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- Chegamos. - Nacho diz.

Olho pela janela e vejo que estamos no estacionamento de um McDonald's. Sorrio contente apesar de não estar com uma roupa adequada. Nacho deu-me um vestido preto bem justo e decotado no peito e ainda todo decotado nas costas. Se eu compraria este vestido? Não. Tinha um parecido mas este era mesmo todo aberto nas costas e isso deixava-me um bocado envergonhada. Mas ele fica muito bem em mim. Nacho também deu-me um saltos para usar com o vestido e eu sentia-me um bocado desconfortável com eles pois não estou habituada.

Entramos no McDonald's e noto olhares em mim. Aquilo deixa-me desconfortável e com vergonha. Vamos fazer o nosso pedido nas máquinas e depois sentamo-nos numa mesa pois selecionamos a opção do empregado vir trazer à mesma.

Um grupo de miúdos está sentado na mesa ao nosso lado e não tiram os olhos de mim. Eles não devem ter mais de 16 anos. Noto que Nacho repara e quando olha para eles com cara de poucos amigos eles desviam o olhar, mas Nacho continua a olhar para eles e os mesmos acabam por sair dali.

- Nacho, meteste medo aos miúdos.

- Estavam a olhar para a minha mulher. - arregalo os olhos depois de o ouvir dizer que eu sou a mulher dele.

Sorrio para o mesmo e quando vou para falar o empregado chega com os nossos pedidos. Nacho pediu três hamburgueres e eu olho para ele surpreendida por ele ir comer três quando eu só consigo comer uma e seis nuggets.

Começamos a comer enquanto falamos de Amelia. Nacho conta-me que Amelia já teve um filho mas acabou por morrer com um ano e alguns meses por uma doença no seu coração. O marido de Amelia depois disso começou a perder-se e acabou por ir por caminhos que Amelia não gostou. Então os dois divorciaram-se. Eu fico surpreendida com aquilo, Amelia é uma mulher tão alegra, ninguém diria que já passou por tanto sofrimento. Nacho ainda diz que ela não conta a ninguém pois é um assunto que não gosta de tocar e eu entendo-a. Sempre que ela conta com certeza se lembra de tudo por isso mais vale não falar para não voltar a doer.

Nacho ainda fala-me do seu pai, que é um bom pai mas é muito exigente com ele e que às vezes ele sente que o pai quer que ele seja o que ele não é.

Ouço tudo com máxima atenção pois sinto-me feliz por ele estar a desabafar comigo e confiar em mim por contar-me coisas tão pessoais. Cada vez sinto-me mais à vontade com ele e isso deixa a minha vergonha começar a desaparecer aos poucos.

Acabamos de comer e voltamos para o carro. Nacho liga o mesmo e sai do estacionamento. Noto que vamos para o lado contrário da casa pelo que a noite ainda não tinha acabado aqui. Nacho mete sua mão em minha coxa e eu sorrio com aquele gesto.

- Onde vamos? - pergunto curiosa.

- Vamos à discoteca, quero dançar contigo. - olho para e ele e seu olhar está em mim mas logo volta a olhar para a estrada.

Está uma noite quente. Abro o vidro e deixo o vento bater em meu rosto, é uma ótima sensação sentir o vento fresco. Uma pena hoje ele não ter escolhido o descapotável mas também se tivéssemos vindo nele talvez eu ficasse toda despenteada como fiquei à tarde.
Olho para Nacho, ele ia concentrado a conduzir. Havia um pequeno sorriso em seu rosto. Posso dize que o sorriso dele é um dos mais belos que já vi em toda a minha vida. Acredito que quando amamos alguém automaticamente tudo nessa pessoa torna-se a coisa mais bela que já vimos.
Pego sua mão em minha coxa e entrelaço com a minha. Ele puxa nossas mãos até seu rosto e beija minha mão num gesto que eu acho super romântico.
Chegamos à discoteca e largo a mão dele para sair do carro. Nacho sai a correr do mesmo e chega à porta do meu lado e abre para mim. Sinto-me uma princesa como ele chama-me por aquele gesto.
Ele entrelaça nossas mãos e entramos na discoteca. Como sempre está cheia, muitas pessoas olham para nós quando entramos. Sinto-me num filme a passar por aquelas pessoas todas enquanto elas olham para nós. Mas ao mesmo tempo a minha vergonha aparece.
Um homem vem até nós, Nacho para de andar e o homem aproxima-se mais dele e diz qualquer coisa em seu ouvido que eu não ouço. Depois de falar vai embora.

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