houve indicação de melhora, declinou rapidamente. Com uma breve observação, foi possível descobrir que é com base familiar.
— Quando aconteceu a piora?
— Ontem! — revelou o médico. — Tivemos que sedá-lo, senão não poderíamos medica-lo.
— Tem previsão para retirar a sedação?
— Amanhã, possivelmente — falou o médico. — Você deve ser o melhor amigo que essa raposa teve.
— Sim, eu sei — falou com certeza. — Além disso, uma raposa, que se dizia o pai, veio coletar sangue para realizar exame de DNA.
— Mas ele já fez isso antes — informou o leão, alarmado. — O teste deu positivo para a paternidade.
— Ele veio com documentos exigindo a retirada de sangue do Roberto para realização de um novo exame de paternidade. Ele alegou que o primeiro foi adulterado.
— Como ele...
Não conseguiu fazer mais perguntas, pois o médico precisou atender a outros pacientes. A enfermeira precisou retirar a mãe e o avô do quarto pelo incômodo que estavam causando. Era lógico que uma mãe não ficaria quieta ao ver seu filho inconsciente numa cama de hospital.
As duas raposas foram até o leão. O macho ficou mais atrás enquanto a fêmea se aproximou, soluçando e com as lágrimas escorrendo pelos seus.
— Quem é você? — a voz subiu uma oitava. — Foi você que colocou meu filho naquela situação?
![](https://img.wattpad.com/cover/334061490-288-k906991.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Coração Quente (Volume 2)
RomanceAo voltar para sua cidade natal, Roberto se reencontra com sua família de raposas e as dificuldades que o fizeram ir embora. Atlas, o amigo leão de juba negra, divide-se entre a formação de uma família com Julieta, uma onça-pintada, e o seu romance...