CAPÍTULO 05

26.7K 3.2K 243
                                    

CAMILLO
🌘🌑🌒


     — Bom, esses são os dois quartos. — Aponto para as duas portas de madeira, sabendo que Damian está um passo logo atrás de mim, e que a sua sombra me cobre por completo.

    Eu abro a primeira porta e mostro para ele o interior do pequeno quarto. Eu o uso como dispensa, então há alguns sacos e recipientes com comida nas três prateleiras presas na parede (principalmente coisas que demoram pra estragar, tipo arroz, café, açúcar e sal), além de que no canto oposto eu organizei algumas coisas aleatórias, como vassouras, baldes e vasos.

    O próxima porta é a do meu quarto. Ele é um pouco maior que o primeiro, e tem uma cama no canto, de frente para uma janela (que como todas as outras, está com o batente cheio de pequenos vasos com flores e trepadeiras). Há um velho guarda-roupas na parede oposta, e 95% das cores de todo o lugar vem do enorme tapete no chão e das várias almofadas em cima da cama, que fui eu mesmo que fiz.

     — Aqui é o meu quarto. — Olho para Damian e observo-o analisar o quarto, ainda um pouco tímido (acho que vou ter que puxar a orelha desse grandalhão se ele ficar se depreciando de novo!!).

     — É sua cara. — Ele aponta para as almofadas coloridas e as flores da janela, abrindo um pequeno sorriso e mostrando seus dentes bonitos. Meu olhar recai sobre as suas presas um pouco maiores que as de uma pessoa normal, e isso chama um pouco da minha atenção, me fazendo dá um passo para mais perto dele.

    — As suas presas são enormes! — Exclamo, erguendo as mãos e agarrando o seu rosto lindo, completamente maravilhado com o quão impressionante é. Ele grunhe sob o meu toque e mostra os dentes novamente, passando a ponta da língua nas presas.

     — E-eu sou um alfa lupus. — Ele explica, cobrindo as minhas mãos com as suas e acariciando gentilmente a minha pele.

    — Aaah. — Exclamo, completamente impressionado e maravilhado com isso. Alfas lúpus (também chamados de dominantes) são incrivelmente raros. Eles são mais rápidos, mais ágeis e bem mais selvagens e viris que Alfas comuns, e o simples fato de pensar nisso faz as minhas bochechas arderem um pouco.

     — Você se incomoda com isso?

    — Claro que não!! — Apresso-me em explicar. Como eu poderia ficar incomodado com isso?! Hoje é simplesmente o dia mais feliz da minha vida. Nem parece que é real!!

     Primeiro houve a nossa ligação. Um laço inquebrável entre duas pessoas que são simplesmente perfeitas uma para à outra. Hoje eu finalmente encontrei o meu Alfa, e ele é um milhão de vezes mais perfeito do que eu imaginei que seria. E além disso, ele é um Alfa lúpus incrivelmente lindo e enorme!! O que mais eu poderia querer?!

     — V-vou te mostrar o lado de fora. Aí preparo o seu banho. — Digo, com meus olhos fixos nos seus, enquanto entrelaço os nossos dedos e o puxando em direção a porta da sala.

🌘🌑🌒

    As paredes do lado de fora do meu chalé são cobertas de trepadeiras, e o chão ao redor dele coberto de flores e grama verdinha. Eu consigo ver o mar através da linha de árvores (algumas frutíferas e outras não) à minha esquerda, além de escutar o som das ondas quebrando contra a areia.

     — Gosto daqui pela tranquilidade. — Explico calmamente para Damian, enquanto o puxo em direção aos fundos da minha propriedade, seguindo a velha cerquinha de madeira (que é tão antiga que está praticamente se desmanchando).

     — Você não tem medo de ficar aqui sozinho? — Ele pergunta, apertando levemente a minha mão.

