Quando Quíron acordou na manhã seguinte, ele não ficou surpreso ao ver Percy e Annabeth sentados ao redor da fogueira, que agora estava apagada.
Os dois pareciam tão calmos e... humanos. Apenas dois adolescentes conversando (muito embora fosse visível que eles são um casal).
O casal não demorou para nota-lo e se levantou para recebe-lo.
- Bom dia, Mestre Quíron – disse Percy.
- Bom dia – Annabeth também disse, com sorriso.
- Bom dia – respondeu Quíron, ainda se perguntando como eles conseguiam agir tão humanos.
- Você está se perguntando como conseguimos agir como humanos, não está? – perguntou Percy tranquilamente.
Quíron o olhou, surpreso e disse, cautelosamente:
- O senhor estaria certo.
- Quíron, nós iremos te contar a verdade – disse Annabeth, hesitante – As Parcas disseram que poderíamos contar para você, mas para mais ninguém.
- Nem mesmo nossos pais ou meu irmão e minhas irmãs – fala Percy.
- Entendo – agora Quíron estava curioso – pois então contem-me o que devem.
- Nós somos... reencarnações – fala Percy – Acho que você pode chamar disso, e nós nos lembramos da nossa vida passada.
- Mas nossa vida era daqui a alguns milênios e, enquanto nos lembramos de tudo que passamos, as histórias dos monstros e heróis que ainda não aconteceram foram apagadas e os que já estão acontecendo, só nos lembramos do que nossa existência não influenciaria, já que na nossa linha do tempo, nós não existiríamos aqui. – Annabeth tenta explicar. - Em alguns pontos da nossa história interagimos com monstros que ainda não existem e deuses que ainda não nasceram com semideuses antes de ascenderem e não podemos lembrar seus nome, mas lhe contaremos tudo que passamos.
Quíron não podia acreditar no que estava ouvindo, mas sabia que era verdade.
- Na nossa vida passada, nós éramos semideuses – diz Percy – Eu era filho de Poseidon e minha mãe chamava Sally.
- E eu era uma filha de Atena e meu pai chamava Frederick. – fala Annabeth.
- Nas histórias de fundo que vocês contaram... – Quíron diz
- Grande parte das histórias aconteceram de verdade, mas alteramos para encaixar nessa época e justificar como já nos conhecíamos antes de vir para cá – Annabeth.
- Para começar, Paul não foi meu primeiro padrasto. – fala Percy, sombriamente.
- Mas devemos começar do começo – fala Annabeth – Devemos contextualizar como é a cultura nesse futuro e algumas coisas que aconteceram antes de nascermos.
E os dois começaram a explicar com os mortais pararam de cultuar aos deuses, sobre como as mulheres ganharam direitos iguais, muito embora ainda fosse uma luta para isso ser realmente aplicado em vários casos, contaram sobre os avanços tecnológicos, sobre as escolas, as faculdades, os problemas ambientais, o acampamento que cresceu e como eles aprenderam com Quíron, sobre como o mundo era difícil para os semideuses, por causa do TDH e da dislexia, e os mortais (inclusive os parentes mortais deles) não os compreendendo. Sobre como os monstros naquele tempo poderiam sentir o cheiro dos semideuses.
Sobre a punição de Dionisio e os sátiros levando os semideus para o acampamento e saindo em busca de Pan e nunca retornando (muito embora eles não conseguissem se lembrar exatamente porque eles estavam buscando Pan).
O centauro ouviu tudo atentamente. Ele não conseguia imaginar muito do que estava sendo descrito, então Percy criou uma grande ilusão para mostrar as cidades e as tecnologias que eles descreveram e o acampamento Meio-Sangue. E Quíron percebeu que ele queria ver aquele acampamento tomando forma.
E então eles contaram da profecia e do juramento que os três grandes haviam feito.
- Claramente, eles não cumpriram – bufou Percy – Só Hades.
- O que nos leva a nossa história – diz Annabeth – eu descobri sobre o mundo mitológico antes de Percy, então eu vou começar.
E ela contou sobre como o pai nunca quis um bebê, sobre ele se casando de novo e os eventos que a levaram a fugir de casa, com sete anos, usando pijamas e usando um martelo como arma.
Sobre como ela conheceu Luke e Thalia e eles se tornaram uma pequena família. Sobre Grover os encontrando e os guiando para o acampamento. Sobre o ciclope e sobre os cães infernais e as fúrias os seguindo e Thalia sendo transformada em pinheiro. A voz dela travou vários pontos.
- Depois disso, eu cresci no acampamento e você Quíron, você me criou. Era minha figura paterna – Annabeth disse – Eu tentei de novo com meu pai uma vez antes de conhecer Percy, mas não deu certo.
O coração de Quíron doeu com a história, ele fez alguns comentários durante a narrativa, mas ao final ele não conseguiu dizer nada. Afinal, o que ele poderia dizer para a jovem que o via como um pai, mas que ele não conhecia nessa vida?
Por sorte, Percy interveio e começou a contar sobre sua própria vida. Sobre sua mãe e sobre Gabe, sobre as escolas que ele passou, sobre Grover o achando quando ele tinha 12 anos e sobre Quíron se tornando professor na escola dele e sobre a Sra. Dodds.
- Você derrotou uma Fúria com doze anos e sem treino? – Quíron estava realmente espantado.
- Eu agi com instinto – Percy deu de ombros.
- Essa não foi a única coisa inexplicável que ele fez – Annabeth disse – Eu parei de tentar entender.
Percy continuou a narrativa, falando sobre as Parcas na barraca de fruta, sobre o Minotauro (que gerou mais uma nota de espanto), sobre sua experiência no acampamento (inclusive que a história sobre acertar a flecha no cavalo do padrasto tinha sido, na verdade, Quíron. O centauro não estava impressionado).
E então eles começaram a contar suas missões. Sobre a medusa, a Quimera, o parque aquático, o cassino, as camas d'água, o mundo inferior, a luta com Ares, Tyson, os lestrigões, Tântalo, o navio de Luke, a hidra, o barco de Clarisse, tudo que aconteceu no mar de monstros, a luta com Luke e os centauros ajudando, Thalia voltando a vida, o resgate que deu errado e Ananbeth sendo sequestrada, as caçadoras, o ofiotauro, a missão e tudo que levou Percy a se juntar a ela.
Sobre a história de uma das caçadoras com um herói que ainda não havia nascido e Percy e Annabeth carregando o céu, e depois sobre o labirinto e Chris, Quintos, o centimano, sobre o Rancho, Hefesto, o vulcão, Ogigia, Rachel, a arena, o escritório de dédalo, o caixão e Luke, Pan, a batalha no Punho de Zeus e então a guerra e as recompensas.
Percy garantiu que os semideuses continuassem dormindo durante toda a conversa e falou do que aconteceu com Gabe e sobre Paul. Quíron interrompeu e fez comentários em todas as partes certas, ainda parecia surreal para ele. Quando o centauro achou que tivesse acabado, Annabeth disse:
- Mas ainda tem mais.
A história da guerra contra gaia foi outra saga, eles não sabiam explicar aquele acampamento diferente ou a Loba, mas tentaram explicar tudo que aconteceu, a perda de memorias, a missão para salvar Tanatos, o navio e a viajem dos 7, tudo que aconteceu, o Tártaro sendo a parte mais difícil, e o que aconteceu depois. Dos dois indo para o castelo de Poseidon, para se recuperarem e caindo na fonte, a conversa com as Parcas e Caos e os dois acordando no final da competição.
- Você entende agora? – pergunta Percy, esperançoso.
- Nós agimos como humanos, porque não sabemos como sermos deuses – disse Annabeth – quando um semideus ascende, geralmente é um longo processo de adaptação. Nós não tivemos nada disso. Ascender não estava nos planos, então não fazemos ideia de como sermos deuses.
- Eu entendo agora – confirmou Quíron, seu coração doendo por aquelas crianças, eles passaram por tribulações que muitos deuses nunca sonhariam em viver quando eles ainda eram semideuses – e vou ajudar vocês a se encontrarem nessa nova vida.
Ele não sabia como feria isso, mas o sorriso que ele recebeu dos dois garantiu a ele que a tentativa valia a pena.
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Uma ascensão no passado
FanfictionPercy e Annabeth são levados para o passado onde renascem como deuses, mas ainda com suas memórias. Os dois tentam se acostumar com seus novos dominios e habilidades ao mesmo tempo que vivem aventuras, que logo se tornariam mitos para os mortais, e...