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LUNNA MELCHIOR

Grávida...

Eu estava grávida e perdi. Grávida do fruto do amor entre eu e Pedro. Eu sonhava em ser mãe, sempre tive esse sonho, esse desejo. Eu me imaginava fazendo penteados na minha filha ou até mesmo comprando carrinhos para o menino.

Um casal... meu sonho era ser mãe de casal.

Mas ai, eu acabo de descobrir que perdi um filho. Tem coisa pior do quê você perder um filho sem ao menos saber da gestação?

Doía muito. Meu corpo tava dolorido. A região das cicatrizes estavam doendo, mas eu só queria chorar naquele momento.

Eu sentia que meu mundo havia acabado naquele momento, eu estava destruída. Eu só queria chorar para ver se a dor amenizava um pouco, mas ela não ia sumir.

Ela ficaria ali em meu corpo para dizer que eu gerei uma vida por um mês inteiro e por um deslize meu, eu o perdi.

Tudo era minha culpa. Por um erro meu, eu perdi o meu filho. Ele não tinha culpa de nada.

Eu me sentia a pior pessoa do mundo naquele momento.

- Foi tudo culpa minha. - disse com a voz embagada de choro. - Eu.. me desculpa, amor. - disse o encarando. - Eu sou uma pessoa horrível. Me perdoa, de verdade.

- Não, não, não, não repita isso, por favor. - Pedro pediu e apertou sua esposa no abraço. - Tá tudo bem, vamos passar por isso juntos.

- Era nosso filho, eu perdi o nosso filho. - digo entre o choro. - Eu fui inconsequente ao pegar o celular enquanto dirigia, coloquei minha vida em jogo e como consequência perdi o meu filho. - me desesperei e levantei minhas mãos para tocar em meus cabelos, começando a puxar os mesmo. - Eu estou sentindo uma dor absurda dentro de mim.

- Melchior para com isso, por favor e se acalma. - Pedro pediu firme e se afastou do abraço, logo tirou minhas mãos do meu cabelo.- Olha pra mim. - pediu. - Olha para mim, Melchior. - mandou autoritário.

Com minha visão turva por causa das lágrimas, eu o encarei tristemente e o observei suspirando.

- Nosso filho, Guilherme...

- Presta atenção no que vou te falar. - Pedro pediu e tocou no meu rosto. - Você não teve culpa de nada, meu amor. Você não sabia e eu tenho tamanha certeza que se você soubesse dessa gravidez, teria o maior cuidado do mundo e chego a dizer que andaria dentro de uma bolha de tanto cuidado que teria. - disse e forçou um sorriso. - Não se culpe por uma coisa que não estava em seu alcance, meu amor.

- Você não entende.

- é claro que eu te entendo, Melchior. - Pedro ressaltou e eu suspirei. - Mas, eu não posso deixar você se culpando por algo que não teve culpa. - disse me encarando. - Da mesma forma que você falou que eu não tive culpa desse acidente, eu não vou te deixar pegar essa culpa, não vou mesmo.

Neguei com a cabeça e virei meu rosto para o outro lado do quarto, ignorando o falatório do meu noivo. Tudo que eu não queria naquele momento era palavras de conforto, eu só queria chorar ao me imaginar que eu havia gerado uma vida dentro de mim e o perdi.

- Amor, por favor, não fica assim. - ele pediu e eu continuei encarando aquela parede branca na minha frente. - Vamos passar por isso juntos, eu estarei ao seu lado nessa fase difícil.

Como séria gerar uma vida? Eu ficaria ansiosa em cada semana completada? Como eu ficaria de barriga? Eu ficaria sentimental ou irritada? Ele se parecia comigo ou com o pai? Era perguntas que eu nunca saberia a resposta... por um erro meu.

- Deus tem um propósito para tudo, Melchior. Não podemos questionar o quê ele faz ou deixa de fazer. - Pedro comentou e eu continuei em silêncio. - Não se desespere com isso, meu amor. Ele vai nos abençoar novamente com a dádiva da vida.

- Pedro, eu quero ficar sozinha. - comentei sem o olhar. - Eu não quero saber o que Deus optou por fazer na minha vida, eu só quero ficar sozinha, será que eu posso?

- Não, você não pode ficar sozinha nesse momento e eu não vou ser irresponsável nesse momento em ir embora e deixar a minha noiva sofrendo sozinha nesse quarto de hospital. - Pedro disse e eu bufei.

- Porra, será que eu não posso sofrer sozinha um segundo? - Resmunguei e voltei com meu olhar para ele.- Eu só quero poder chorar sem ter olhares de penas sobre mim ou não posso?

- Amor...

- Pedro por favor, é uma dor que você não consegue compreender, respeita a minha decisão. - Pedi e observei ele suspirando derrotado.

Ele estava cedendo.

- Você promete que qualquer coisa vai me ligar sem pensar duas vezes? - Ele pediu e eu acenei com a cabeça. - Você promete? Quero ouvir da sua boca.

- Eu prometo, Guilherme. - Resmunguei irritada.

- Vou dormir com o celular ao meu lado a espera de qualquer ligação sua. - Ele avisou e eu forcei um sorriso tímido. - Vai ficar tudo bem, eu prometo.

- E se não ficar?

- Se não ficar por bem, eu faço ficar por mal. - Ele garantiu e tocou no meu nariz. - Eu farei você ficar bem, ficaremos juntos. garantiu. - eu te amo até o fim, ok?

- Eu te amo eternamente.

Pedro se aproximou de mim, segurou meu rosto com suas duas mãos e depositou um selinho rápido nos meus lábios, por fim se afastou, me olhou intensamente e andou em direção a porta.

Observei ele abrindo a porta, logo se virou para mim e me olhou atentamente antes de sair do quarto, me deixando sozinha.

E ali, sozinha naquele quarto de hospital, eu deixei o choro vim mais forte do que antes e tudo que eu queria naquele momento era encolher meu corpo e abraçá-lo, mas eu não podia... eu estava operada.

- porquê, meu Deus? Porque? - Me questionei entre o choro.

Eu só queria uma resposta para aquilo. Porque estava acontecendo comigo? Porque justo comigo? O que eu fiz de errado para colher isso? Meu Deus...

Deslizei minhas mãos até a minha barriga e acariciei a mesma lentamente, imaginando um bebê crescendo dentro aquele forninho. Imaginei os chutes que ele daria, certeza que séria uma das melhores fases da minha vida.

Então, percebi um corpo ao meu lado e me envolvendo em um abraço confortante, ali eu chorei muito mais ao sentir as mãos dela acariciando as minhas costas.

- Chora, pode chorar. - Tata disse enquanto acariciava minhas costas. - eu estou aqui com você, pode chorar.

- Porque isso está acontecendo comigo, Tata? - questionei entre o choro.

- Vai ficar tudo bem. - Tata sussurrou.

Mas e se não ficar? Como eu iria seguir em frente?

Mas e se não ficar? Como eu iria seguir em frente?

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Ai Melchior!🥲

CANTADAS ― PEDRO GUILHERME Onde histórias criam vida. Descubra agora