Sarah

70 5 1
                                    

Estava com tanto ódio do Gabriel, era fato que o respeito que ele deveria ter por mim tinha acabado, achando que ainda podia manipular a situação revertendo ao seu favor.

Pobrezinho! Mal sabia que dormir no sofá seria o menor dos seus problemas, estava disposta a muito mais como, por exemplo, assim que o investigador que contratei na noite anterior me enviasse as provas da sua traição, procuraria uma firma de advocacia rival e conseguiria tirar até as calças do Gabriel.

Pelo nosso infeliz entrosamento durante a manhã, ele percebeu que estava com sérios problemas e tentou de todas as formas se aproximar, mas como queria pensar com clareza e sentir raiva não me ajudava muito, fiz questão de evita-lo, porém o imbecil deu um jeito de se encontrar comigo no almoço em que eu fecharia a contratação do meu novo agente.

Incrível! Além de todo mal que estava me causando o Gabriel queria atrapalhar a minha carreira.

Quase enfartei quando o encontrei a porta do restaurante, novamente não respeitando o que tinha dito para ele sobre querer espaço para pensar.

E no meio da nossa discussão, nada me preparou para o que veio depois.

Fomos sequestrados!

Literalmente jogados no fundo de um furgão fedorento sem saber o que aconteceria conosco daquele momento em diante.

- Meu Deus! – balbuciava perdida.

- Cale a boca! – gritou um dos homens.

Gabriel puxou-me para perto dele.

- Tenho dinheiro e cubro o que ofereceram a vocês – disse olhando para um dos caras, com toda certeza meu marido sabia do que se tratava.

- Com toda certeza não tem como cobrir o que estão nos pagando. Cutucou onça com vara curta, advogado.

Olhei do homem para o Gabriel, completamente confusa. Tentava entender o que acontecia. Mas nada era perceptível, além do fato do meu marido segurar meu dedo mindinho, apertando com gentileza. Aquele era um gesto só nosso que indicava problemas sérios.

- Seja lá o que pretendem fazer, a minha esposa não tem nada a ver com isso, por que não a deixam ir embora? – pediu.

Tenho que admitir que aquele gesto suavizou um pouco a mágoa que estava sentindo por ele nos últimos dias.

- Uma boa esposa sempre segue o marido – disse um dos caras e naquele segundo tive vontade de colocar minhas unhas no pescoço daquele idiota machista, até que continuou: - ela é a garantia que não tentará nenhuma gracinha.

Percebendo a indiferença deles, Gabriel virou um pouco a cabeça para me olhar e gesticulou um desculpe com os lábios. Era fato, estávamos muito encrencados e meu único pensamento naquele instante era para os nossos filhos.

Seguimos naquele furgão por um tempo que não conseguia medir, até que pelos sacolejos do carro, tive a certeza que tínhamos deixado o asfalto e pegávamos uma estrada de barro.

Um tempo depois o furgão parou e desta vez Gabriel segurou firme na minha mão, enquanto éramos tirados do veículo e conduzidos a um galpão.

- Ora...ora se não é o advogado que acha que pode salvar o inevitável – disse um homem sinistro com cara de poucos amigos.

- Não conheço você, mas pelo visto é o responsável, portanto, que tal negociarmos? Diga seu preço e entraremos em um acordo.

- Meu preço? – perguntou cínico.

- É – respondeu sem rodeios.

- Não sei se terá como pagar, mas o que posso lhe dizer é que depois de ouvir o que tenho para contar perceberá com quem se meteu de fato.

CASADOSOnde histórias criam vida. Descubra agora