     — Claro que não! E além disso, agora tenho você aqui comigo. — Abro um pequeno sorriso e encaro o rosto de Damian, precisando olhar para cima para conseguir fazer isso. O seu cabelo preto e grande está assanhado de um jeito incrivelmente sexy. Ele abre a boca para falar alguma coisa, mas parece não encontrar palavras, embora eu sinta a sua felicidade através do nosso laço.

    Meu alfa não parece ser do tipo que fala muito, mas ele ouve atentamente cada palavra que eu falo, me fazendo ficar ainda mais feliz, porque talvez eu seja meio tagarela.

   Puxo Damian em direção a minha pequena plantação que fica os fundos da propriedade.

    — é daqui que eu tiro o meu dinheiro. Não sou muito bom com cultivo, mas gosto de fazer isso. As pessoas da cidade se preocupam apenas em parecerem ricas e a irem a todos os bailes possíveis, mas todo mundo precisa comer, então é bastante fácil vender legumes e verduras para qualquer comércio na cidade. — explico calmamente para ele, saboreando a sensação das nossas mãos unidas, enquanto uso a outra para apontar para a pequena área repleta de pés de hortaliças. A área da propriedade é bastante grande (já que ninguém tem interesse em morar tão afastado da cidade e tão perto da praia), então o dono antigo praticamente me deu todo esse lugar, porque só queria se livrar dele logo.

    — A terra é bastante boa e fértil. — Damian comenta, enquanto analisa o chão e caminhamos entre as fileiras cuidadosamente plantadas de pés de cenoura.

    — Sério? Eu meio que tenho bastante problema em cultivar hortaliças saudáveis e bonitas. Essas cenouras, por exemplo, os pés são bastante altos e verdinhos, mas quando eu tiro-as no chão, todas estão tortas e feias. — Digo, fazendo uma careta para os pés de cenoura. Não que a aparência delas prejudique a minha venda, já que a falta de outras pessoas vendendo isso e a necessidade das pessoas em terem o que comer, faz com que mal se importem com a forma das cenouras (embora diminua um pouco o preço).

    — a Terra é boa, mas é preciso tomar cuidado sobre como e onde plantar cada tipo de verdura. Tá vendo essas várias pedras no chão? — ele aponta para os inúmeros pedregulhos e pesados de barro entre as plantas. — cenouras crescem retas e lisinhas se você plantá-las em lugares onde a terra é fofa e macia, para que as raízes penetrem de forma tranquila nela. As pedras e o chão duro daqui fazem com que elas fiquem do jeito que você está me falando, mas você não teria esse problema se tivesse às plantado daquele lado alí. — agora Damian aponta para o trecho de terra mais adiante, que não tem pedras e parece ser bem aerada, porque é justamente onde a água da enxurrada passa.

     — Entendi. — bato na minha própria testa, completamente horrorizado com o quão burro eu fui. Como nunca pensei nisso antes?! 

     — esse lado aqui é bom para plantar milho, abóbora e outras verduras que não fiquem enterradas no chão. — Damian continua explicando, arrancando uma moita de ervas daninhas com a mão livre e jogando-a longe. Eu observo atentamente, completamente surpreso com a sua inteligência nesse tipo de coisa (E a minha falta dela).

     — Como sabe disso tudo?

     — Bom... Eu tinha que me virar se quisesse comer, então aprendi rápido como plantar cada tipo de coisa. — Ele dá de ombros, abrindo um pequeno sorriso (e mostrando aquelas benditas presas longas que me deixam completamente encantado).

     — O-o que você acha de fazermos isso juntos? É uma boa forma de ganharmos dinheiro, além de que fica no nosso quintal e não dê tanto trabalho assim. — sugiro, mordendo o lábio inferior e grunhindo baixinho ao sentir a sua outra mão gigante tocar de leve na minha cintura fina.

    — Ideia perfeita, meu Ômega. — ele confirma levemente com a cabeça, e esse pronome possessivo no meio da frase me faz grunhir de felicidade novamente.

🌘🌑🌒



🔻

DESTINADOS [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora