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NO DIA SEGUINTE.

- Lunna, a senhorita tem visita. - a enfermeira falou ao abrir a porta do quarto, recebeu o olhar da jornalista. - Tenho certeza que a senhorita vai amar e vai te fazer bem. - garantiu. - ela voltou a fechar a porta e então, Melchior voltou a desviar seu olhar para a parede branca do quarto.

O dia todo tinha sido assim. Ela não abria a boca para falar com ninguém, passou o dia em um silêncio constante, o quê era estranho já que Lunna Melchior não calava a boca um segundo.

Ela só queria pensar um pouco em tudo que aconteceu na sua vida durante essas vinte e quatro horas. E tinha que começar a entender que nada acontecia por acaso e que tudo tinha um propósito.

Lunna só precisava saber qual era o propósito disso tudo em sua vida.

- Oi querida. - Lunna escutou uma voz conhecida e voltou com seu olhar em direção a porta, fazendo-a abrir um sorriso diante o semblante triste.

- Mamãe. - Lunna falou com a voz arrastada.- Você veio.

- Eu nunca que ia te deixar desamparada, meu amor. - Samya garantiu e Lunna sorriu.

A mais velha caminhou até a cama de sua filha e a envolvou em um abraço e ali, Lunna deixou as lágrimas caírem mais uma vez. Tudo que ela queria era um abraço de refúgio.

Sua mãe era um dos seus refúgios mais importantes na sua vida.

- Tá tudo bem, meu amor. - Samya sussurrou enquanto deitava seu queixo em cima da cabeça de sua filha. - É natural se sentir culpada assim, você só não pode permitir que essa culpa seja mais forte que a sua dor.

- Tá doendo, mãe. Tá doendo muito. - Lunna confessou chorona.

- Eu sei, eu te entendo perfeitamente. - Samya disse e acariciou os cabelos de sua filha. - Mas também sei que você é uma das Melchior's mais forte da família e vai conseguir passar por isso.

- E se eu não conseguir, mãe? - Lunna questionou. - E se eu viver com essa dor para sempre?

- Você está sendo muito pessimista, Melchior. - Samya comentou e Lunna deu de ombros. - Me lembro que você era do copo cheio igual ao seu avô.

- Agora eu estou para copo meio vazio igual a senhora. - Lunna murmurou e Samya riu baixinho. - A dor não me deixa seguir em frente, mãe. - confessou. - Tá doendo tanto e eu não achei uma forma de seguir em frente ainda.

Samya suspirou e afastou sua filha para trás, logo sentando na ponta da cama e segurando na mão dela.

- Filha, essa dor que você sente nunca vai embora de você, infelizmente você vai carregar ela consigo todos os dias e se imaginar como séria caso ele estivesse aqui hoje. - Samya disse e Lunna suspirou frustada. - Mas você vai aprender a amenizar ela. Ninguém vive com a dor para sempre, sabemos como controlar ela, mesmo que no início seja um pouquinho complicado de entender isso.

- Tenho medo mãe, muito medo. - Lunna confessou angustiada. - Tenho medo de não conseguir ser forte e viver nessa dor para sempre.

- Meu amor, a força vive dentro de você, e você saberá o momento certo de se levantar e seguir em frente. - Samya disse e tocou no coração de sua filha. - Você é uma Melchior e a força sempre andará com você. - comentou e Lunna franziu a testa confusa.

E uma vaga lembrança passou por sua mente depois daquela fala de sua mãe, fazendo mais velha sorrir ao olhá-la.

- Seu avô que falava isso. - Samya comentou e Lunna acentiu com a cabeça.

- Obrigada por estar aqui, mãe. - Lunna agradeceu sincera.

- Era para a bonita estar no Piauí com seu noivo, mas você resolveu atender o celular enquanto dirigia. - Samya ressaltou e a jornalista fez careta.

CANTADAS ― PEDRO GUILHERME Onde histórias criam vida. Descubra agora