Capítulo 15 - Virada de ano (Parte 1)

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Alguém bateu à porta e, quando Roberto abriu, era sua mãe. Um sorriso se formou em seu rosto e deixou-a entrar. Ela, por outro lado, estava séria. Os olhos cansados, o rosto suavemente inchado.

— O que aconteceu? — quis saber Roberto, preocupado.

— Ah, meu filho — suspirou a mãe. — Só problemas.

O filho buscou um copo d'água e entregou-o à mãe, que o bebeu e quis saber quem eram aqueles com quem ele estava saindo.

— Esse povo fala muito — murmurou Roberto. — O pessoal com quem saio são meus amigos. O que aconteceu com seu rosto?

— Só problema, meu filho. Amigos de onde? — quis saber a mãe.

— De Campo Grande. E esse rosto? — insistiu.

— Um bicho me mordeu à noite — falou. — E você os conheceu como?

— Pelo trabalho, mãe. A senhora foi no posto de saúde para o médico dar uma olhada nesse rosto?

— Que mané médico — cuspiu ela. — E esse povo que vem te buscar todo domingo, leva você para onde?

— Para uma chácara — explicou. — A gente fica tomando banho de rio.

A mãe semicerrou os olhos, desconfiada. Entregou o copo a seu filho, que o pegou e o deixou na pia.

— Eu discuti com seu avô ontem — revelou a mãe. — Ele estava fazendo palhaçada e eu chamei a atenção dele.

— Ele bateu na senhora? — Roberto aproximou-se dela, parando ao seu lado.

— Quase bateu — falou ela. — Mas eu saí de casa e chamei a polícia. Só que mandaram o seu primo, aquele vagabundo.

O primo, ao qual a mãe se referia, era policial e, tendo certo contato e linha de pensamento próxima de seu avô Solimões, a velha raposa não foi detida.

— Se é da família e é ignorante, todo o resto passa pano — murmurou Roberto. — Odeio que todo mundo da família aprova isso só porque é da família. "Deixa ele quieto, briga não se mete a coelher, blá-blá-blá" — ele imitou uma voz zombeteira ao final.

A mãe deu um sorriso em seu rosto meio inchado.

— Você vai passar a virada de ano em casa? — quis saber a mãe.

— Acho que vou passar com meus amigos. Ou talvez com o Alex...

— Alex vai passar com sua tia — corrigiu a mãe. — Perguntei para ele semana passada. Podemos todos passar lá.

— O vô Solimões vai estar lá?

O silêncio de sua mãe respondeu por ela. Ele estaria. Não queria ir. E não queria confirmar agora algo que ele sequer sabia se poderia confirmar.

— Eu posso te dar a resposta na sexta-feira?

— Não estou pedido, filho. Tem que ir. É sua tia e eu sei que você gosta dela.

— Eu gosto da tia — falou. — Eu não gosto é do vô.

— Seu outro avô vai estar lá também. Seu avô Geraldo. Provavelmente, vai ter briga de raposa.

— Todo ano tem — murmurou Roberto.

A mãe se levantou, deu um abraço e um beijo na bochecha do filho e foi embora. Roberto pegou o celular e mandou uma mensagem ao lobo, questionando o que planejava para o ano novo.

"Um churrasquinho com meus pais", escreveu de volta. "Eles querem saber se você vai vir aqui em casa", escreveu em seguida.

Escreveu de volta a situação em que sua mãe o colocou. Thomas escreveu que aa situação ficou complicada para a raposa. Sugeriu que mudassem o encontro para depois do ano novo, pois ficaria mais tranquilo o encontro entre os dois na casa do lobo.

Coração Quente (Volume 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora