Ele não podia sair do lugar, observando aquela criatura horrenda mover-se em uma velocidade absurda. Tinha braços longos e pernas compridas, não parecia ter carne alguma abaixo da pele, o corpo era coberto por tufos de pêlos, e a boca retorcida em ângulo completamente inumano.
Os olhos da coisa brilharam em um tom verde, muito profundo, o homem apressou-se em fechar a janela e tomou o pergaminho velho que costumava deixar sempre a vista para o caso de alguma emergência. Ele escreveu o mais rápido que pôde e enviou a mensagem para os generais responsáveis de Taranys.
E esperou.
Não havia mais os passos da criatura.
Nem mesmo o vento.
Só havia um silêncio esmagador.
Ele moveu-se lentamente, buscando controlar sua respiração, para olhar pela pequena fresta que havia entre a janela e o parapeito.
A criatura estava lá, a boca retorcida em um sorriso maligno e os olhos com um Fulgor inigualável.
Ela ergueu a mão e bateu na janela com a unha comprida e afiada. Quase como se pedisse para o homem deixá-la entrar, parecia divertir-se com a situação, mas depois de uns minutos sua paciência se fora, e a pequena choupana fora destruída, ele ainda carregava o cadáver do homem, quando encontrou as outras.
-Sabe quem nos trouxe? - uma risada grotesca escapou da garganta da criatura.
-Algum tolo. Daqueles que acham que podem nos controlar de alguma forma.
-Mas não podem. Ninguém pode. Está na hora da refeição.
-Afinal já fazem 10,000 anos.
Naqueles dias escuros, a terra foi profundamente ferida e sangrou, manchada pelo sangue de muitas pessoas inocentes.
Ninguém sabia o que eles eram, como possuíam uma força tão absurda e muito menos como enfrentá-los.
Eles só sabiam de uma coisa.
Que havia um homem buscando vingança por sua infame família.
Por trás de tudo estava ele.
Aquele a quem chamavam de A Estrela perdida da Coroa.
-Esse é você? - Gojo perguntou.
-Sim. Sou eu.
-Cara, eu não queria dizer, mas você é muito azarado. - Suguru o encarou sentindo um sorriso cansado brotar em seu rosto.
-Já está de noite, nós devemos partir. - Satoru passou as mãos por debaixo dos braços do outro e ajudou a ficar de pé. Eles tinham quase a mesma altura e a luz da lua ele reparou, que seus olhos eram muito escuros, deveriam possuir um brilho estonteante antes, mas agora, eles estavam opacos.
-Vai me contar o restante? - perguntou enquanto eles se dirigiam para a pequena clareira.
-Eu não pude mais encontrar o seu avô. Mais tarde eu descobri, que a chave que meu pai deixou para mim... Não era uma coisa boa. Mas eu juro, não fui eu que abri aquela maldita porta.
-E a sua magia, como está? -Perguntou Satoru.
-Difícil de controlar, o ódio que seja lá quem se esforçou para construír contra mim, é forte demais.
-Então, para onde nós iremos? - Suguru sorriu.
-Ele apanhou um graveto no chão e desenhou um padrão de imagens.
-Pode me emprestar um pouco do seu sangue?
-Claro. O líquido vermelho escorreu por entre os dedos, respingando no desenho, uma luz vermelha surgiu ao redor de cada imagem e um portal oval surgiu, levando-os para a pequena cabana.
No instante em que chegaram uma pequena lanterna na mesa se acendeu, iluminando o ambiente. Era bastante confortável, ele percebeu.
-Era do meu avô? - Satoru perguntou avaliando o local. Havia uma pequena cama de madeira, uma mesinha com alguns papéis e um relógio que ele não se recordara de já vê-lo usando.
Suguru, foi até o baú e retirou a calça e a blusa de moletom.
-Ei, onde você conseguiu isso? - Perguntou surpreso.
-Foi o vovô. - Suguru respondeu.
-Rum. Entendi.
-Ele disse que você não teria problema em emprestar.
-Desde que você me devolva. - Os olhos do outro baixaram tristes.
-Eu gosto delas. São macias e fofas. Mas se você quer, vou te devolver. - Satoru não queria admitir, que sentia certo ciúmes em dividir a lembrança de seu avô.
-Ah. Acho que você pode ficar com elas. - Ele respondeu, sentindo-se mal por pensar daquela forma.
-Ah, Obrigada. Vou tomar banho, já volto.
Ele observou o outro sair e se pôs a pensar sobre tudo, será que a alma dele seria destruída ou dispersada para sempre? Ele sentou-se no banquinho de madeira e abriu a bolsa que trouxera consigo, passara os últimos dias estocando mantimentos, para quando eles precisassem fugir.
Salazar em breve descobriria a fuga deles e o exército real estaria no encalço dos dois.
Será que ele havia tomado a decisão certa?
Alguns momentos depois o outro saiu do banheiro, os cabelos escuros e levemente molhados caíam sobre a testa e ombros, Satoru pensou que nunca vira um homem tão lindo, além dele próprio, é claro.
Como se estivesse lendo seus pensamentos, ele sorriu.
-Pode ir agora, tem algumas roupas no baú, provavelmente eram suas mesmo. O banheiro não é muito grande, mas é bem útil. Vou te esperar.
Enquanto Satoru saiu, Suguru se pôs a arrumar a pequena mesa.
Ele estava com medo
O sentimento brotava do fundo do seu ser, não gostava daquela sensação de quando estava com ele. Como se houvesse algo o preparando para a perda repentina, como acontecera tantas vezes.
Sabia que o caminho deles seria difícil, e não estava forte o suficiente para protegê-lo. A bem verdade, ele tinha mais medo de machucá-lo, não sabia o quão instável sua magia estava.
Alguns momentos depois, o outro saiu do banheiro usando uma blusa clara e uma calça leve. E sentou-se observando a mesa.
-Você é muito meticuloso. Obrigado pela comida. - disse com um sorriso agradecido.
-Obrigado. - Suguru sentia-se distante, como se estivesse flutuando para longe dalí.
-O que aconteceu com o exército de criaturas grotescas? Satoru perguntou.
-Até onde eu sei, o conselho os mandou de volta.
-E colocaram a culpa em você, por causa da chave... Por que o seu pai te daria algo assim?
-Talvez ele seja só mais uma das pessoas que me odeiam. Mas não acho que a resposta a isso seja tão simples. - Disse com um certo amargor na voz.
-Sendo bem sincero, não consigo imaginar como alguém poderia odiá-lo. Você é adorável. - O outro repousou a mão no queixo e o encarou deliberadamente, os cílios eram de um branco muito puro, e o contraste com os olhos azuis era absolutamente esplêndido, os lábios pareciam macios e doces. O pescoço se curvava levemente enquanto o outro, incosciente do sentimentos que despertara, falava sobre alguma coisa aleatória.
-Desculpe, não ouvi uma palavra do que você disse. -Seus olhos possuíam uma chama intensa e um brilho divertido.
Gojo o encarou silencioso, a dúvida brotando em sua mente.
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A Estrela Perdida da Coroa
FanfictionUm contrato assinado por seu falecido avô, coloca Satoru Gojo em contato com um mundo desconhecido, onde a magia reina. Ao assumir o papel que foi designado para ele: Manter o pior criminoso do país aprisionado. Ele descobre que aquele a quem atribu...