Sarah

28 4 1
                                    

Alguns minutos depois que comecei a dirigir, percebi que Gabriel tinha dormido. Sabia que ele estava exausto, tentando deixar as suas necessidades por último com o intuito de nos proteger, pois estava se sentindo extremamente culpado pelo que estávamos passando.

Porém, não concordava com ele e diante de tudo que vimos e pelo que Afonso nos contou, meu marido era uma vitima dos amigos e do cliente nefasto que os seus sócios trouxeram para a firma.

Felizmente as crianças dormiam, sabia que Joyce tinha muitas perguntas e que Ricardo estava com muito medo, porém acredito que ao verem que eu e Gabriel estávamos de fato unidos dava a eles a segurança que tanto precisavam para não surtarem como seria o esperado.

Dirigi por mais cinco horas podendo ver o momento exato que o sol começou a surgir no horizonte, uma visão magnifica pela beleza da natureza como também pelo significado de que sabíamos que a cada nascer do sol, o mundo girava e muitas possibilidades surgiam nos favorecendo para derrotar o inimigo.

Sabíamos que a cidade em que nos dirigíamos tinha o crescimento possibilitado apenas pela existência do aeroporto e o mesmo, não constava com muitas linhas áreas, portanto teríamos que ser bem práticos e objetivos na escolha do nosso destino.

- Mãe, estamos perto do aeroporto? – perguntou Joyce, acordando antes que os demais.

- Pelas placas estamos próximos.

- Quanto mais distância colocarmos dessa gente, melhor. Não é? – perguntou preocupada.

- É o meu pensamento e do seu pai – respondi.

- Onde estamos?- perguntou Ricardo, despertando também.

- Próximo ao aeroporto, querido – respondi calmamente.

- O papai ainda está dormindo? – perguntou Joyce.

- Sim, filha. Vamos fazer silêncio, seu pai dirigiu boa parte da madrugada – disse.

- Coitado – disse e continuou: - Está bem – concordou e voltou a sua posição no banco traseiro, abraçando o Ricardo no processo. Vi a cena os observando do retrovisor o que me encheu de orgulho, sabia que se estivéssemos unidos, tudo seria bem mais fácil.

Dez minutos depois entrava na estrada que levava até o aeroporto.

Assim que estacionei, chamei Gabriel.

- Amor, nós chegamos ao aeroporto – disse enquanto acariciava o seu rosto.

Ele abriu os olhos e creio que demorou alguns segundos até que entendesse do que se tratava, era óbvio o quanto Gabriel estava cansado. Desde que fomos sequestrados não tínhamos tido um minuto de paz.

- Perfeito, vamos pegar nossas coisas e abandonar o carro. Dentro do aeroporto analisamos o melhor trajeto para seguir – disse e em seguida me deu um beijo rápido e sorriu para as crianças.

Entramos juntos no aeroporto, com apenas duas empresas aéreas ficou fácil decidirmos o nosso destino.

Gabriel comprou quatro passagens, pagando em dinheiro, tudo para evitar que fossemos rastreados.

- Fico com medo de todo esse gasto, pois não sabemos quando poderemos voltar para casa e retornar com as nossas vidas.

- Esse dinheiro foi de um saque que fiz no cartão antes de pegarmos a estrada, por enquanto estamos bem, porém você está certa quando estivermos devidamente acomodados e protegidos faremos uma avaliação das nossas economias.

- Certo.

Entramos no avião e realmente só respirei aliviada quando a porta se fechou. Porém, quando olhei para o rapaz sentado ao meu lado, mais precisamente o celular dele onde lia uma matéria sobre o brutal assassinato de um empresário mexicano chamado Afonso Gomez, minhas pernas voltaram a tremer. Cutuquei Gabriel e sinalizei a matéria.

- Porra! – disse e pediu ao rapaz para ler a matéria no celular dele. O cara nos olhou um pouco confuso, porém nos deu o celular.

Resumidamente, o texto dizia que o helicóptero de Afonso tinha explodido assim que pousou no prédio da Polícia Federal, as investigações estavam sendo feitas e tudo indicava que o crime era derivado de uma teoria da conspiração que ele estava indo tratar com os oficiais no prédio.

- Meu Deus! Gabriel, o que faremos?

- Calma, manteremos o nosso plano e assim que estivermos em segurança vou analisar o caso e ver o melhor caminho para seguirmos – disse passando a mão pelos meus ombros me puxando para os seus braços.

Não havia muito mais a ser feito tínhamos que esperar aterrissar e buscarmos a nossa segurança para traçar os nossos planos.

CASADOSOnde histórias criam vida. Descubra agora