Tritão e Rhodes guiam Percy pelo castelo e o ex-semideus não consegue deixar de notar as pequenas diferenças entre o castelo em que estava e o do futuro.
Por exemplo: não havia sala de jogos. Uma pena, porque era incrível.
Enquanto eles andavam (nadavam?) pelos corredores, Rhodes explicava sobre as vestimentas adequadas para um banquete e para um príncipe do mar e Tritão o ensinava a etiqueta adequada para interagir com os súditos, generais e os outros deuses menores aquáticos que não faziam parte da família real.
Percy já sabia da maioria das coisas, é claro, mas como na vida passada ele tinha sido um semideus, a forma que ele tinha que tratar os outros e ser tratado mudou um pouco. Nada que ele não conseguisse lidar.
- Você lidou com Leia muito bem – comentou Rhodes em dado momento – Ela pode ser demais, às vezes, ("às vezes?" pergunta Tritão) mas você se acostuma.
- E Bethy é muito agitada – acrescenta Tritão – Nunca consegue ficar quieta, mas é divertido estra ao redor dela. Ela e Leia estão quase sempre juntas.
Percy sorriu. Elas não mudaram nada com os séculos, então.
- Eu estou tentando me manter calmo, no momento – confessou Percy – Posso ter pouco mais de uma hora de vida, mas sei que não gosto de ficar parado.
- É a natureza do mar – respondeu Tritão sorrindo – Somos todos agitados e inquietos, mas Bethy é mais do que o normal. Às vezes achamos que ela tem algo que os mortais chamam de Hiperatividade.
- O mar não gosta de ser contido. – cantarolou Rhodes, lançando um olhar divertido para o irmão caçula – Essa é uma das frases favoritas do nosso pai.
Mais uma coisa que não mudou.
- Você vai escutar essa frase muitas vezes ainda – afirma Tritão, parando em frente a uma porta – Esse é o seu quarto.
Ele gesticulou para Percy entrar.
O quarto era muito parecido como o que ele tinha no futuro.
Era espaçoso, com uma cama grande de casal no meio, um closet e uma escrivaninha. Mas agora também possuía um espaço parecido com uma sala, com sofás e uma mesinha de centro e era muito mais luxuoso.
Isso fazia sentido, já que agora ele não era um semideus que estava passando uma temporada lá, mas um deus. Um filho legitimo. E um verdadeiro príncipe do mar, não um semideus cujo pai insistia que fosse tratado como parte da família real.
Não que o quarto anterior não fosse luxuoso, mas esse excedia as expectativas.
- Nossa mãe mandou preparar esse quarto assim que Hermes trouxe a notícia – disse Tritão – deuses não costumam dormir, não como os mortais, mas a cama é um conforto.
- E, por falar nas notícias, ele disse que você e a garota de Atena são... conectados...? – diz Rhodes, claramente pedindo uma explicação.
- Eu... Não sei como explicar.... – diz Percy – Mas é como se eu não fosse completo sem ela. Nós... Conseguimos conversar mentalmente e, se ela quiser, eu posso ler seus pensamentos e vice-versa. Mas é mais do que isso. Eu consigo sentir o que ela está sentindo a todos os momentos. Ela está bem irritada com a mãe, por falar nisso. Ela é... Uma parte fundamental de mim mesmo, assim como eu sou uma parte fundamental dela.
Seu irmão e sua irmã o encaram por um momento.
- Atena costumava morar aqui – diz Tritão suavemente – Ela minha filha, Pallas, estavam sempre juntas e ela era como minha filha também. Mas então houve um acidente e Pallas morreu. Depois disso, o pai expulsou Atena do reino e o ressentimento entre os dois começou. Eu nunca falei com Atena de novo, mas não guardo rancor. Sei que nunca foi a intenção dela machucar Pallas, mas apenas olhar para ela seria doloroso demais.
Ele limpou a garganta e disse:
- Enfim... Embora o pai e Atena tenham começado a se odiar, ele nunca tentou impor seus sentimentos em nós. Essa garota, Annabeth, será bem-vinda aqui.
