Família Charlotte, a Família Colossal, parte 1

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        Ao fim das aulas do último dia desta semana de altos e baixos, Pudding-chan combinou que um de seus irmãos iria me buscar em casa lá pelas 15 horas da tarde.
O que significa que terei uma hora para me aprontar e ficar ouvindo as besteiras que saem pela boca de Judge e meus irmãos. 

      É um saco ter uma família na qual você praticamente não se encaixa em nenhum aspecto, não temos nada em comum, nem nas vestimentas, gostos para alimentos, para músicas, a maneira de falar com outras pessoas, escolhas para o futuro, sentimentos, amor... Nada igual. Me pergunto se não fui adotado, mas minha mãe desde pequeno disse que eu era filho biológico dela, então para que duvidar de alguém que se importa mesmo comigo?

       Minha mãe era a única pessoa que me fazia rir em qualquer momento de angústia. Ela e minha irmã mais velha eram as únicas que me fizeram acreditar que um dia eu poderia ser livre e feliz. Mas que para alcançar esse propósito, deveria enfrentar todos os problemas que aparecem ao longo da vida, me fortalecer cada vez mais até finalmente realizá-lo.

       Porém há vezes em que tenho muita vontade de largar tudo e sair correndo para qualquer lugar que fosse, só seguir em frente, passando por tudo e todos, como se eu fosse invisível, um fantasma, onde pode ir para qualquer lugar sem ninguém vê-lo ou interrompê-lo. Mas se eu fizer isso, nunca irei alcançar meu tão almejado sonho. 

        Mas já que que não posso ser um fantasma, neste respectivo momento, estou sentado entre Yonji, ouvindo música alta em seus fones de ouvido e Niji que apenas olha pela janela. Reiju está dirigindo e Ichiji no banco do passageiro mexendo no celular. Por milagre todos estamos quietos, é estranho, mas também não vou reclamar, e sim aproveitar esse momento raro. 

- Sanji, quer ir com a gente comprar roupas e máscaras para o baile? – indaga Reiju quebrando o silêncio.

- Não, obrigado. Eu já combinei de ir amanhã com meus amigos. – explico.

- Ah, certo então. Me mostra depois como será a roupa – fala começando a estacionar o carro na garagem de nossa casa.

- Claro.

          Saímos do veículo em silêncio, mais ou menos, porque Ichiji começou a xingar o Yonji, que ainda está ouvindo música no volume máximo, o que irrita loucamente meu irmão de cabelos vermelhos que diz estar com dor de cabeça. 

- Vai se f****, Yonji! Baixa essa merda! – berra Ichiji.

- Não. 

- AGORA! 

- Para de atazanar, cara.

- Calem a boca, vocês dois! – exclama Niji.

- Não se intrometa, Niji! – falam os dois. 

          Entramos na casa e logo vejo Judge sentado no sofá com o seu celular em mãos, mas olhando para nós.

- Oh, finalmente chegaram. Então? Como foram as aulas? – pergunta como se importasse com isso.

- Beleza – responde Niji – acho que o senhor vai querer falar com o Sanji, né? Gente, vamos deixar os dois a sós – fala fazendo sinal para que os outros o seguissem.

- Não quero falar com essa falha – murmura o homem me olhando com uma cara de desgosto. Minha vontade é de perguntar se ele não me daria nenhum castigo idiota por ontem, mas melhor eu ficar calado. O legal é que todos, com exceção a minha irmã, estão chocados com a resposta de Judge e saem da sala mal humorados.

       Já que ele não iria me dar nenhum sermão, sigo para o segundo andar, onde ficam os quartos. Chegando em frente ao meu, pouco ao lado vejo todas minhas coisas jogadas no chão. Que merda aconteceu aqui? Percebo que a porta está fechada. Tento abrí-la, mas não abre de jeito algum, será que emperrou? Mexo para cima e para baixo, mas nada. 

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