Eu Explodi (Contos_H)

Um Anjo

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Eu caminhei pelo beco escuro, atravessando todos aquele lugares sujos, enquanto via humanos se desfazendo da única coisa que os tornava menos insignificantes em qualquer plano. Meus saltos soavam contra o chão, ecoando para qualquer anjo ou demônio que estivesse próximo e eu vi a luz amarelada pouco mais a frente, ela iluminava aquele homem apoiado contra um moto, as vestes escuras como as minhas o camuflavam.

Eu: você é o anjo Aziel?-observei enquanto o mesmo tirava o capacete e parei pouco antes que a luz pudesse me mostrar.

Aziel: talvez.-sorriu arrogante, como qualquer anjo.-e você?

Eu: Vepar.-seus olhos não desviavam dos meus.

Aziel: aproxime-se.

Seis passos. Foram o suficiente para que eu chegasse até ele, sendo analisada pelo ser dos céus. Suas mãos pararam em minha cintura, me puxando contra si de forma íntima e adentraram meu sobretudo, sentindo as notas que eu tinha escondido no bolso secreto.

Aziel: por que saiu do inferno, Vepar?-nos encaravamos lendo os olhos um do outro.-e por qual motivo me convocou?

Eu: me disseram que você consegue esconder demônios, desde que paguem com dinheiro humano.

Aziel: o que mais te disseram?

Eu: que você é um anjo, ou seja, arrogante e presunçoso, igual a qualquer outro.-me afastei, tirando suas mãos do meu corpo e vi seu sorriso se formar novamente.

Aziel: vai precisar de mim por quanto tempo, diabinha?

Eu: preciso de um mês.-a risada maldosa demais para um ser angelical preencheu a rua, mas eu segui séria.

Aziel: o que têm aí só paga uma semana.-voltou a me puxar para si e tornou sua expressão mais contida, me observando com interesse, como se admirasse cada rasgo do meu rosto.-mas para você, eu posso fazer um tipo de desconto.

Eu: "desconto"?-ele concordou devagar.-seja direto.-uma de suas mãos parou em minha nuca e eu notei o brilho em seus olhos.

Aziel: eu sempre quis um demônio de estimação.-sorriu de lado.

Eu: vocês anjos são doentes.

Aziel: não seja tão extrema, estou pensando em algo como uma secretária.-riu baixo.-eu ando muito ocupado e talvez possa dividir as tarefas com você.

Era a primeira vez que eu ouvia um anjo depositando a confiança de algo em um demônio e levando em conta a minha situação, obviamente aceitei.

Foram assim que as primeiras duas semanas se passaram. Eu encontrava com todo o tipo de seres em seu nome, fazia o trabalho, cobrava e partia para o próximo, era uma lista interminável. Notei que todos nós tinhamos mais segredos na terra do quê o céu e o inferno poderiam imaginar.

Aziel: diabinha desatenta.-passou seu braço pela minha cintura e eu arregalei os olhos, tentando me afastar em vão.-o que preencheu tanto sua mente maligna que não pode sentir a presença do seu anjo favorito?-mordeu minha orelha e eu me virei para o mesmo, pressionando meu quadril contra a mesa.

Eu: você seria o último na minha lista de anjos favoritos.

Aziel: mas ainda estaria lá.-pegou o dinheiro em meu bolso.-muito bem, sabe o que está merecendo?-mordeu seu lábio inferior e eu deviei o olhar, me recusando a cair na provocação de um anjo, o ouvindo rir.-não perde por esperar!-sussurrou.

Eu: tenho um encontro hoje.-informei, recebendo seu olhar confuso.-com um humano...

Aziel: você não vai.-ditou sério.