Capítulo 18

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Jhenifer

Por volta das três e meia da manhã o som parou, pensei que já tinha terminado o baile, mas do nada Formigão saiu do beco com o radinho na mão. Coisa boa é que não pode ser!

Meus plano era curtir o baile, mas aí Caíque tava com muita dor de cabeça e por isso foi mais cedo pra casa, Priscila ficou me fazendo companhia até a hora que Formigão saiu arrastando ela, e eu num ia ficar sozinha, né?!

Nós tamo numa rua bem mais afastada de onde tá tendo baile, não tem movimento nenhum aqui então não dá pra ninguém ver nada. E sim, deixei meu namorado ir sozinho pra casa pra eu ficar de vela pros outro.

Jhenifer: Que tá pegando? - ele fez sinal com a mão pra eu esperar. Priscila saiu do beco arrumando o cabelo e ficou observando tudo aquilo.

Formigão: Qual foi, mermão? Tô entendendo não. Fala novamente.

--- Pega visão rapá, tá surdo? Patroinha sumiu, se ligou? Talibã mandou avisar que agora é toque de recolher, só os soldado pode ficar na rua. - gente, como assim Renata sumiu? Bem que eu vi mermo, tava tudo muito sossegado esses dias, só faltava essa pq aqui é assim, não pode ter paz por muito tempo que já tem que desconfiar.

Formigão: Já é, vou só deixar... - nem terminou de falar e começou mó gritaria no radinho e deu pra ouvir uns disparo. Gelei dos pés a cabeça pq já imaginava o que era. - qual foi, mermão? - perguntou nervoso já olhando pra gente e fazendo sinal chamando pra sair dali.

--- Upp. - só falou isso e não deu pra ouvir mais nada por causa dos tiro.

Formigão colocou o fuzil na frente do corpo e saiu correndo com a gente. Era perigoso demais ir pelos beco, então a gente foi pra boca mais perto.

Priscila: Que foi? Não quer abrir? - coitada da bichinha, já tava quase chorando.

Formigão: Tá trancada. - passou a mão no rosto, estressado já. - bora pra laje. Nós vamo ter que ir por lá.

A laje da boca tinha quase um metro e meio de distância de uma outra laje, e com certeza a gente ia ter que pular. Não é difícil, mas também não é fácil pq ela é alta pá caramba. De longe via o helicóptero por cima da favela, enquanto tiro rolava solto.

Quando tava correndo senti uma moleza imensa no corpo, meu ombro e minha perna ardeu, minha vista ficou escura e eu acabei caindo. Logo voltei a reagir e sentir mais dor ainda, tentando não gritar.

Ja tinha até esquecido que tiro dói tanto assim, papo reto. Eu me lembrava que era uma dor insuportável, mas não desse jeito.

Eu, o Morro e ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora