Sarah

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Assim que fomos atingidos, senti quando o mundo apagou por mais que quisesse me manter desperta pelo Gabriel e os meus filhos, o corpo não aguentou o impacto. Felizmente foi por pouco tempo e quando senti a mão do meu marido me esticando para fora do veículo tive que me mexer rápido.

Quando saí do carro, vi as crianças que estavam encolhidas em um canto, enquanto os homens de Juan trocavam tiros com pessoas que não fazia ideia de quem era, provavelmente a mando de Jason e dos demais sócios.

- Meu Deus! – disse desesperada, segurando a mão da Joyce.

- Vamos – disse Gabriel nos esticando para a entrada do metrô.

Não pensei muito, apenas o segui junto com as crianças.

- Pai, para onde vamos? – gritou Joyce em desespero.

- Para qualquer lugar que não seja aqui – disse enquanto pulávamos a catraca, aproveitando que as pessoas estavam em polvorosa com o tiroteio que estava sendo ouvido.

- Mãe, eu estou com medo – disse Ricardo me abraçando enquanto nós quatro paramos na plataforma na espera do primeiro trem.

- Calma, querido. Vamos ficar bem – disse olhando para Gabriel que não parava de se mexer, olhando para o túnel que chegavam os trens e a escada rolante que dava acesso aos passageiros.

- Vamos – disse Gabriel assim que o trem se aproximou.

Ele colocou a mim e as crianças na sua frente, entrando em seguida, ao mesmo tempo em que vimos um homem suspeito descendo as escadas. Claro que olhei para o meu marido em desespero e vi em seus olhos a torcida pelo fechamento das portas. Porém, antes que se fechassem, o homem conseguiu entrar, mas por sorte em outro vagão.

- Acha que pode ser problema? – perguntei.

- Não sei, vamos ficar de olho nele. E permaneceremos juntos, qual estação é a mais movimentada daqui para frente? – perguntou.

- Joyce, você pega metrô mais que a gente – disse para a minha filha que estava visivelmente apavorada.

- A quinta estação é a mais movimentada, porém estaremos bem longe de casa – disse.

- Não tem problema, pegamos um Uber e seguimos para casa.

- Gabriel, ele está se movendo e vindo em direção ao nosso vagão - disse em um misto de desespero.

- Calma, não fará nada com essas pessoas aqui – disse.

A cada parada de estação o homem se encaminhava para onde estávamos, tinha a certeza que aquele seria um grande problema e não via uma maneira de escaparmos. Aqueles homens eram os capangas de Jason com toda certeza o treinamento deles era bem superior aos seguranças da ilha, que tinham apenas a função de manter os hospedes na linha.

- Ao meu sinal vocês saíram em disparada para a escada rolante – disse Gabriel.

- Não vamos lhe deixar para trás – disse séria enquanto as crianças nos olhavam confusas.

- Sarah, dê a mão as crianças e corra, chegando em casa pegue o dinheiro que temos e os cartões, saque tudo e pegue o carro, seguindo para o mais distante possível até que possa mudar de país.

- Gabriel, não vou lhe deixar – repeti.

Enquanto discutíamos os nossos filhos nos olhavam entre com medo e confusos. O fato é que não deixaria o meu marido para trás.

- Pai, o homem ainda continua a se aproximar – disse Ricardo.

- Por isso que cuidarei para que ele fique no trem comigo enquanto vocês e sua mãe correram para a saída da estação – disse explicando para os nossos filhos.

- Concordo com a mamãe e não vamos lhe deixar para trás – disse Joyce.

Quando em um gesto muito rápido calculei a aproximação do homem mais a nossa chegada a estação e a proximidade da porta e tive uma ideia.

- Confie em mim e saia com as crianças – disse a Gabriel com o nosso perseguidor praticamente grudado as minhas costas.

- Sarah – disse Gabriel com a preocupação estampada no rosto.

- Faça o que eu disse – falei.

Fiquei um pouco para trás deixando que mais pessoas se aproximassem e assim que Gabriel deixou o trem com as crianças. Eu virei para trás e gritei em alto e bom:

- Tarado! – empurrando o homem em seguida. As pessoas se meteram e na confusão corri no último segundo para fora do vagão.

Gabriel e os meus filhos me olharam aliviados e assim que cheguei perto deles corremos rapidamente pela escada rolante, sabíamos que tínhamos de sair o quanto antes daquela estação.

- Nunca mais faça uma loucura dessa de novo. Não posso perder você – disse Gabriel enquanto fazíamos sinal para um motorista de taxi.

- Eu te amo – disse simplesmente e entramos no carro.

- Vamos para casa? – perguntou Ricardo.

- E se estiverem na nossa casa – disse Joyce.

- Vamos para outro lugar, enquanto eu e sua mãe pensamos em uma maneira segura de irmos para casa – disse Gabriel.

Olhei para ele e assim amontoados no banco traseiro daquele carro pedia ao Universo que não nos abandonasse, pois pelo visto os bandidos ainda estavam soltos.

CASADOSOnde histórias criam vida. Descubra agora