Capitulo 18

48 3 0
                                    


Os dois chegaram até o rio em poucos minutos. Havia uma parte onde era bem rasinho, dava pra ver as pedras, mas no centro era fundo, e havia certa correnteza. O dia estava frio. Christopher os levou até uma parte seca, debaixo de uma arvore. Os dois sentaram ali e nem comeram, largando a cesta de lado, apenas conversando. Christopher fez perguntas sobre o passado dela e ela respondeu exclusivamente com a verdade, ocultando apenas o fato de onde passara o resto da vida. Depois foi a vez dele falar. A conversa fluía levemente, os dois riam, era normal.


Christopher: Na época da peste todos ficaram muito apreensivos. Eu devia ter 11 anos. Meus pais me trancaram em um quarto fechado, e ninguém me visitava. – Disse, franzindo o cenho – A inicio eu achei que tinha feito algo errado, mas era pra evitar que alguém me tocasse e passasse a doença. Um pouco radical, é verdade, - Disse, dando de ombros. Dulce riu, e ele não agüentou, rindo também – Mas depois ficou tudo certo.


Dulce: Eu não me lembro dessa época. Era pequena ainda. – Disse, pensativa. - Descobrira que era 4 anos mais nova que Christopher. – Mas me lembro de que minha mãe vendia doces, e bolos... E ela sempre me deixava ficar com as panelas, os tachos e as colheres. – Disse, e Christopher sorriu – Não deboche, era uma delicia. Pena que dava dor de barriga depois.

Christopher: Eu não tive essas experiências que as crianças normais tem. Tipo brincar na terra, ou lamber panelas. – Disse, sutilmente, e ela sorriu – Era tudo dentro dos conformes, eu nasci dentro desse castelo e cresci ai. Precisava servir de exemplo. Sempre foi uma porcaria. – Dulce riu, e ele assentiu – Não queres me dizer nem onde moras? Eu posso ajudar tua família. – O sorriso de Dulce morreu – Não, não fique triste. – Se antecipou, tocando o rosto dela – Eu só pensei que seria de ajuda com os funerais, e eles saberem onde tu estás, e que estás bem.


Dulce não disse nada, pensativa. Na verdade sabiam. Seu pai morrera porque, orgulhoso que sempre fora, passara na cara de Pablo que Dulce estava no castelo de Christopher, sob os domínios dele; Ou seja, no único lugar onde Pablo não poderia ir buscá-la. Christopher se antecipou, sentando mais perto dela, e apanhando seu rosto entre as mãos.

Christopher: Esqueça. Não vamos mais tocar neste assunto. – Propôs, os olhos verdes preocupados – Se te entristece já não me interessa.

Dulce o observou por um instante, erguendo a mão para levá-la até o rosto dele. Queria tanto poder desabafar! Mas sabia qual seria seu destino se ele soubesse a verdade. Doía saber que seria pelas próprias mãos dele. Então se calou. Ele se aproximou para beijá-la, mas ela se levantou. Ele a olhou, confuso, e viu ela puxando as amarras do vestido.

Christopher: Que está fazendo? – Perguntou, confuso.
Dulce: Vamos tomar banho. – Disse, sorrindo, puxando as cordas do espartilho, que foi afrouxando-o.

Christopher: O que? Está frio! – Protestou, apontando pro rio. Dulce riu, debochando dele, e uma vez que o vestido afrouxou ela o retirou, ficando de roupa debaixo.

Dulce: Tu és rei e estás com medo de água fria? – Brincou, se livrando do vestido.

Christopher: Reis sentem frio. Ficam resfriados também. – Disse, debochado. Ela riu, se afastando. – Não faça isso. – Insistiu.

Mas Dulce virou as costas, se afastando. Os cabelos dela se soltaram no ato. Christopher observou ela andando, desinibida com suas roupas debaixo (um short e um corpete, ambos brancos), os cabelos dançando as suas costas. Dulce parou quando seus pés entraram na água.

Christopher: Eu avisei. – Disse, vendo ela se abraçar, olhando o rio. – Ande, volte pra cá. – Chamou.

Mas ela não atendeu. Apenas o olhou, sorrindo, e caminhou mais um tanto, logo mergulhando de cabeça no rio. Christopher teve um breve flash daquele lugar. Levara Rubi ali, recém casados. Ela não quis se aproximar da água, pois tinha medo de que houvessem bichos, e os dois tiveram que vir embora. Dulce emergiu, tirando os cabelos molhados do rosto, e ele viu a pele dela um tom mais claro, pelo frio. Os cabelos formavam uma cachoeira escura em seus ombros, boiando em volta, na água. Ele sorriu, se levantando.

Christopher: Eu vou me arrepender por isso. – Murmurou, consigo mesmo, desabotoando o colete, enquanto empurrava os sapatos com os pés.

Dulce: Ande tu, venha. – Disse, oferecendo a mão. Ele negou com a cabeça, enquanto se livrava da camisa, o peito forte ficando exposto ao vento.

Logo ele, só de cueca, mergulhava no rio também. A água alfinetou cada pedaço da sua pele, e ele praguejou em pensamento, mergulhando pra tentar se aquecer estimulando os músculos. Então, debaixo d'água, viu as pernas dela, parada, esperando. Ele avançou e abraçou ela pelas pernas, erguendo-a. Dulce gritou pelo susto, mas riu quando ele emergiu, deixando-a no alto.

Dulce: Me ponha no chão. – Ordenou, e ele ergueu a sobrancelha – Está frio! – Protestou, pelo vento.

Christopher: Ah, está frio. – Disse, debochado, e ela fez bico. – Vem. – Ele soltou ela por um instante, fazendo-a descer, e a amparou antes que batesse no chão.

Dulce: Teu cabelo está gracioso. – Brincou, apanhando os cabelos molhados dele e espetando. Christopher fechou a cara com o deboche. Ela arregalou os olhos castanhos, e ele teve vontade de sorrir. Ela molhou a mão, passando no cabelo dele, deixando-o lambido – Pronto. -Ele continuou olhando-a – Ah, pelo amor de Deus! – Pediu, empurrando-o pelo ombro.

Dulce se soltou dele, mas a correnteza da água a fez tropicar pro lado, sendo 'levada'. Ele não agüentou a cara dela com isso e riu. Ela ergueu a sobrancelha.

Christopher: Cuidado. Venha cá. – Chamou, oferecendo a mão. Dulce, submersa até o colo, pegou a mão dele, que a puxou de volta, abraçando-a – Acontece algo interessante com roupa branca, uma vez molhada, te contaram?

Apenas mais uma de amor vondy(Adaptada) | Tema: vondyOnde histórias criam vida. Descubra agora