Capítulo 27 - A carona

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Renard, uma raposa de pelo castanho, abanava a cauda animadamente enquanto olhava para imagens de tigres fortes em seu celular. Se eu pudesse ter um deles, pensou. Ajustou seus óculos que escorregavam de seu focinho vez e outra.

Desabotoou um pouco o casaco devido ao calor do ambiente, apesar da temperatura marcar onze graus. No banco adiante, um enorme leão de juba negra esperava para ser atendido pela psicóloga Froida. Ele usava um casaco de moletom e uma calça também de moletom larga. Mesmo com as roupas largas, a musculatura do leão era aparente. Quando a psicóloga chegou, perguntou se os dois poderiam entrar juntos, pois o assunto era semelhante.

A raposa de pelo castanho olhou para o enorme leão de juba negra e questionou-se se ele teria o mesmo vício, como a Dra. Froida chamou. Renard guardou seu celular no bolso da calça, levantou-se e parou por um instante, pasmo com o tamanho do leão em pé. Era um leão enorme, com certeza era maior que os tigres já viu.

Entrou na sala da dra. depois do leão de juba negra entrar. Um espelho na parede que se esticava até o teto refletia o seu ligeiro crescimento corporal. Suas bochechas estavam um pouco mais arredondadas, mas a barriga era escondida pela jaqueta jeans que vestia.

Pelo espelho, pegou o leão o olhando e virando para o lado para disfarçar.

— Está engordando — comentou a Dra. Froida com um riso. — Sente-se! — sugeriu.

Enquanto Atlas sentou-se no divã, Renard sentou-se na cadeira acolchoada de madeira que havia na mesa logo atrás do divã.

A Dra. Froida se apresentou e os dois machos se apresentaram um para o outro, mas eles não estavam ali para se conhecerem, estavam ali para tratarem de seus problemas. Renard esqueceu o nome do leão no momento seguinte.

— Sabem que esses vícios de vocês está apenas na mente de vocês — começou ela. — Não é algo fácil de se fazer, levando em consideração que vocês já fizeram atos sexuais antes, cada um com seus parceiros — ouvir aquilo deixou Renard com vergonha, pois as memórias vinham à mente. — E é mais difícil ainda ter que ouvir, no entanto, vamos focar no que pode ser feito para superar esses vícios.

— Mas, Dra. Froida, não seria melhor fazermos a sessão separados? — questionou a raposa de pelo castanho.

O leão virou o rosto para olha-lo por sobre os ombros.

— Quando eu fiz a pergunta se poderiam entrar juntos, vocês apenas entraram — falou ela. — Vocês escolheram, mesmo que de forma silenciosa — apontou. — Podemos começar a partir daqui: escolha. O vício de vocês é uma escolha?

— Eu acredito que sim — falou a raposa.

— Então, se é uma escolha, pode escolher não se viciar em seus desejos? — questionou ela.

O leão de juba negra virou-se novamente para a dra. que encarava a ambos com seriedade.

— Pelo silêncio, parece que alguém aponta uma arma na cabeça de vocês, não aponta? — confrontou. — Bem, por que escolheram estarem aqui?

— Eu tenho que tratar meu problema — falou Renard.

O leão continuou em silêncio.

— Segundo sua ficha, é um problema que você pode resolver, assim como o seu colega — ela pegou a prancheta e observou os papéis. — O que questiono é: o que você vai fazer para abandonar o seu vício?

Renard ficou em silêncio, pensativo.

— Posso pensar em evita-lo — sugeriu o leão de juba negra. — Andar por caminhos alternativos.

Coração Quente (Volume 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora