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LUNNA MELCHIOR

Aqui era lindo. Aquele jardim era lindo demais.

Mas, onde era esse lugar? Eu não reconhecia ele, nunca havia visto tamanha perfeição em minha frente e olha que já  conheci quase todos os países do mundo.

Porque tudo anda em silêncio? Sem pássaros cantados, sem vento causando o barulho nas folhas das árvores, mas elas estavam mexendo sem fazer nenhum barulho.

Tudo estava em um silêncio constante. E eu tinha medo.

E eu não gostava disso. O silêncio as vezes me assusta. A solidão me assusta e eu estava isolada naquele local.

Onde isso ficava? Porque tudo aqui transmite uma sensação de paz? Onde eu estou?

- Guilherme. - Chamei ao olhar em volta. - Amor, onde você está?

Não tinha ninguém comigo.

Eu estava sozinha naquele enorme jardim.

- Amor... isso não tem graça, apareça. - pedi desesperada.

Eu não gostava de ficar sozinha em lugares estranhos. E aquele lugar era estranho para mim, mesmo transmitindo uma paz absoluta, ele ainda era desconhecido.

Onde eu estou?

- Só estamos eu e você, querida. - uma voz foi ecoada atrás de mim, o quê fez meu corpo pular pra frente por causa do susto.

Eu reconhecia aquela voz, era a minha favorita da vida, mas eu não escutava ela a anos, então porque eu estava escutando nesse momento?

Como isso era possível???

Ah não ser que... não, isso é impossível de ter acontecido. Não pode ser verdade.

E então, me viro lentamente em direção a voz, e imediatamente meus olhos marejam ao vê-lo sentado no balanço e se balançando.

Seus olhos azuis feito agua do mar me encaravam atentamente, um sorriso imenso e único em seus lábios. Como eu sentia falta disso.

Como eu sentia falta dele.

- Vovô. - Falei com a voz manhosa.

- Olá, querida. - ele acenou com a mão assim que parou de se balançar. - Quanto tempo que não nos vemos.

- Eu senti a sua falta.

- Eu estou contigo todos os dias e guiando seus passos em todas as horas. - Vovô comentou e eu senti as lágrimas rolando em meu rosto.

Caminhei lentamente em direção a ele, era como se tudo aquilo me puxasse mais para dentro daquela luz, daquele lugar.

Aqui era tão calmo...

- o senhor nos deixou... - Comentei e ele sorriu. - E eu não estava preparada para te perder.

- A morte faz parte da vida, meu amor. - Vovô sussurrou e eu acenti com a cabeça. - Ela é a unica certeza da vida, então porque temer a ela?

- Ela causa dor nas pessoas. - Sussurrei.

- Você deveria encarar a dor como um copo de água, lembre-se que um dia ela acaba. - Ele falou e eu fiz careta.

- Mas, o copo sempre vai ser enchido. - respondi e vi Vovô soltando uma pequena risada.

Eu sentia falta dessa risada... eu sentia falta dele.

- Como sempre muito pessimista, não é mesmo? - Vovô indagou e eu dei de ombros. - Puxou isso a sua mãe, ela sempre foi do tipo copo meio vazio. - disse e eu sorrir divertida.

Olhei em volta e observei o vento balançando as folhas da árvore e então, um vento gelado entrou em contato com a minha pele, me fazendo sorrir.

- Como é aqui?

- Um bom lugar para quem busca um descanso digno para si. - Vovô disse e eu sorri.

- Então aqui é meu lugar. - Respondi e Vovô me olhou atentamente.

- Você não me parece triste em ter que partir. - Vovô me analisou e eu dei de ombros.

- E eu não estou triste. - Confessei.

Sendo sincera? Eu não sentia nenhuma tristeza com aquilo tudo. Eu estava em paz com isso, eu estava feliz em está novamente vendo o meu avô.

Não tinha motivos para tristeza.

- Porquê, querida? - Vovó perguntou.

- Acho que já vivi suficiente e uma vida maravilhosa, não tenho o quê reclamar de nada. - Disse e ele me olhou atentamente. - Eu amei a pessoa mais incrível desse mundo. Eu dancei e cantei. Tive o melhor chefe do mundo e o melhor emprego. - sorri ao me recordar das lembranças. - Eu fiz amizades com as melhores pessoas e eu fui feliz nesses vinte e quatro anos de vida, pra quê ficar triste?

- E seu grande sonho?

- Talvez não era pra eu ser mãe. - Disse e apertei minha mão na outra. - Creio que meu sonho nesse momento seja ficar ao seu lado, com o seu abraço de aconchego.

- Então vai desistir? - ele me perguntou. - Esse é o seu fim?

- Eu.. eu só quero o seu abraço, apenas. - Confessei e ele sorriu abertamente.

- Então você vem comigo? - Vovô chamou ao estender sua mão na minha frente. - Esta em suas mãos a decisão.

Eu nunca fui de desistir, mas naquele momento eu não queria nada além do quê sentir o abraço do meu avô.

E se pra isso for necessário desisti, eu digo com a maior tranquilidade do mundo.

Eu desisto de lutar para salvar a minha vida.

Vovô olhou em volta e observou o claro sendo formado, eu o olhei confusa e ele me olhou de volta com um sorriso pequeno.

- Está na hora, querida. - Vovô comentou e eu acenti com a cabeça. - Você vem?

Eu concordei com a cabeça e levantei minha mão para pegar a dele. Eu não sentia dor e nem tristeza.

Eu estava finalmente em paz.

Ih....

E sobre a Ana Luísa, quem me segue no Instagram já sabia que o terceiro livro será com o Mathuezinho em, então o que estão esperando para irem me seguir?👀

CANTADAS ― PEDRO GUILHERME Onde histórias criam vida. Descubra agora