Sarah

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Naquele caminho pela mata, mesmo ao lado de Gabriel, confesso que normalmente estaria em pânico, porém depois do sexo que tivemos, da maneira que ele me possuiu, sentia-me anestesiada da melhor forma possível e enfrentava o desconhecido a nossa frente de uma maneira direta sem me esconder.

Em nossos tempos áureos pegávamos fogo, porém não chegava perto do que já tínhamos vivido desde que chegamos àquela ilha, por isso olhava para ele e pedia aos céus a chance de conversarmos descentemente longe de toda a loucura que era aquele fim de semana.

Enfim, realizar pequenos ou grandes fetiches como estávamos fazendo para mim não era problema. Como autora hot sempre mantive a cabeça muito aberta para o sexo e suas nuances e experimentar com o Gabriel em um lugar que ninguém fazia ideia de quem éramos aumentava em muito a minha libido.

- Tudo bem? – perguntou Gabriel diante do meu total silêncio.

- Sim – respondi.

- Vamos conseguir – continuou ele me incentivando.

- Eu tenho fé que sim. Eu te amo, Gabriel. Situações aconteceram que me magoaram bastante, porém esse fim de semana maluco serviu para ver que juntos podemos ser capazes de superar qualquer problema – disse parando para olha-lo e ele me acompanhou.

Esperei que ele respondesse quando de repente me puxou para nos escondermos atrás de uma moita. E assim, vimos dois homens armados passarem com destino ao prédio.

- Seguranças? – cochichei para Gabriel.

- Creio que sim – respondeu.

- Estão armados – falei nervosa.

- Imaginava que seria assim – disse enquanto via os homens se afastarem.

- Seremos mortos – disse em um tom de voz um pouco mais alto, fazendo com que Gabriel fizesse sinal para que falasse mais baixo.

- Pensaremos em algo. Vamos um passo de cada vez e no momento temos que chegar o mais próximo possível para avaliarmos como entrar no prédio.

- Você ainda quer fazer isso? – perguntei em desespero.

- Você tem outra ideia? Porque se não fizermos seremos mortos e os nossos filhos também.

- Por que matariam as crianças? – perguntei nervosamente.

- Porque seriam dispensáveis e garanto que não correriam o risco de uma denúncia por sequestro.

- Meu Deus – disse roendo as unhas como era meu costume quando um problema tomava proporções que não via solução.

- Sarah, precisamos de calma. Se entrarmos em pânico nada de bom pode acontecer. Os nossos filhos dependem de nós dois. Eu dependo de você – disse puxando-me para os seus braços.

Respirei fundo e encostei a cabeça no peito de Gabriel, pensando em como fomos parar naquele lugar e as chances que tínhamos de sairmos vivos e protegermos os nossos filhos.

- Pense que estamos em um livro de espionagem e que somos os heróis tramando uma maneira de acabar com o vilão – disse Gabriel sussurrando perto dos meus cabelos.

Afastei a cabeça do seu peito o suficiente para olhá-lo e respondi:

- Gabriel, é o mundo real e não uma fantasia – disse tristonha.

- Pois se quisermos sair dessa com vida temos que embarcar na fantasia. Não pensei ter que convencer uma escritora que o imaginário é a melhor ferramenta para enfrentar a realidade no momento – disse docemente.

- Está bem, vou embarcar no seu plano de heróis espiões – disse depois de alguns minutos de reflexão onde percebi que não era o momento de ficar chorando e que a minha família precisava de mim. – O que faremos? – perguntei.

- Vamos seguir pela mata e chegarmos o mais próximo possível do prédio. Depois mapear como chegaremos até ele.

- Certo. Teremos que fazer isso à noite e aqui não tem a menor iluminação.

- Contaremos com a lua – disse com um sorriso romântico e me puxou para seguirmos por onde os seguranças haviam passado.

Devagarinho e realmente como espiões de um livro de suspense chegamos bem perto do prédio.

Notamos que existia apenas uma porta e como o prédio era em formato quadrado, dois seguranças ficavam em cada lado.

Gabriel puxou o celular no bolso da bermuda e fotografou tudo que podia do lugar escondido em que estávamos para observar.

- Estão trocando a guarda – comentei quando vimos seguranças de dentro do prédio saírem para assumir o lugar de outro.

- Temos que esperar a próxima troca e computar o tempo – disse Gabriel.

Estava com medo de estarmos expostos ali naquele lugar, porém tinha que me controlar, pois era fato que o Gabriel estava certo sobre analisarmos toda a rotina do lugar.

E depois de uma hora houve uma nova troca, com essa informação resolvemos começar a fazer a trilha de volta e no caminho mantivemos o cuidado para não sermos vistos e para não chamarmos a atenção de ninguém.

Em pontos estratégicos Gabriel tirou novas fotos para analisarmos quando chegássemos ao quarto com o sentido de que elas pudessem nos orientar quando estivéssemos na trilha naquela madrugada.

- Precisamos voltar à gruta? – perguntei confusa, nunca fui muito boa em me localizar nos lugares.

- Não há necessidade. A gruta fica seguindo a direita e se fomos em frente chegaremos à mansão – disse Gabriel, sabendo que localização nunca foi o meu forte.

- Ok.

- Precisamos descansar que ao que tudo indica a noite será longa – disse Gabriel.

Chegamos bem à mansão sem sermos notados por nenhum funcionário quer dizer nenhum nos pegou em lugares que não poderíamos estar e assim tranquilamente seguimos para o nosso quarto.

- Que tal um banho e cama? – perguntou Gabriel quando trancou a porta do quarto.

- Ótima ideia. A festa começa as vinte e duas – disse.

- Colocarei alarme para dar tempo de nos arrumarmos e vermos as fotos com calma para decidirmos o que vamos fazer.

- Certo – respondi simplesmente.

Sabia que não havia mais nada que pudesse fazer a não ser embarcar de uma vez no plano do Gabriel e torcer para que ele desse certo e nos tirasse daquela ilha em segurança para recuperarmos os nossos filhos e arrumarmos todos os pontos soltos da nossa família.

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