Sarah

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Estava difícil me conter e controlar os nervos para enfrentar essa situação de sequestro e risco de morte.

De repente quando pensei que o meu único problema seria o divórcio, a vida me surpreende com o sequestro de toda a minha família. Meus filhos, meu marido que agora sabia ter sido envolvido em uma trama assustadora, não fazendo noção do quanto estava sendo comprometido.

Como fingiria ser alguém que não fazia ideia de quem era e como enfrentar um ambiente desconhecido sabendo que um passo em falso poderia nos levar a morte? Estava verdadeiramente me apavorando.

- Sarah, abra a porta, amor. Precisamos conversar – pediu Gabriel, batendo de leve na porta.

Respirei fundo e contendo como pude o nervosismo abri a porta.

- São apenas 48 horas, nós nem sentiremos e logo estaremos com as crianças – disse ele tentando me acalmar e puxando-me para um abraço.

- Estou morrendo de medo – confessei.

- Eu também, mas com você ao meu lado tenho coragem para enfrentar seja lá o que for. Principalmente que o nosso sucesso acarreta a segurança dos nossos filhos – disse.

- Seus motivos são os que me motivam também – confessei – Gabriel, estaremos entrando em um território estranho e muito perigoso.

- Eu sei, por isso o melhor a fazermos é nos prendermos aos nossos disfarces, criando uma nova realidade, como se estivéssemos em um dos seus livros – disse ele com um sorriso motivador.

- Como se fosse uma fantasia? – perguntei torcendo a boca.

- Sim. Vamos encarar dessa maneira e suavizar o peso – sugeriu.

- O problema é que não temos um autor para garantir um final feliz – disse.

- Temos sim, estou olhando para ela – disse e continuou: - Sarah, nós dois sairemos ilesos desse fim de semana. Confio na gente – disse e senti que dessa vez se referia ao nosso casamento.

- Mais uma coisa para pensar, pois nos últimos meses o "nós dois" foi tão prejudicado – disse pesarosa.

- Foquei em pontos que achei importante como o crescimento do escritório e o conforto da nossa família, mas agora percebo o quanto estava errado, porque o mais importante da minha vida é você e os nossos filhos – disse entrelaçando os seus dedos aos meus.

Sorri para ele, sabendo agora que nunca houve traição, e sim, a crença em objetivos que não estavam acima do dia a dia que toda família precisa para fazer com que o lar seja dominado pelo amor.

- Você me magoou. Mas não somos os últimos meses que vivemos, e sim, vinte anos juntos. Tenho fé que conseguiremos passar ilesos por esse fim de semana, porém o que nos garante que o mexicano cumprirá o que disse? – questionei e Gabriel me olhou pensativo.

- Bom argumento. O que posso dizer é que quando estivermos com as provas que ele tanto quer, pensarei sobre a nossa segurança.

- Ok. Mas um passo de cada vez e, no momento, temos que conhecer melhor as pessoas que representaremos e o nosso anfitrião – disse mais calma e disposta a pegar o touro pelos chifres como dizia a minha mãe.

Sentamos na cama e fomos ler com mais calma o relatório que nos foi entregue.

Creio que mais ou menos uma hora depois batiam na porta da cabine para avisar que em meia hora chegaríamos à ilha.

Olhei para Gabriel e respirei fundo tentando manter os nervos sob controle. Confesso que foi muito bom sentir os dedos dele entrelaçados aos meus, mostrando que estávamos juntos, mesmo aquele com certeza sendo um dos maiores desafios que enfrentávamos.

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