Capítulo 14

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Simone

Papo reto, não suporto mais nem olhar pra cara de Lúcio, só o fato dele respirar o mesmo ar que eu isso já é um incômodo. Infelizmente eu não tenho outra opção, pq se eu falar de separação é capaz até dele me matar, eu ainda não fugi só por causa da minha filha e pq não tenho pra onde ir.

Simone: Sai, Lúcio. Sai. - falei me afastando quando ele sentou na cama, do meu lado beijando meu ombro. Credo, nem quando tô amamentando posso ficar em paz!

Lúcio: Ih, qual foi? - passou a mão em mim, me olhando com mó cara de desentendido. Esse aí só compra quem não conhece. - para com isso, pô. Vai ficar nessa pelo resto do ano só pq quebrei umas coisinha? Relaxa, eu vou comprar tudo de novo.

Simone: Aí, pega visão. Eu não aguento mais nem olhar pra tua cara, Lúcio. Não importa o que tu vai comprar, eu não te suporto mais! - ele veio pra cima de mim e eu comecei logo me arrepender do que falei.

Lúcio: Repete. - me pegou pelo braço, fazendo eu levantar. Engoli seco quando fiquei bem pertinho dele. Isabele começou chorar e ele pegou ela, se afastando um pouco. Pelo menos dessa me livrei. - que foi meu amor? Chora não. - fiquei apenas olhando né, ia fazer o quê? - se liga, Simone. As vezes eu nem quero fazer esses bagulho, mas tu que fica arrumando confusão.

Simone: Tu vai ficar com ela? - ele assentiu. - vou arrumar umas parada ali, já é? Qualquer coisa me chama.

Ele concordou com a cabeça e eu saí andando rápido dali. Cara, parece que cada minuto aqui me sufoca mais e mais! Ele me trata bem até, me agrada e as vezes me leva pra dar um rolê em um lugar da hora, só basta eu saber relevar os esculacho, traição e surra, só que já tá chegando no meu limite, saca? Minha filha tá crescendo vendo tudo isso, ela tem só um ano e não merece viver num ambiente assim.

A sala tá toda bagunçada, pq ontem ele chegou bêbado e quebrou quase tudo, inclusive, quase me quebra também, mas ainda bem que consegui me defender e não aconteceu nada de muito grave comigo.

Olhei pra toda aquela bagunça e pensei se realmente ia dar conta de arrumar tudo aquilo tão rápido quanto eu tava pensando, pq na minha mente eu só ia estalar os dedos e tudo ia brilhar de tão limpo, mas infelizmente não sou mágica. Passei a mão no rosto, bufando e criando coragem pra começar, mas na real mesmo, eu nem sei como e por onde iniciar a limpeza.

Ficar apenas pensando não vai dar em nada então comecei agir. Comecei tirando os cacos quebrados, tentei ligar a televisão só que não tem mais jeito então fui separando tudo dentro de uma caixa de papelão e depois levei pro terraço. Tirei a poeira das coisas, passei um pano molhado com desinfetante nos móveis, varri os cômodos e depois voltei arrumando sofá, cama e o que faltava.

Lúcio disse que ia comprar quentinha, assim ele pensa que tá ajudando, até que tá né pq aí eu já não vou ter que ir pra beira do fogão me ocupar mais ainda, só que não dou o braço a torcer.

...

Renata: Aí, sério mermo mano, eu fiquei bolada com ele! - fez gestos com a mão, me olhando e depois pro lado. - e o bonito ainda quis pra eu fazer almoço. Ah, fiz nada.

Simone: E ele não te disse nada? - coloquei Isabele no chão, dando a boneca pra ela.

Renata: Que nada, ainda quis dar um de valente mas eu mandei logo o papo reto. - tomou um gole da cerveja dela e não sei como bateu o olho no meu braço, tanto lugar e ela foi olhar justamente pro meu braço. - que foi isso aí?

Simone: Eu caí e me machuquei. - foi a melhor e mais fácil desculpa que achei, falei por impulso e acabei gaguejando.

Renata: Conheço bem marca de mão. Tá mentindo pra mim? - levantou mais um pouco a manga da minha blusa e passou o dedo onde tava roxo, fiz careta quando doeu. - Lúcio te bateu?

Simone: Não, tá maluca? Eu caí, sério.

Renata: Quero nem sonhar que ele triscou um dedo em tu. Por ti eu sou capaz de matar qualquer um, sem neurose mermo.

Simone - 25 anos

Eu, o Morro e ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora