Capitulo 49

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Christopher bateu em retirada atrás de Dulce. A encontrou nos fundos da lavanderia, sentada no chão, com as pernas dobradas, os braços amparados no joelho, e segurando o rosto. Havia um papel em sua mão. E ela estava... Estava chorando?

Christopher: Dulce? – Perguntou, sua raiva apagada como uma vela ao vento. Ela estava feliz a minutos, porque agora chorava? Dulce se sobressaltou ao vê-lo ali, levando os olhos castanhos, momentaneamente desarmados, até ele.- Você se machucou? – Perguntou, preocupado. Dulce negou com a cabeça, se levantando e secando o rosto. Os olhos continuaram úmidos.

Dulce: Não foi nada. – Respondeu, rouca.

Christopher: Que papel é esse? – Pediu, confuso, estendendo a mão.

Epa.

Dulce: Não é nada, senhor. – Christopher revirou os olhos.

Christopher: Me deixe ver. – Pediu, avançando.

Dulce: Não! – Disse, recuando. Christopher realmente não estava entendendo – Christopher, por favor, não. – Pediu, com a carta as costas. Ele hesitou. Pelo menos ela o chamara pelo nome. Ele assentiu, recuando um passo, em sinal de paz.


Christopher: Me diga o que foi. – Pediu, sem atacá-la. Dulce dobrou a carta e guardou no decote. Ele observou levianamente o ato.

Dulce: Era uma carta... Da minha mãe. – Ela não mentiria pra ele ainda assim. – Eu... Eu pedi para ir embora, para voltar pra casa.

Christopher: Porque fez isso?! – Perguntou, exaltado. Dulce ergueu a sobrancelha, olhando-o – Aliás, porque achou que eu permitiria? – Algo sobre ter Dulce longe de seu domínio o esfaqueava.

Dulce: Não te preocupes, ela não me quer de volta em casa. – Christopher respirou fundo, virando o rosto por um momento pra se acalmar.

Christopher: Por isso choravas. – Disse, agora que o susto passara, penalizado. Não gostava de vê-la sofrendo.


Dulce: Eu disse que era bobagem. – Disse, olhando o chão – Eu... Eu preciso voltar a trabalhar. Bia está só. – Disse, caminhando.

Christopher: Espere. – Disse, puxando-a pelo braço.

Mas ele não a beijou, nem tentou nada do tipo. Apenas a abraçou. Um abraço que dava força, o mesmo abraço que ele deu a ela enquanto ela chorava pela morte do pai. Dulce ia repeli-lo, mas não agüentou. Chorou. Se abraçou a ele e chorou. Esse tipo de situação acontece na vida real: Você está magoada, machucada, mas o único lugar que parece servir de conforto são os braços de quem a fez mal.

Christopher: Shhh... – Disse, alisando os cabelos dela, enquanto o outro braço a mantinha firme em seu abraço – Vai passar. – Prometeu, meio que ninando-a. Sentiu o ombro de sua camisa se molhar com as lágrimas dela.

Dulce: Porque você fez isso? – Perguntou, a voz tremula pelo choro e pelos soluços que vinham. – Meu Deus, eu confiava em você!

Christopher: Me perdoe. – Pediu, os olhos fechados, o nariz no cabelo dela, aspirando o perfume que continuava o mesmo.

Dulce: Eu não consigo. Eu não confio mais em ti. Eu não posso. – Disse, aproveitando os segundos que restavam nos braços dele.

Christopher: Você sabe que eu não quero seu mal. Eu só me precipitei... Eu não soube como agir. – O vento frio que bateu nos dois anteriormente teria feito o cabelo dela dançar no ar. Agora, nada.

Dulce: Já basta. – Disse, e ele sentiu ela afastá-lo. O rosto dela estava molhado de novo – Queres meu bem? – Christopher esperou – Me deixa viver em paz, então. Esquece tudo. – Pediu, e antes que ele pudesse responder havia saído a passos rápidos, secando o rosto. Os braços dele sentiram falta do corpo dela, mas ele não a seguiu.

A cabeça de Christopher só conseguia manter uma pergunta. Não importava agora o passado, ou Pablo, ou a guerra. Apenas uma pergunta: Como reverteria aquilo?

Apenas mais uma de amor vondy(Adaptada) | Tema: vondyOnde histórias criam vida. Descubra agora