DESTINADOS [COMPLETO]

CAPÍTULO 08

CAMILLO
🌘🌑🌒

    Já é bem tarde da manhã quando eu finalmente acordo, sentindo um cafuné carinhoso no meu cabelo e ainda completamente preso no casulo quente de músculos que são os braços e o peitoral gigante do meu Alfa. Ainda meio sonolento, ergo a cabeça e encaro Damian, que está me observando atentamente com um pequeno sorriso no rosto.

    — Bom dia, Camillo. — Ele sussurra enquanto eu esfrego meus olhos, tentando recuperar o foco deles. Flash's deliciosos dos nossos beijos intensos de ontem a noite tomam conta da minha mente, me fazendo lamber os lábios inchados e soltar um suspiro de satisfação. Nós nos beijamos tanto que perdemos a hora de dormir, roçando nossos corpos um no outro e sussurrando palavras apaixonadas, completamente imersos nos beijos.

    — Bom dia, Damian. — Respondo, acariciando o seu peitoral duro e sentindo aqueles pelinhos curtos contra as minhas palmas. Um cobertor felpudo e azul escuro está enrolado nas nossas pernas, e para meu pesar, aquela maldita toalha não escapuliu da sua cintura nem uma vez sequer (não que nos tenhamos tentado fazer mais do que nos beijar), mas eu senti bem bastante movimento lá embaixo enquanto nossos corpos estavam pressionados.

    Ainda fico nos seus braços por longos minutos, inspirando o seu cheiro e absorvendo o seu calor maravilhoso, antes de irmos para o banheiro escovar nossos dentes (eu sempre deixo outras escovas reservas lá).

    Já com nossas bocas perfeitamente limpinhas, eu me jogo nos braços do meu alfa e roubo um longo beijo dele, precisando ficar na ponta dos dedos e que o safado se abaixe bastante para conseguir fazer isso.

    — Vou fazer o café da manhã pra gente. — Explico, tentando não soltar um suspiro triste ao vê-lo ir buscar as roupas no varal (que para o meu pesar, infelizmente já estão secas), mas pelo menos o meu alfa gostoso veste apenas a calça de linho marrom, deixando aquele peitoral maravilhoso exposto para mim.

     — Você gosta de ovos mexidos? — Pergunto, colocando a frigideira no fogão e olhando por cima do ombro para encarar Damian, que está sentado em uma das cadeiras da mesa, me encarando atentamente. Ele prendeu o cabelo longo num coque meio desajeitado e fofo, que o deixa tão sexy quanto quando ele está com a cabeleireira solta.

    — Como praticamente qualquer coisa. — Ele dá de ombros, abrindo um pequeno sorriso pra mim. Encaro aqueles lábios carnudos que tive o prazer de passar a noite todinha beijando por longos segundos, tentando resistir a vontade de correr até lá e pular no seu colo.

    — Certo. — Confirmo levemente com a cabeça, voltando a minha atenção para a frigideira, enquanto quebro alguns ovos nela e coloco salsinha e cebolinha picada pra ficar ainda melhor do que seria se tivesse sido temperado apenas com sal e pimenta-do-reino. Não quero me gabar, mas eu cozinho muito bem.

    Não demora mais que dois minutos até eu fazer várias porções de ovos mexidos e colocar 90% delas num prato grande para meu Alfa, que precisa comer bastante para poder sustentar todos esses músculos (não que eu me importe se ele é musculoso ou não). Coloco a minha cadeira próximo à sua e observo-o colocar uma garfada da comida na boca e saborear o gosto, antes de arregalar os olhos.

    — Tá muito bom, Camillo!! — Ele exclama, me fazendo abrir um sorriso de satisfação e começar a comer também.

     — Vou comprar algumas roupas pra você na cidade daqui à pouco. — Explico calmamente, porquê por mais que goste de ver o meu Alfa maravilhoso sem elas, ele não pode ficar apenas uma muda de roupas.

