Capitulo 52

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Dulce hesitou, mas se sentou na cama e o abraçou. Christopher a agarrou firme (finalmente soltando seu pulso), como se tivesse medo que escapasse, e afundou o rosto em seu ombro. Ela teve a impressão de que ele chorava, mas não o interrompeu. Quando ela precisou de um ombro pra chorar, ele estava lá. Ela acariciou os cabelos dele, sentindo a nuca soada (e tendo dificuldade em respirar, esmagada no abraço dele), tentando acalmá-lo.

Dulce: Foi só um pesadelo. - Disse, e ele ergueu o rosto do ombro dela. O retrato de Rubi estava a sua frente. Ele franziu o cenho e virou o rosto. Não queria ver.

Christopher: Parecia real. - Murmurou, mas sentia o coração dela batendo, comprimido (esmagado) contra seu peito. Isso o acalmava.

Dulce: Quer dizer o que foi? - Perguntou, ainda acariciando-o.

Christopher: Não. - Ele fungou. O perfume dela o embriagou. - Já passou.

Dulce: Bom. - Ele sentiu ela soltando seu cabelo, afastando-o - Se você está bem, eu vou voltar a trabalhar.

Christopher: Não! - Disse, e a prendeu de novo - Não fuja mais de mim. Eu não agüento mais. - Disse, os olhos atormentados a encarando.

Dulce: Nós já falamos sobre isso. - Disse, tentando se desvencilhar dele. - Me solte.

Christopher: Olhe nos meus olhos e diga que não me ama mais. - Pediu, olhando o rosto dela. Dulce se deteve - Diga me encarando, diga que não me ama mais.


Dulce: Por favor. - Pediu, tentando se soltar.

Christopher: Só diga que não me ama mais. - Insistiu, encarando-a.

Dulce: Você nunca me amou, que diferença isso faz? - Perguntou, atordoada.

Christopher: Quem disse que eu nunca a amei? - Perguntou, imediatamente.


Dulce: Está mentindo. - Disse, os olhos sondando os dele.

Christopher: Não estou. - Ele apanhou uma das mãos dela, levando ao seu peito - Sinta, eu não estou. - Disse, os olhos desarmados frente a ela.

Dulce não soube o que dizer. Estava ai algo que ela não esperava. Ele poderia estar mentindo, só para ela perdoá-lo... Ou podia ser verdade. O coração dele batia descompassadamente sob sua mão, e os olhos pareciam sinceros. Ela não teve tempo para pensar, ele se aproximou mais dela. Lentamente, como quem pede permissão. Ela hesitou, e viu ele aproximando o rosto do seu. Como reprimir isso? Os olhos dois se mantiveram juntos até que os lábios se tocaram. Christopher selou-lhe os lábios primeiro, logo outra vez... Na terceira ele se demorou, abrindo os lábios dela, que estava imóvel. Ele a encarou uma ultima vez então tomou os lábios dela de modo saudoso. Dulce arfou, já no inferno, e deu passagem a língua dele. O beijo que se seguiu foi apaixonado, violento. Ele soltou as mãos dela, mas ela apanhou seu rosto, trazendo-o para si, matando aquela saudade que a consumia.

Saudade: Uma palavra, sete letras e um sentimento que machuca mais do que se pode suportar. Era isso que havia naquele quarto. Saudade. Christopher parecia alguém que tinha andado pelo deserto por muito tempo, procurando um oásis que não encontrava. Ele estava cansado, sedento. Dulce? A confusão. Sua cabeça girava, mas ela estava bloqueando os pensamentos agora. Não queria pensar, queria sentir. Ela não viu, mas suas costas se recostaram suavemente na cama dele, e ela estava deitada. A cama de Christopher era a cama mais macia em que Dulce já havia se deitado, parecia ser feita de nuvens... Que carregavam o perfume dele. O beijo dos dois seguia, contrariando a necessidade de ar. Ele passou pra cima dela sutilmente, sentindo o corpo frágil se adaptar ao seu de modo saudoso. As mãos de Dulce desceram pelas costas dele, sentindo os músculos molhados de suor (Christopher transpirara durante o pesadelo, e ele dormira sem camisa). Ele mordiscou a boca dela várias vezes, beijando-lhe o queixo em seguida, a maxilar, o pescoço... E bateram na porta.

Christopher: O que? – Perguntou, malcriado. Dulce riu de leve, e ele selou os lábios dela.

Criada: O café da manhã está servido, senhor. Senhor Pattinson mandou avisar-lhe que já está a sua espera. – Disse a voz do outro lado da porta.

Christopher: Robert. – Rosnou, olhando pro lado. Se praga pegasse, Robert a esta hora estaria em apuros – Diga-o para começar sem mim. Vou me atrasar.

Criada: Sim, senhor. – E os passos se afastaram.

Christopher avançou para Dulce novamente, e a próxima pessoa que o interrompesse teria a cabeça arrancada... Mas ela não o correspondeu.

Christopher: O que há? – Perguntou, a frustração mal disfarçada na voz.

Dulce: Minha resposta ainda é não. – Reprimiu, retirando as mãos dele.

Christopher: Não? – Perguntou, se amparando em um braço para encará-la.

Dulce: Eu preciso de tempo. – Disse, sincera. Queria voltar pros braços dele mas ainda se sentia andando em uma corda bamba.

Christopher: Tempo. – Repetiu, os olhos sondando os dela.

Dulce: Eu sinto sua falta, demais. – Disse, os dedos tocando a maxilar dele. – Mas eu preciso de tempo, pra me situar. Me dê tempo. – Pediu, encarando-o.

Christopher: Quanto tempo você precisar. – Disse, tirando o cabelo dela do rosto. – Eu vou continuar aqui. Só não me reprima mais, como a um inimigo. Eu só quero seu bem. – Dulce assentiu.

Então ela lhe deu um beijo, por mais incrível que possa parecer, na bochecha, e se esquivou debaixo dele. Christopher deixou ela sair. Observou ela se levantar, tirando os amassados do vestido e arrumando o cabelo. Ela apanhou as toalhas dele, que havia trocado, e saiu do quarto. Christopher se afundou no travesseiro de novo, com as mãos no rosto. Se ela precisa de tempo, vamos dar tempo a ela.

Apenas mais uma de amor vondy(Adaptada) | Tema: vondyOnde histórias criam vida. Descubra agora