Capítulo 1 - Era uma vez...

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- Sanji-kun!
- Nami-swaaaan! 
- Sanji-kun! Venha! 
- Estou indo, Nami-swaaaaaaan! – exclamo apaixonadamente  indo em direção a pessoa mais linda que já conheci em toda minha vida.
- Venha, Sanji-kun! – grita ela novamente com seus olhos  brilhando como estrelas mais brilhantes que o próprio Sol – Sanji! Sanji! Sanji! Sanjiiiiiiii!! 

- AHHHHHH! NAMI-SAN! Quê?! O quê? Que foi? – questiono  confuso com uma visão super embaçada e coração disparado a  mais de mil por hora.
- Sanji! Você não ouviu o despertador?! Tá na hora de irmos para  faculdade, irá se atrasar – grita Reiju me sacudindo de um lado  para o outro.
- Bosta! Não ouvi, estava em um sonho maravilhoso... – digo com  as bochechas quentes – Até que alguém me acordou... – reviro  os olhos.
- Para de viajar! Eu já arrumei a mesa pro café da manhã e dei uma limpada rápida nos móveis, agora você só tem que terminar  as outras tarefas antes que nosso pai comece a reclamar, ok? 
- Às vezes queria poder sonhar para sempre, sabe? – murmuro  me jogando novamente na cama com as mãos no rosto. 
- Seria bom, mas pensa assim, quando você tiver um emprego  estável e um lugar para morar você poderá sair daqui – Ri – então anime-se – diz saindo do quarto.
- Bah, valeu pelo apoio, hein.

      Assim que Reiju se retira, me levanto e vou me trocar às pressas, pois daqui meia hora todos devem estar em frente ao  carro de Judge para nos levar a faculdade. 
      Depois de pôr minha roupa, coloco meu perfume da última  moda em Paris, é super cheiroso e tenho certeza que a Nami - san e Robin-chan irão gostar! Cambaleio de um lado para o outro indo até a lavanderia para pôr as roupas sujas para lavar.
     Chegando lá, abro o enorme cesto de roupas sujas e jogo-as  na máquina, após, adiciono o sabão e ponho para funcionar esse  provecto aparelho que já está na hora de ir para o ferro velho faz  tempo. Sigo para a cozinha e começo a preparar o café da manhã e logo depois o almoço para  quando chegarmos em casa, já esteja pronto. 
      Minha vida é baseada em trabalho e desprezo, desde que  minha mãe faleceu, nunca mais sorri como antes. Estou com  saudades de seus doces sorrisos que me alegravam a toda hora,  mesmo nos piores momentos. Lembro de sempre fazer comida  para ela quando estava de cama, eu sabia que não era bom na  cozinha quando pequeno, mas só de fazer algo para agradá-la já  me sentia bem. Porém, felicidades se vão, e não pude mais fazer  comidas para ela. Agora só faço para pessoas que nunca me  amaram como minha mãe me amou e me cuidou com todo seu  afeto. Eu só alimento aqueles imbecis porque mesmo sendo uns  merdas, são humanos, e merecem uma comida de qualidade. 

- E aí, Sanji. Como tá meu irmãozão!? – pergunta Yonji, meu irmão mais novo, com a mão em meu ombro.
- Vai comer e para de encher o saco, tô ocupado – bufo ainda  mexendo nas panelas.
- Nossa, acordou de mau humor, é?
- Não, estou incrivelmente feliz, é o melhor dia da minha vida! – reviro os olhos respirando pesado.
- Depois dizem que homens não têm TPM – gargalha pegando  um pedaço de bolo de coco que tinha feito ontem à noite. 
- Você já terminou o trabalho que o professor pediu, Yonji? É pra  hoje, viu? – pergunta Niji, o terceiro irmão mais velho, bocejando.
- Putz! Não lembrei! – responde sem se importar com o que o  irmão falou – Digo para o professor que o Sanji molhou ou sei lá  – ri alto. 
- Cala a boca, imbecil! Eu é quem vou te molhar daqui a pouco,  seu cabelo de duende! 
- Quer brigar logo de manhã, sua falha irritante?! – questiona  Yonji batendo firme sob a mesa.
- Dá pra vocês pararem?! – grita Judge entrando na cozinha junto  com Ichiji e Reiju.

       Todos ficam de bicos calados, o que foi ótimo. Não suporto ouvir a voz desses merdas, não consigo considerá-los irmãos,  nem a pau. 

- Sanji, já terminou tudo? – pergunta Judge.
- Só falta pendurar as roupas no varal – afirmo terminando de lavar  a louça. 
- Ótimo. – diz de um modo, irritado? 

     Pego as roupas da lavadora e sigo para o pátio da casa  pendurá-las. Percebo que Niji também está aqui sentado em um banco.

- Niji?
- Quero te contar uma coisa - diz levantando-se.
- Se é para falar mais alguma baboseira, pode sair daqui - falo largando o cesto de roupas.
- Sabe aquele cara que anda às vezes com o bando do Law?
- Aquele com cabelo de musgo? O Zoro? O que tem ele?
- Não quero que você chegue perto dele. Sei muito bem que pego ele te olhando na lancheria da universidade e você fica observando-o de volta. Eu gosto muito dele, então não se intrometa - pronuncia seriamente e começa a se retirar.
- Oi? Tu gosta daquele pateta? Jura? Que mal gosto, hein! Nem eu me rebaixaria a esse nível! E olha aqui, eu converso com quem eu quiser, não importa se gosto ou não.
- Caso eu veja você encostando um dedo nele, está morto - comenta saindo por definitivo.

      Por que diabos ele veio falar isso comigo? Nem converso com aquele cara. Queria entender qual o meu problema, o que eu fiz para não me aceitarem como um bom irmão? Só porque não quis estudar direito e administração como todos eles? Só porque eu gosto de cozinhar? Pelo motivo de ser uma pessoa gentil e compreensiva que chega irritá-los? 
       Após terminar de pendurar as roupas no varal, todos seguem para o carro de Judge de  sete bancos. Abro a porta e entro delicadamente, porém, antes  que me sentasse definitivamente, Yonji diz:

- Sai daí, gayzinho. Hoje você vai de ônibus.
- Não sou gay! E pera, o quê? Por quê? – grito 
- Vamos dar carona para uns amigos nossos até a facul.– responde  tranquilo.
- Vão a merda esses seus amigos! Sou da família, tenho direitos  também! – me sento no banco.
- Saia, Sanji – fala Judge.
- Tá zoando comigo, né? – bufo saindo do carro e batendo forte a  porta.

     Passo por Reiju que me olha com um olhar triste,  parecendo dizer: “fique calmo, sem exaltações”. Não falo nada,  só ando a passos pesados até o ponto de ônibus e do nada  começo a sentir pingos gelados que arrepiava minha pele clara. Droga, começou a chover! Corro o mais rápido possível até a parada, mas chegando lá, meu corpo já estava todo encharcado. Que beleza, o dia já começou uma merda…

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