Capítulo 8 - Um péssimo reencontro

60 8 19
                                    

A cidade em que Roberto estava morando era vizinha e foi rápido para chegar ao endereço, contudo, ninguém estava em casa. Um vizinho informou a eles que a família foi para a casa de Tia Gertrudes e Atlas dirigiu até lá. Não era longe e ele viu a casa de portão de grades de ferro com algumas raposas — e outras espécies.

O leão de juba negra parou o carro em frente ao portão, o que chamou a atenção de todos que estavam lá dentro, afinal, era notável a caminhonete cinzenta parada em frente à casa.

O macho felino desceu do carro e bateu palmas em frente à residência. Algumas raposas foram até o portão com cautela. Três machos mais altos que eram mais altos que Roberto — ao que se lembrava —, mas mais baixos que o felino. Não chegou a ver muitos machos que eram mais altos que ele.

— Quem é? — quis saber uma raposa. Tinha aproximadamente a mesma idade de Roberto. Usava um boné e tinha uma corrente prateada ao redor do pescoço. O outro usava uma touca escura... no calor? O último era magricela, com a camisa regata rasgada nas laterais e com a bermuda escorregando de seus quadris, exibindo a cueca que tinha por baixo.

— O Roberto está? Ele... — foi cortado antes que terminasse.

— BETO — gritou a raposa macho e voltou para casa, as outras duas o acompanharam.

Demorou um pouco e outra raposa esguia e mais baixa veio correndo até o portão. A cauda do canídeo abanou de alegria tal como a do leão. Atlas deu um aceno para a raposa que correu até o portão e ele reconheceu pelo formato do corpo e o tamanho. Roberto era menor que as outras raposas que estavam no portão.

— Quem é esse comédia? — perguntou a raposa com boné e, em resposta, recebeu um olhar forte e um rosnado intimidador do leão, que o fez voltar para trás junto com as outras duas raposas.

Roberto esperou até que as três raposas estivessem longe para que pudesse abrir o portão e ficar próximo de seu amigo leão de juba negra. A raposa estava feliz em ver seu amigo felino assim como o leão macho estava em ver seu canídeo.

— Posso...

— Não dá! — cortou Roberto, entristecido. — Meu avô é um cuzão e ele está esporrinhando todo mundo lá dentro.

— Podemos ficar do lado de fora.

— Eles são paranoicos. Só de me verem com você já vão pensar que sou... homossexual — falou baixinho a última palavra.

— Eles não vão se atrever a fazer alguma coisa com você se eu ficar por perto — garantiu o leão.

Ouviram a porta do carro se abrir e uma onça-pintada se aproximou. Atlas olhou por cima do ombro para vê-la chegando e parar ao seu lado. Roberto ficou pálido de pavor. Atlas soube o motivo, mas pediu que seu amigo relaxasse.

— Nossa! Parece até que andaram me traindo — comentou ela e soltou uma risada. — Oi para você também!

— Ah... Oi! — Roberto engoliu em seco. Os olhos arregalados e depois perguntou. — Como... você... vocês estão?

— Bom... nós nos casamos e ele me engravidou — apontou para o leão, que ficou de olhos arregalados e lançou um olhar de censura a ela. — Acho que ele esperou você sair pra botar uma filha em mim — deu uma risada. — Bom, ela nasceu saudável. Você poderia vê-la qualquer dia desses.

— Quando ela nasceu? — estava curioso.

Julieta explicou cada passo do planejamento deles nos estágios de gravidez até o nascimento da pequena Nina. Roberto ficou com expressão confusa, fazendo cálculos mentais de como o nome Atena foi parar até Nina.

Coração Quente (Volume 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora