Gabriel

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Desde que deixamos a mansão, o medo me acompanhava. Afinal, sou um advogado, não um agente secreto treinado para o que o momento exigia.

A única coisa que me impulsionava a usar de toda a minha lógica era o fato que precisava tirar a Sarah em segurança daquela ilha, pois se conseguisse garantiria que a minha mulher ficaria livre e apostava que seria uma guerreira para salvar aos nossos filhos.

Lutar com os seguranças foi algo que nunca imaginei fazer, creio que a última briga que me envolvi na vida tinha sido na faculdade e desde então meu conhecimento na área era pelos filmes de ação e o pouco que acompanhava na academia, da qual estava afastado há alguns meses.

Porém uma coisa é certa quando alguém que amamos está correndo perigo, tirávamos coragem de onde fosse possível, confesso que foi o sentimento que estava me movendo até a nossa chegada à praia.

Precisava garantir principalmente a segurança da Sarah, por isso que quando finalmente avistei o bote com alguns homens dentro dele, respirei um pouco aliviado, porém quando a Sarah mostrou as luzes de lanterna ao longe vindo da floresta em nossa direção, novamente a sensação de tudo ou nada me dominou.

- Gabriel – disse Sarah nervosamente.

- Assim que o barco se aproximar mais da praia corremos em direção entrando na água para que possamos nos afastar o mais rápido possível – disse para a minha mulher, tentando achar uma calma que verdadeiramente não possuía no momento para lhe dar o apoio que esperava de mim.

- Estou com medo – disse Sarah.

- Também estou – disse entrelaçando os meus dedos aos dela. – Ao meu sinal nós corremos para o mar – disse a motivando para que pensasse apenas na nossa saída que estava diretamente ligada a aquele barco.

Creio que em alguns segundos os seguranças de Jason começaram a ser ouvidos e vistos por nós ao mesmo tempo em que o barco se aproximava, por isso em um calculo rápido, estiquei a Sarah pela mão e, juntos nós saímos de trás da pedra que estava nos servindo de escudo e corremos em direção à água.

Comecei a ouvir os tiros de ambos os lados, acelerei o passo o máximo que consegui, levando a minha mulher comigo. Enquanto dois dos nossos marinheiros atiravam em quem estava na praia, conseguimos chegar ao barco. Coloquei a Sarah para dentro com ajuda de outro marinheiro e em seguida os dois me ajudaram a subir no bote.

- Vamos – gritou o segurança do mexicano, aquele homem que tive pavor ao ver na primeira vez, porém agora levava no rosto a imagem da salvação.

O marinheiro que nos ajudou a subir assumiu o motor do bote e o virou no sentido de alto-mar, abracei a Sarah com o sentimento que uma etapa do que nos foi exigido tínhamos cumprido, agora era recuperar a nossa família. Sendo que quando voltasse para casa não abriria mão de acertar os meus ponteiros com a minha mulher e claro com os meus colegas de escritório, sabendo que esses últimos seriam um grande problema.

Em questão de minutos nos aproximamos do iate, nunca fiquei tão feliz a embarcação.

- Subam, vocês merecem um banho quente – disse o líder.

- Deu certo o que fizemos? – questionei quando entramos no iate.

- Sim, agora sugiro que vão para a cabine, pois temos que sair daqui o quanto antes – concluiu já dando as costas e se dirigindo para o deck, onde pude ouvir dar ordens aos homens.

Dei a mão a Sarah e seguimos pelo corredor que conhecemos no dia anterior, enquanto víamos os homens organizarem a nossa fuga, pois jet-skis dos homens de Jason já podiam ser vistos no mar, vindo em nossa direção.

- Ficaremos a salvo – disse a Sarah quando finalmente fechei a porta da cabine.

- Tenho fé que sim, dá para sentir que estamos ganhando velocidade para o alto-mar.

- Isso. E não terão como nos perseguir com os jet-skis.

- Vamos para casa e superar o medo que toda essa história nos causou.

- Sim – respondi com ela em meus braços, sentindo que não seria assim tão fácil, porém não diria isso para a minha mulher.

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