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As portas se abrem. Está cheio como sempre. Muitas pessoas olham para nós enquanto o empregado nos encaminha à mesa.
Acredito que olham mais para o meu pai e sua querida namorada.

Quando me sento logo olho em volta. Estou feliz por estar ali. Tudo neste restaurante encanta-me.

É um restaurante elegante mas não é como os que costumo frequentar. Suas louças são todas em tons verdes e em todas as mesas tem jarras de flores. Suas paredes têm desenhos de malmequer.
Existe um pequeno palco onde alguém está sempre a tocar. Hoje um homem toca piano.

- Amo ver esse sorriso filha. - meu pai diz sorrindo para mim.

- Amo tanto este sítio.

- Eu não gostei muito. - Delfine reclama.

Era a primeira vez que ela aqui vinha, ela sempre passava as férias com sua família, mas este ano resolveu vir com a gente. Eu tinha quase a certeza que não era com a família que ela ficava no verão mas não ia dizer nada pois mais valia primeiro ter provas para meu pai acreditar em mim.

- Azar. - digo revirando os olhos.

O empregado nos entrega as ementas e eu nem olho para a mesma pois já sabia o que queria.

- Para mim é paella. - digo ao mesmo.

- Para mim também.

- Para mim uma salada de camarão. - Delfine diz e olha o empregado de alto a baixo.

Sinceramente não sei como meu pai não nota. O empregado sai da nossa mesa depois do meu pai ainda pedir o vinho para acompanhar.

Delfine e meu pai falam enquanto eu olho para as pessoas no restaurante. Estou de frente para a porta e quando olho para a mesma vejo um homem entrar, a cara dele não me era estranha. Ele está acompanhado por uma mulher bastante elegante e bonita, e a cara dela também não me é estranha. O empregado indica a mesa ao nosso lado e ele fica sentado ao lado do meu pai, claro que havia uma pequena distância a dividir a sua mesa da nossa. No entanto, ele está de frente para mim.

Nossos olhares cruzam-se e eu desvio logo o olhar. De repente recordo do homem daquela manhã, era ele ali sentado e tal como tinha pensado seu olhar era hipnotizante.

Tento olhar de novo para ele mas ele está a olhar para mim. Será que de manhã ele estava a olhar para mim?

- Claro que não Astrid. - falo o que estou a pensar sem querer.

- O quê? - meu pai pergunta.

- Nada, nada.

A nossa comida chega e começamos a comer enquanto meu pai fala. Mas sinceramente eu não tomo atenção a nada.

De repente recordo quem é a mulher com ele.

- Puta merda. - penso mais uma vez em voz alta.

- Olha a língua menina. - meu pai repreende-me.

- Desculpa.

Ela era a filha do mafioso, sim da família Matos. Não a reconheci logo porque ela tinha mudado o cabelo.
Aquele homem com certeza era o namorado dela.

Continuo a comer enquanto tento não olhar para a mesa deles. Está difícil não olhar para aquele homem.

Quando termino o empregado volta para anotar a sobremesa.

- Para mim gelado de mirtilo. - meu pai diz.

- Para mim pode ser torta de limão. - Delfine diz.

- Não quero nada, obrigada. - meu pai olha para mim surpreendido.

- Como assim? Tu sempre queres as sobremesas daqui.

- Hoje não me apetece, estou um pouco enjoada vou lá fora apanhar ar.

Saio dali quase a correr. Eu precisava de afastar-me de lá. Aquele homem está a mexer comigo por alguma razão.
E ainda hoje de manhã o vi pela primeira vez.

Encosto-me a parede do edifício ao lado do restaurante e olho para o céu.
Hoje está uma noite muito bonita que merecia ser apreciada. Já sabia o que ia fazer quando chegasse a casa.

Meu pai e Delfine logo aparecem e voltamos para casa.

Ao chegar a casa vou a correr para o quarto. Tiro a roupa e visto um biquíni. Saio do quarto e vou a correr para o mar.
Mergulho e fico ali a nadar.
De repente ouço um barulho e olho para a casa do lado direito que está sem ninguém a viver, na verdade está a venda. Vejo um homem a vir em direção ao mar, olho melhor e vejo que era o namorado da filha do mafioso.

Ele entra na água e nada para próximo de mim.

Fico ali estática sem saber o que fazer quando ele já está proximo demais. O sítio onde estávamos não tínhamos pé.

- Bela noite, não achas? - ele pergunta e olha para mim.

- Sim. - respondo.

Saio da sua beira sem dizer mais nada e nado até ter pé, depois saio da água.

Olho para trás e assusto-me quando o vejo parado atrás de mim. Nem tinha percebido que ele tinha saído da água.

Só havia um género de arbustos a dividir nossas casas. Onde era areia não tinha nada a dividir, só quando chegávamos à relva os arbustos começavam. Nós os dois estávamos na areia.

- A tua casa é aquela. - digo apontando e já sabendo que isso era óbvio para ele.

- Eu sei princesa.

Olho em seus olhos quando ele chama-me princesa. Nunca nenhum homem além do meu pai chamou-me assim.

Ele olha para mim de uma forma intensa e eu mesmo sentindo que estou a ficar envergonhada não consigo desviar o olhar.

- Hoje no restaurante estavas sensual demais princesa.

- Desculpa mas nós não nos conhecemos nem temos intimidade por isso não fales dessa forma para mim.

- Mas podíamos ter intimidade. - diz sorrindo.

Olho para ele sem acreditar. Era a primeira vez que alguém falava para mim com o intuito de seduzir-me. Acho que era isso que ele está a tentar fazer.

- Com licença e boa noite. - digo.

- Boa noite princesa.

Viro costas e quando vou para sair dali ele agarra meu braço. Olho para ele e ele vai descendo sua mão em meu braço até alcançar a minha mão e entrelaçar nossos dedos.

Mais uma vez eu estou sem saber como reagir.

- Já agora sou Marcelo Nacho Matos muito prazer princesa.

Ele larga minha mão e sai dali voltando para a sua casa.

Oh meu deus ele não era namorado da filha do mafioso ele era irmão dela.

Mais um capítulo espero que gostem.
Até ao próximo capítulo.

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