- O pai... – disse Percy hesitante.
- O pai não parecia ter nada incomodando-o quando vocês chegaram, então tenho certeza de que ele não terá problemas com Annabeth – garantiu Rhodes.
Percy sabia que no futuro, Poseidon realmente não se importava, mas ele não sabia se isso continuaria o mesmo aqui. Ele ficou feliz em saber que isso não havia mudado.
Percy sorriu para os dois.
- Ficou feliz com isso.
- Você disse que ela estava irritada com a mãe... Por quê? - perguntou Tritão, sempre a maria fifi.
- Vou perguntar... – respondeu Percy.
"Ei, sabidinha, tá tudo bem?"
"Minha mãe já estava me deixando louca. Ela parece não entender que eu e você nos completamos e que precisamos um do outro. Ela diz que vai tentar encontrar um jeito de interromper a conexão" a garota respondeu decididamente furiosa.
Percy franziu a testa e ficou um pouco furioso. Ele sentiu o mar se agitar ao redor dele e se esforçou para se acalmar ao notar os olhares cautelosos dos outros dois.
"Isso é impossível. Foi determinado pelo próprio Caos e pelas Parcas" ele disse.
"Eu sei, mas ela não sabe." Respondeu Annabeth exasperada.
"Minha família aqui não parece se incomodar com isso. Tritão disse que você é bem-vinda aqui."
A raiva dela diminuiu.
"Pallas?" Annabth perguntou.
"Pallas." Concordou ele "Mas ele não a culpa. Só... Acha que pensar na sua mãe é muito doloroso para ele"
"Eu sei" ela disse "Ele me contou, antes de cairmos na fonte. "ela respirou fundo "suponho que tenha algum motivo pelo qual você demorou para me perguntar se eu estou bem"
"Tritão e Rhodes estavam me dando um tour pelo palácio e perguntaram da conexão, eu expliquei o melhor que pude e disse que eu podia sentir que você estava irritada."
"E suponho que Tritão tenha ficado curioso e perguntado o porquê"
"Acertou na mosca"
Ela soltou uma risada antes de dizer:
"Tenho que ir. Ela quer me preparar para uma audiência com Zeus."
Percy podia sentir ela revirando os olhos e deu um meio sorriso.
"Até mais sabidinha"
"Até mais, Cabeça de Algas. Mande meus comprimentos para Tritão e Rhodes"
Quando ele voltou a focar no mundo ao seu redor, ele notou que Tritão e Rhodes olhava para ele de forma preocupada.
- Aparentemente a mãe dela não endente que nós precisamos um do outro e quer achar um jeito de interromper a conexão – grunhiu Percy.
- Não acho que isso seja possível, Perseu – disse Rhodes, tentando acalma-lo. Ele realmente não estava brincando quando disse que poderia fazer jus ao seu nome.
- Não é. – confirmou Percy – Esse conhecimento está entranhado em mim. Mas mesmo a ideia disso já é o suficiente para me tirar do sério.
Ele respira fundo se acalmando, pensando em memorias felizes de sua outra vida.
- Ela mandou seus cumprimentos para vocês dois – ele disse quando se acalmou o suficiente.
Os deuses mais velhos parecem surpresos com isso, mas Rhodes sorri e, como uma expert, muda de assunto:
- Temos pouco tempo para arrumá-lo para o baile e te ensinar etiqueta na mesa, melhor voltarmos ao trabalho.
E os dois começam a lecionar Percy sobre a ordem dos pratos e como se portar (talheres ainda não tinham sido inventados, aparentemente).
O jovem não se importou e se deixou guiar pelo irmão e pela irmã mais velhos.
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Uma ascensão no passado
FanfikcePercy e Annabeth são levados para o passado onde renascem como deuses, mas ainda com suas memórias. Os dois tentam se acostumar com seus novos dominios e habilidades ao mesmo tempo que vivem aventuras, que logo se tornariam mitos para os mortais, e...