    Damian abre a boca para protestar, mas eu o silencio com um olhar maligno. Ele não pode recusar e ficar sem roupas, e além disso, nós vamos começar à colher e à plantar novas verduras logo logo, o que significa uma boa grana.

    — Ainda tenho algum dinheiro guardado. Você pode comprar com ele. — Ele diz, lançando-me um olhar emburrado e fofo. Eu confirmo levemente com a cabeça, sabendo que se tentar protestar e falar que vou comprar com meu dinheiro ele não vai deixar, ou vai deixar e ficar se remoendo consigo mesmo, igual fez ontem. É engraçado como a gente se conhece a tão pouco tempo e mesmo assim parece que é uma vida toda.

🌘🌑🌒

    Eu costumo vir na cidade de vez em quando, mas só quando preciso de alguma coisa ou quando venho entregar mercadorias. Não sei como, mas a maioria das pessoas me conhecem.

     — Hey. — Um alfa que tenho certeza que nunca vi na vida me cumprimenta ao passar por mim na rua. Ele veste um terno preto e está com o cabelo curto penteado para trás.

    — Oi. — Abro um sorriso amarelo e continuo andando, ciente de que cada um deles me lança um olhar demorado quando eu passo. Tenho certeza de que estou exalando o cheiro dos feromônios de Damian, porque cada Alfa que tenta se aproximar franze lentamente as sobrancelhas e se afasta  (provavelmente porque o cheiro de um Alfa lúpus seja bem forte).

    Os feromônios são como uma marca invisível, que se incorporam na pessoa de forma territorial com um mínimo de contato. Então Damian também está impregnado com os meus feromônios tanto quanto eu estou com os dele.

     O dia está ensolarado e claro, mas a brisa fresca vinda do mar não deixa a cidade com um clima abafado. O vento bagunça os meus cachos loiros enquanto procuro alguma loja que não venda apenas ternos e coisas assim, porque não parece muito o tipo de coisa que Damian usaria.

    Eu continuo andando e analisando por algum tempo, antes de decidir dar uma pausa na busca por calças e camisas e entrar numa pequena sapataria onde costumo comprar sempre.

    — Bom dia, Camillo. — João, um Beta de que deve ter mais ou menos uns trinta e cinco anos me cumprimenta alegremente assim que passo pela porta. Como disse, a maioria deles me conhece.

    — Bom dia, senhor! — digo, observando os inúmeros pares de sapato nas prateleiras. Boa parte deles são sapatos sociais escuros e lustrosos, mas há algumas botas e sapatos mais simples também.

    — Veio procurar algum modelo em específico? Os que servem pra você ficam naquela outra prateleira alí. — Ele explica, apontando para a prateleira perto da vitrine.

    — Na verdade, eu vim comprar um par pro meu Alfa. — Digo com orgulho, sabendo que por ser Beta ele não consegue sentir o cheiro de outra pessoa em mim.

     — Sério? então você finalmente aceitou um dos seus inúmeros pretendentes? — João se apoia no balcão, completamente focado em mim.

     — Na verdade... Ele não é da cidade. — dou de ombros e continuo analisando os sapatos, ouvindo o Beta me encher de perguntas e respondendo algumas delas.  — Você só tem esses aqui? — Aponto para a fileira de sapatos.

     — Infelizmente sim. Nenhum é do seu agrado?

    — Acho que os pés dele são um pouco maiores do que esses sapatos aqui. — Aponto para o maior par que encontro na prateleira, fazendo João soltar uma exclamação baixinha.

     — Posso produzir um par maior que esses por encomenda. Demora apenas uns quatro dias.

     — Obrigado, João. Você pode fazer que depois a gente vem buscar. — Confirmo, indo até o balcão para pagá-lo pelo serviço (uma bela motivação pra ele fazer o par o mais rápido possível), antes de me despedir dele e sair da sapataria para retomar a minha busca por roupas.

🌘🌑🌒

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