Coração Quente (Volume 2)

Capítulo 18 - Desabafo

Roberto passou quase todos os dias de férias na casa de Thomas e dos pais. Muito mais na casa de Thomas do que na dos pais, onde só apareciam para almoçar e jantar. Durante um final de semana, os pais saíram de casa, deixando-a sob o cuidado dos meninos, que a limparam durante o tempo que os lobos pais passaram fora. Além disso, nesse mesmo tempo, na casa de Thomas, os rapazes exploraram algumas posições do FurSutra no sofá-cama da sala.

A raposa ficou surpresa com algumas coisas que conseguiram fazer. Thomas era criativo e gostava de explorar algo novo. Eles se divertiram, não apenas explorando os seus corpos, mas também explorando outras atividades, como cozinhar juntos. No almoço, Thomas preparou um belo arroz com carne, feijão temperado, misturado com calabresa frita, e batata frita. As porções foram suficientes para almoço e janta. No almoço do outro dia, Roberto preparou uma salada de tomate com repolho e alface, temperado com sal e azeite de oliva; arroz branco e feijão temperado com sal. Não conseguiu ser muito criativo, mas Thomas gostou e comeu tudo.

Deram um passeio pelo bairro e pararam na praça onde um grupo de amigos jogava vôlei. Thomas tinha uma rede, as traves e a bola de vôlei em sua casa, mas jogar com amigos na praça onde havia um campinho de areia para isso era mais gostoso.

Alguns conhecidos de Thomas estavam ali e o chamaram para jogar uma partida. Roberto o acompanhou e jogaram em dupla por um bom tempo, até que decidiram ficar em lados opostos da rede e o lobo era muito bom no jogo, pois as jogadas dele quase sempre tocavam o campo de areia do lado da raposa.

Voltaram para casa cansados do passeio e sujos de areia. Tomaram um banho morno — temperatura que o corpo de Roberto não apreciava há tempos. E o lobo deu-lhe um abraço e um beijo na nuca enquanto a água morna do chuveiro caía em seus pelos. A cauda de Roberto abanou ao sentir o amor de outro macho por ele. Há tempos não se sentia assim: amado. Além disso, durante o tempo em que passou ali, não pensou nos problemas que havia em sua casa, em sua família, se alguém estava o seguindo... sentiu-se tão seguro que todos os problemas de sua cabeça sumiram.

Ao deitarem-se na cama apenas para descansar, Thomas lhe acariciou a barriga. Sentiu a mão quente do lupino deslizar delicadamente pela região enquanto os olhos amarelos estavam fixos em seu rosto, admirando-o. As caudas de ambos os canídeos abanavam de animação. O lobo puxou a raposa para um abraço e ali eles ficaram por um bom tempo, sentindo o corpo quente um do outro devido ao banho morno, o cheiro leve de shampoo de amêndoas impregnado no pelo.

Roberto sentiu-se acolhido com o abraço de Thomas. Conseguia sentir que o lobo o queria ali, não apenas para transar, mas também para poder abraçar e ter alguém.

— O que você quer fazer agora? — questionou o lobo.

Roberto não sabia o que fazer, pra onde iria, com quem estaria... Não tinha certeza de mais nada.

— Apenas ficar deitado — falou. — Aquele jogo me deixou todo dolorido.

O lobo soltou uma risada, desfez o abraço, levantou-se da cama, caminhou até o armário onde pegou uma muda de roupas e vestiu-se. Pegou outra muda e entregou-as a Roberto.

— Para você — falou. — Espero que sirvam.

Os olhos da raposa brilharam e se encheram d'água ao ver que estava recebendo presentes. As lágrimas escorreram por seus olhos. O lobo questionou o que havia acontecido e Roberto levantou-se da cama, andou até Thomas e deu-lhe um forte abraço. O lobo abraçou-o de volta. A mão do lobo passou suavemente pelo topo de sua cabeça vulpina. Sentiu os lábios finos do lupino tocar sua testa. A mão tocou seu queixo, empurrando-o delicadamente para cima até que seus lábios encontrassem os dele.

A carne dos lábios macia e úmida pela saliva. A língua macia entrando na boca um do outro, sentindo o sabor um do outro. Os olhos se fecharam. As mãos de Roberto correram pelo corpo de Thomas, sentindo o pelo espesso do lupino entre seus dedos.