CAPÍTULO 01

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DAMIAN
🌘🌑🌒


   A cidade em que estou agora não é diferente das últimas quatro em que estive desde que saí à procura do meu ômega. A maioria das casas são de madeira e pequenas, com no máximo dois andares. O clima é sempre é o mesmo; quente e úmido em algumas épocas do ano, frio e seco em outras, típico de regiões tropicais.

   Eu tenho passado os últimos dois meses procurando, procurando e procurando. Com a proximidade, o pulso quente e reconfortante presente na minha mente tem se tornado mais forte à cada dia, e isso me deixa meio receoso e com medo da reação dele (ou dela, obviamente) de quando nos encontrarmos.

    Uma ligação é algo raro. Uma ligação sem que duas pessoas sequer nunca tenham se vistos na vida? Isso é praticamente impossível. Algo tão raro que é visto como lenda por algumas pessoas.

    Três meses atrás, acordei de madrugada com uma enxaqueca muito forte, mas assim que a dor alucinante passou, algo permaneceu na minha cabeça. Um pulso doce e gentil alojado no fundo da minha mente. Não como se fosse um intruso; um parasita; e sim como se fosse algo que sempre esteve lá e que só agora estivesse despertando.

    Eu precisei de semanas para decidir o que fazer. Fingir que o laço nunca havia existido e continuar a minha merda de vida até a ligação estar fraca o suficiente para voltar a ser imperceptível? ou sair à procura do Ômega ligado à mim pelo destino apenas para ser renegado assim que ele colocasse os olhos em mim?

     Nunca tive nada de valor mesmo, então não foi tão difícil assim simplesmente vender a minha pequena casa e usar o dinheiro para tentar encontrar o meu ômega, nem que fosse apenas para vê-lo uma única vez. E cá estou eu: Buscando por ele de cidade em cidade, seguindo a minha simples intuição de Alfa, como se a sua presença na minha mente fosse um norte, me guiando e ficando cada vez mais forte à medida que me aproximo dele.

     A ligação está mais forte do que nunca, e pra ser sincero, não sei o que fazer caso não o encontre aqui, já que essa vila fica na costa, e não há nada depois do litoral. Será que o meu ômega está em alguma ilha? Além do oceano e do limite do meu alcance?
   
    A incerteza está me matando, apesar do meu coração bater de forma descompassada por causa da proximidade, como se o laço estivesse se solidificando e criando raízes profundas no fundo da minha mente.

    Eu caminho em passos rápidos pelas ruas da cidade, tentando ignorar os olhares que recebo e buscando me concentrar apenas no laço. Já recebi olhares assim à minha vida toda, e sei muito bem o que essas pessoas bem vestidas e que querem parecer ser mais civilizadas do que verdadeiramente são estão pensando: "de onde esse Alfa maltrapilho e feio saiu? Será que é um ladrão? Será que vai roubar minhas jóias que custaram mais do que posso pagar?".
    
    Tento não revirar os olhos e apressar o passo, atravessando a rua em passos rápidos e desviando da carruagem estacionada na minha frente, olhando para os lados e observando o rosto de cada pessoa que cruza o meu caminho.

🌘🌑🌒

    Eu passo as horas seguintes andando pela cidade e seguindo um rastro invisível, antes de soltar um rosnado de frustração (e fazer uma senhora que estava próxima dá um grito esquisito e sair correndo para longe de mim).

     Simplesmente não sei o que fazer. Acho que provavelmente estou ficando louco por estar perseguindo algo que sequer tenho certeza se é uma intuição concreta ou não. E se eu simplesmente tiver cruzado com ele/ela e seguido em frente? E se ele tiver me visto e saído de perto? Quem garante que eu iria reconhecê-lo de primeira, já que nunca nos vemos antes?

    Tenho quase certeza de que se continuar pensando nisso, minha cabeça vai entrar em pane.

    Uma brisa forte atinge o meu rosto e bagunça ainda mais o meu cabelo enquanto me aproximo do praia, passando pela linha de coqueiros frondosos que separam o limite da vila e a praia. É engraçado como todos os meus caminhos pela cidade me trouxeram até aqui.

     A areia clara se estende por uns vinte metros, antes de dar lugar à imensidão azul do oceano, que quebra de forma tranquila contra a praia, em ondas lentas e compassadas. Os grãos de areia entram entre os meus dedos e fazem cócegas, mas eu já estou tão acostumado à andar descalço que isso não me incomoda.

     Eu já havia visto o mar umas duas ou três vezes, mas nunca me canso de observar o horizonte, que passa uma sensação de liberdade e calmaria tão grande que acho que poderia ficar olhando pelo resto da vida, ouvindo o som que as ondas fazem quando quebram contra a areia, além do canto tranquilo das gaivotas e dos faisões.

     Ando tranquilamente pela praia, encarando a horizonte, até desviar os olhos um pouco para a esquerda e dar de cara com uma pequena figura à uns vinte metros de distância, segurando uma cesta circular cheia de plantas e flores e me encarando atentamente.
  
    O meu coração bate de forma descompassada assim que foco no seu rosto, enquanto algo no fundo da minha mente grita "É ele! É ele! É ele!" Sem parar. O ômega é pequeno, e simplesmente a pessoa mais linda que eu já vi em toda a minha vida. Seu cabelo dourado é encaracolado, combinando com os olhos verdes brilhantes e a pele pálida. Ele é tão lindo que eu me encolho um pouco por estar todo maltrapilho e... Ser quem eu sou, porque ele provavelmente estava esperando alguém diferente. Um Alfa bem vestido e rico.

     Eu estou tão atordoado e perdido nos meus próprios pensamentos enquanto encaro-o que sequer noto quando ele dá alguns passos na minha direção, ficando à um metro de distância de mim, sem desgrudar os olhos dos meus. O ômega chega apenas no meu peito de tão baixinho que é, precisando olhar para cima para poder me encarar.

     — É-e você. — Ele sussurra, arregalando levemente os olhos verdes brilhantes, depois que nós dois passamos longos segundos em silêncio. Eu mordo o lábio e meio que espero ele sair correndo e gritando, assim como aquela senhora fez na cidade.

     — Eu... — Começo, mas sou pego de surpresa quando ele simplesmente me ataca e pula em cima de mim na velocidade da luz. Fico tão sem reação que não consigo sustentar o peso do meu corpo e caio para trás, levando-o comigo e soltando um grunhido quando meu corpo encontra o chão, absorvendo todo o impacto.
    

🌘🌑🌒

FOI AQUI QUE PEDIRAM OUTRA FIC ABO?! 👀


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