Capítulo 5 - Escolhas

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Atlas virou-se de um lado a outro na cama, sem saber o que o futuro lhe reservava e isso lhe deixou ansioso, ele pensava que era o calor. Suor escorreu pelo seu corpo e decidiu, enfim, levantar da cama cuja qual não conseguia dormir. Foi até o banheiro tomar seu quarto banho do dia e pensar como cuidaria da criança.

Culpava-se por suas decisões sexuais. Como pode fazer sexo sem camisinha com uma fêmea? Como pode dar a ela a semente que, agora, germinava nela e carregariam essa responsabilidade por toda a vida? Como ele pode ser tão irresponsável? Não adiantaria recorrer aos pais, afinal, ele era um macho de 30 e poucos anos, com idade muito mais do que suficiente para assumir tais responsabilidades, mas mesmo assim... Como ele pode fazer isso com ela, a sua garota? O que poderia fazer?

Desligou o chuveiro, secou-se e enrolou a toalha em torno do quadril. Saiu para a varanda da parte de trás da casa, onde ficou admirando as estrelas. Questionava-se o que poderia ter além delas e que outros mundos estariam lá, mas ele só queria fugir de sua realidade: enfiou uma criança na barriga de uma fêmea e agora tinha que assumir o seu ato.

O ar fresco da noite lhe confortou por um momento, mas a cabeça virada para o alto por muito tempo deu-lhe dor no pescoço. Voltou para dentro da casa e percebeu que o ambiente interno estava abafado, mesmo com a utilização de ventilador para soprar vento em seu pelo e refresca-lo.

Olhou para a televisão, mas não conseguia pensar em nada para ver para lhe distrair, afinal, sua mente não queria distrações, e sim, respostas de como manteria uma criança. Ele não se sentia pronto para isso.

Como pude ser tão imbecil? Culpou-se novamente.

O sono não veio e o sol apresentou os seus primeiros feixes azulados da manhã. Caralho! Isso não era um bom sinal. Não estava com sono, mas logo estaria, e seria quando teria que trabalhar.

Estava muito cedo para fazer café, mas ele fez mesmo assim e, depois de muito olhar para a televisão, ligou-a e assistiu aos desenhos animados que passavam nas primeiras horas da manhã. Lembrou-se que esses desenhos também passaram na sua infância, contudo, ele já estava velho para tal e seria a vez do seu filho de ver desenhos animados. Lembrava-se de seu pai lhe ensinando a jogar futebol e das várias camisas da seleção brasileira que ganhou de presente para ver as copas do mundo à caráter.

No meio da manhã, recebeu a visita de seu pai, o que lhe distraiu um pouco dos pensamentos autodepreciativos acerca de responsabilidade. Seu pai entendia melhor do que ninguém sobre cuidar de crianças, afinal, teve duas e, quando seu velho pai começou a contar histórias sobre cuidar deles e de seus primos, Atlas ouviu com um brilho nos olhos.

A presença de seu pai lhe deu outra perspectiva sobre o que fez. Será que ele poderia criar uma criança? Ele estava com condições melhores do que quando seu pai cuidou deles. Era possível. Mas Julieta queria levar adiante a gravidez? Esperava que sim.

Cada história que seu pai contava, ele sentia inveja de como seu pai era um ótimo macho com as crianças. E, além disso, sentiu-se inspirado em ser o macho que seu pai foi com ele e com sua irmã. Era o que ele queria ser para o seu filho também.

— Pai, tem algo que preciso contar — as palavras escorregaram pela sua língua e chegaram aos ouvidos do outro macho. Contudo, ele próprio ouviu as palavras e calou a boca. Ele estava prestes a falar que teria um filho, mas era tarde demais e o mistério estava feito.

— O que foi meu filho?

Atlas ficou ansioso e receoso em falar, mas ele teria que falar em algum momento. Ele respirou fundo e revelou. O pai coçou a juba, olhou de um lado a outro e olhou de volta para o filho.

— Vocês planejaram essa gravidez? — quis saber. — Bem, não importa! Vocês já são bem grandinhos para poder cuidar de um filho. Não vou falar se foi certo ou errado, apenas, digo que vocês tem que se preparar.

Coração Quente (Volume 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora