Capítulo 23 - O saco de pancadas (parte 1)

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Quis voltar para casa junto de Thomas e os pais, no entanto, isso estragaria todo o momento que estavam tendo na chácara do tio de Atlas.

Por que Atlas queria continuar com aquelas coisas? Não poderiam mais continuar naquela relação. Thomas lhe ajudou a entender o que era uma manipulação e o que não era. O lobo não queria esconder a raposa e nem fingir que ela era outra coisa para ele. Thomas foi sincero, por mais que também gostasse de sexo, sabia respeitar as vontades de Roberto sem ficar lhe enchendo a paciência para fazer o que queria.

Ao ser deixado em casa, o coração estava pesado ao entrar de volta, sozinho. As luzes estavam apagadas e Alex, provavelmente, estaria trabalhando até mais tarde.

Entrou em casa, deixou a mochila em cima da cadeira da mesa da cozinha e, antes de chegar ao quarto, ficou tomado pelo pavor, paralisado de medo ao ver o seu avô, Solimões, em pé ao lado da cama, com os olhos fixos em Roberto como um predador.

— Onde você estava, seu filho da puta? — o avô avançou até o neto e deu um tapa tão forte no rosto de Roberto que o fez virar. — Sua mãe passando dificuldade e você gastando dinheiro com outros filhos da puta — outro tapa veio e ele foi para o lado.

As bofetadas fizeram seu rosto pulsar de dor e deixaram a pele quente pela força que foi utilizada.

— Você está pensando que vai fazer o quê da vida, hein? — em vez de bofetadas, recebeu um soco de punho fechado direto no estômago. — Cadê o dinheiro, seu pau no cu do caralho?

Roberto foi empurrado no chão e, na sequência, os pontapés vieram com cheiro de terra e esterco, mirando onde quer que conseguissem acerta-lo. Ele defendeu-se da melhor maneira que pode e acabou ficando cheio de dores quando seu avô terminou.

— Bichona do caralho — gritou. — Não tem pau pra porra nenhuma. Não tem valor pra essa família.

Solimões andou até a cadeira onde Roberto havia deixado sua mochila, abriu-a em busca da carteira do rapaz, no entanto, sem paciência para procurar, levou a mochila consigo. Roupas, documentos, dinheiro... tudo fora levado enquanto ele ficou caído no chão, cheio de dores no corpo.

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Não conseguiu ir para o trabalho de tanta dor e foi preciso um colega de trabalho ir até lá para saber o que havia acontecido. Surpreso com a situação, ajudou-o e levou-o ao posto de saúde, onde o médico passou um medicamento para dor e um atestado para que o rapaz ficasse em casa, no entanto, em vez de irem para casa, foram para a delegacia. Alex, o leão, ficou sabendo do ocorrido e foi junto com Roberto.

Os dois ficaram esperando serem atendidos, no entanto, quando foi chamado para fazer o boletim de ocorrência, quem atendeu foi o seu primo policial que, assim que o viu, se recusou a registrar o boletim.

— Se ele te bateu, não foi à toa — falou. — Pare de frescura e pague o seu avô.

— Eu não devo nada a ele — defendeu-se.

— "Ah, não devo nada" — repetiu o primo, com desdém. — Eu deveria era prender você e não ele — falou. — Agora vá embora daqui que, diferente de você, eu trabalho.

— E eu não trabalho, não? — protestou Roberto.

— Ficar abanando o rabo para os machos na lanchonete é emprego desde quando? Ou você vaza ou vai em cana, o que vai ser?

Roberto levantou-se, irritado e foi para casa sem conseguir denunciar o avô. Alex, por outro lado, o levou para a delegacia da outra cidade e lá ocorreu algo parecido.

Coração Quente (Volume 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora