Salvando as crianças (Percy)

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Mais cedo naquele mesmo dia, enquanto Percy e Annabeth estavam ensinando Aristeu e Teseu alguns golpes de espada, pouco antes de Quíron chama-los para o jantar e Percy criar o prato, ele escutou preces desesperadas de seis pessoas diferentes, três homens e três mulheres, que logo percebeu serem três casais.

Todas as preces continham variações do mesmo pedido: Que suas crianças voltassem a salvo da floresta.

Então Percy enviou uma parte de sua consciência para verificar o quê, exatamente, havia acontecido.

Pelo que Percy entendeu da situação, dois meninos (de 8 e 7 anos) estavam brincando e decidiram se embrenhar na floresta e uma menininha de 6 decidiu segui-los. Nenhum dos três haviam retornado. As três crianças eram primas e os pais os criavam juntos, a menininha sempre querendo brincar com os dois mais velhos, mas sendo muitas vezes impedida por "não ser brincadeira de menina" ou "ela pode se machucar", mas algumas brincadeiras, como passear na beira da floresta era permitido.

Todas as crianças daquela vila gostavam de explorar a beira da mata, faziam isso a gerações, mas quando os três não retornaram as famílias perceberam que eles entram mais dentro da mata do que era seguro e haviam se perdido.

Decidiram então, além de mandarem grupos de busca, rezarem para o novo deus protetor das crianças, Perseu, em busca de ajuda.

E ele iria ajudar.

Não foi difícil para Percy achar as crianças, elas estavam cansadas e assustadas (porém ilesas), e fazendo suas próprias preces.

Decidindo a melhor forma de agir, Percy assumiu sua própria forma infantil, com uns dez anos de idade, mais do que o mais velho dos meninos, Nikolaos, mas ainda uma criança e, portanto uma forma menos intimidadora.

Ele saiu por detrás das árvores, na frente deles.

Nikolaos imediatamente se colocou na frente dos primos mais novos, Teodoro e Aretha, tremendo.

- Q-Quem é v-você? – O menino estava claramente com medo, mas perguntou mesmo assim.

Percy levantou as mãos em sinal de paz e diz:

- Não se preocupe, não vou lhes machucar. Seus pais estão preocupados e rezaram por minha ajuda. Acredito que vocês me conhecem como Perseu.

Os olhos das três crianças se arregalam e os três caem de joelhos

- Meu lorde – a voz de Nikolaos treme quando ele fala – Nos perdoe por não reconhecer o senhor e pela falta de cortesia.

- Por favor, nos perdoe – a voz Teodoro treme quando ele se pronuncia pela primeira vez.

- Por favor – repete Aretha, a vozinha fina e com medo.

- Não há nada para perdoar – Percy foi rápido em tranquiliza-los – Eu assumi esta forma e escondi minha aura de vocês na tentativa de não os assustar, mas parece que falhei nesta tentativa. Vim para leva-los em segurança para seus pais em segurança, mas vocês estão exaustos e famintos e a caminhada será longa, então que tal um lanche e um pouco de descanso antes de continuarmos a jornada?

As crianças apenas arregalaram os olhos ainda mais.

- Não precisam ficar com medo. – suspira Percy – Por favor, se sentem.

Os olhos deles quase saltaram das órbitas com um deus pedindo "por favor" a eles, mas obedeceram.

Percy (que se sentou com eles) imediatamente fez uma refeição para eles, muito semelhante á que a parte dele no Acampamento Meio-Sangue estava fazendo.

- Comam – ele fala – vai lhes dar energia depois.

Ele suspira quando as crianças olham desconfiadas para a comida desconhecida, mas com medo de ofenderem o deus, eles pegam um pouco de qualquer jeito.

- São apenas folhas de uva enrolas em forma de charuto, recheadas com cebola, salsa, hortelã, andro, arroz e carne, e carne grelhada em espetos servidos com pão pita – o jovem deus disse – Não vai lhes fazer nenhum mal. Se quiserem, posso ensinar como preparar, mas as receitas não têm nome ainda.

- Obrigada, senhor – diz a menina timidamente, tomando coragem e mordendo o pão pita com a carne grelhada, os olhinhos dela brilharam – Isso é muito bom, senhor.

- Fico feliz que tenha gostado, Aretha – Percy diz suavemente – Vou passar a receita para sua mãe enquanto ela estiver dormindo esta noite, assim você vai poder comer isso mais vezes.

A menina o olhou com surpresa, mas agradeceu mais uma vez.

Os meninos começaram a relaxar e a comer.

- Obrigado, meu lorde – disse Nikolaos, quando terminaram de comer.

- Muito obrigado – Teodoro repete, inclinando a cabeça.

Percy sorri para eles, e diz:

- Agora que vocês comeram e descansaram um pouco, devemos ir. Está ficando tarde e seus pais estão cada vez mais preocupados. Eles amam muito vocês.

Ele notou o rosto de Nikolaos se ascender de alegria com isso.

- Mesmo o meu pai? – o menino tomou coragem de perguntar, com a voz cheia de esperança.

- O seu pai te ama muito, Nikolaos, mesmo que não saiba como demonstrar. Ele está ansioso para você ter idade suficiente para ele poder lhe ensinar seu ofício e passar mais tempo com você.

O rosto do menino se abriu em um largo sorriso.

Percy os guiou pela mata, os ajudando a passar por trechos mais difíceis e, quando ele percebeu que Aretha não daria mais conta de andar, ele a pegou no colo.

Ele conversou com eles, como se fosse apenas outra criança e percebeu que, enquanto Nikolaos era o líder e protetor do grupo, Teodoro era um pensador, mais calmo e racional. Aretha era uma menina doce que gostava de ver sua mãe cozinhar, e queria aprender, mas também queria poder brincar "das brincadeiras de meninos".

Eles andaram por horas, mas,e pouco depois de parte da consciência de Percy falar com Annabeth sobre o que estava acontecendo, eles escutaram os grupos de busca.

Percy colocou Aretha no chão, uma vez seguro que ela daria conta de andar.

- Chegamos – ele diz, gesticulando para os três irem em frente se encontrar com os adultos – Tomem cuidado da próxima vez.

E os três se despediram, agradecendo a ajuda.

Depois, quando eles se viraram para ver se Percy ainda estava lá, o deus havia desaparecido.

Mas Percy estava apenas invisível, e viu a reunião das famílias, todos com olhos cheios de alegria e alívio, e ouviu as crianças contarem sobre como "Lorde Perseu" os havia guiado pela mata.

Mais tarde, ele recebeu oferendas de toda a vila.

Era uma pequena vila, quase desconhecida, mas os moradores de lá decidiram fazer de Percy seu deus patrono, por ter salvado as crianças.

Naquela mesma noite, Percy enviou por sonho a receita daquelas comidas diferentes para a mãe de Aretha.

Anos mais tarde, aquela vila se tornaria conhecida por sua comida e a economia de lá cresceria. 

Uma ascensão no passadoOnde histórias criam vida. Descubra agora