Sarah

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Por mais que nós estivéssemos dentro daquela cabine a caminho de casa e principalmente comigo nos braços de Gabriel, minhas pernas ainda tremiam desesperadamente.

Cada cena que passamos desde que cheguei àquela ilha ficava desfilando pela minha cabeça, o sexo não foi o problema por mais que tivesse consciência do quanto rompi limites com o Gabriel, mas o que me apavorava era os perseguidores em nosso encalço e o risco que sofremos em sermos mortos.

Com toda certeza minha psicóloga terá muito que trabalhar, pois o estresse pós-traumático seria difícil de ser superado.

Ainda estávamos sentados na cama tentando reduzir o alto estresse que nos dominava quando ouvimos três batidas na porta do quarto.

- Entre – disse Gabriel.

Em seguida vimos Juan abrindo a porta.

- Vim acalmá-los sobre a perseguição. Os homens de Jason desistiram.

- Já estamos seguros? – questionou Gabriel olhando de mim para Juan.

- Sim - respondeu.

- Quanto ao pen-drive, deu certo o que queriam? – questionei, pois precisava ter a certeza que Jason tinha sido destruído.

- Sim. No momento que fizeram a conexão invadimos o sistema deles e através do pen-drive tivemos acesso aos dados que precisávamos para fazer justiça – disse sério e percebi que Juan não estava falando apenas como um funcionário fiel para Afonso, e sim, parecia alguém que enfim estava conseguindo justiça.

- Parece que o seu ódio a Jason é muito maior que a sua fidelidade ao Afonso – comentei.

- Sim, aquele homem é um monstro. Graças às experiências dele perdi toda minha família – contou, e em seguida voltou à impessoalidade: - Assim que atracarmos encontrarão os filhos de vocês e poderão ir embora. Aconselho apenas a fazerem uma viagem, sumirem por um tempo, porque com o que fizeram hoje criaram muitos inimigos.

- Ai, meu Deus! – disse para Gabriel.

- Calma, Sarah! Tinha consciência que algo assim aconteceria se conseguíssemos sair vivos da ilha – disse Gabriel serenamente.

- E o que faremos? – questionei nervosamente.

- Hora de tirar férias em família. Sumimos por um tempo enquanto os bandidos são postos na cadeia – disse olhando para Juan.

- É o melhor – afirmou ele e continuou: - Descansem, só devemos atracar daqui a umas seis horas.

- Ok – respondeu Gabriel, enquanto Juan deixava a nossa cabine.

- Para onde vamos? Acha que podemos nos defender do Jason, caso ele nos ache? Talvez o melhor seja procurar a polícia em busca de proteção – disse em desespero.

- O que viu do Jason e do Afonso, deu para você sentir de verdade o poder de fogo desses caras, acha mesmo que a polícia nos ajudaria? – questionou calmamente.

- Você não está preocupado – disse diante da calma dele.

- Claro que estou, por isso vamos sumir por um tempo. Temos uma boa reserva de dinheiro e pensei em irmos para o interior e acompanharmos o desenrolar do caso, e assim que possível voltamos.

- E as crianças? Vamos tira-las da escola? E os meus livros estou em um processo de lançamento. E a sua mãe? É seguro deixa-la? – disse nervosamente. Gabriel simplesmente me pegou pela mão e me levou de volta para a cama para que sentasse.

- A segurança dos nossos filhos com toda certeza é mais importante que a escola, e acredito que seria apenas alguns meses. Seus livros, terá tempo de sobra para trabalhar neles e quanto ao dinheiro que tem a receber pode deixar com o recebimento normal, o fato é que não mexerá na conta, resolveremos tudo apenas com o dinheiro das nossas economias. Quanto à mamãe irei manda-la para casa da tia Augusta, na Itália. Tenho certeza que ela vai amar – disse abraçando-me e fazendo com que deitasse.

- Preciso de um banho – disse.

- Eu também. Mas vamos relaxar primeiro, depois fazemos isso – falou ele.

Acabamos dormindo, apesar de toda adrenalina que corria ativa nos nossos corpos. Afinal éramos humanos e diante de tudo que fizemos naquele dia já era de esperar que o cansaço nos dominasse.

Acordamos com o sol entrando pela pequena janela da cabine.

- O sol nasceu – disse quando vi que Gabriel estava abrindo os olhos.

- Que bom, devemos estar perto da costa.

- Você acha? – perguntei insegura.

- Segundo o que Juan nos disse é essa a lógica de tempo. Vamos levantar, tomar um banho e procurar por Juan para sabermos quando atracaremos, quero estar com as crianças o quanto antes.

- Eu também – disse já saltando da cama.

Gabriel me acompanhou até o banheiro e tomamos banho juntos. Mesmo nus, sozinhos e em um iate, não havia clima para algo mais, sem dúvida o pensamento dos dois era estar o mais longe possível daquela loucura.

Quando já estávamos prontos para deixar a cabine, Gabriel segurou o meu braço e disse:

- Vivemos algo de outro mundo naquela ilha, situações inusitadas que mostraram a nossa verdadeira parceria, porém sei que ainda precisamos ter uma boa conversa – disse sincero.

- Sim, ainda temos que conversar no sentido de não deixarmos que o dia a dia nos afaste, pois esse fim de semana mostrou o nosso real problema, confirmando o quanto somos parceiros e conhecemos os limites um do outro – falei com sinceridade.

- Eu te amo – disse Gabriel simplesmente enquanto buscava meus lábios para um beijo rápido.

- Também te amo – disse quando nos afastamos e continuei: - Agora, vamos, pois estou ansiosa para descobrir onde estamos e comer alguma coisa, meu estômago está roncando – disse sorrindo.

- Também estou com fome. Mas antes, vamos ver o que Juan nos reserva – disse e abriu a porta.

Seguimos de mãos dadas pelo corredor pedindo aos céus que fosse o começo da reconquista da nossa paz.

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