Noite Serena

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O céu estava cheio de nuvens e a lua emitia um brilho suave, ele ouviu os passos do outro se aproximarem e sorriu ao vê-lo.

- O que é tudo isso? - Perguntou confuso.

-Feliz aniversário. - Disse com um sorriso enviesado.

Suguru não sabia como se sentir. Sua boca formou uma linha fina, sentiu que algo se agitava em seu estômago.

- Eu cantaria pra você, mas você ainda não é digno de me ouvir. - O outro gargalhou e parecia realmente feliz.

E aquela foi a primeira vez que Gojo ouviu sua risada sincera e verdadeira, mas havia algo camuflado ali. Um sentimento reprimido durante muito tempo e quando Suguru secou suas lágrimas rapidamente, ele fingiu não notar. Focando -se em retirar duas fatias de bolo gigantes.

Eles comeram em silêncio e Satoru mirou aquele perfil. Era perfeito demais, como se tivesse sido desenhado e depois esculpido em mármore.

-Tenho algo para você. - Disse ainda observando-o e pensando no quanto queria beijá-lo.

-Porquê? - Perguntou Suguru. Despertando o outro de seu devaneio.

-É um presente. Espero que você goste. - Ele entregou a caixinha. Suguru tomou-a em suas mãos e encarou o objeto.

-É... perfeito. Eu... Muito obrigada.  - Ele realmente não sabia o que dizer.

-Olha, eu não sei exatamente o que te disseram, mas eu fico feliz por você existir, então é certo que eu queira comemorar o seu aniversário com você. - Suguru mirou-o com olhos profundamente gratos. Ele suspirou e colocou o relicário ao redor do pescoço.

-É perfeito. Obrigada, você me deixou feliz. Obrigada. 

Gojou fechou os olhos e também agradeceu.

A lareira queimava baixinho, quando Satoru começou a ler as últimas linhas escritas que seu avô lhe deixara.

Se você fez conforme eu venho lhe orientando, não tenho mais nada a dizer, apenas que lhes desejo boa sorte. Do fundo do meu coração espero que as pessoas um dia venham a conhecê-lo verdadeiramente e amá-lo pelo que ele é.

E por fim, talvez não seja muito útil, mas o pai dele... tinha um segredo. Algo que nunca revelou nem para mim ou para a mãe de Suguru. Não sei se é algo relacionado a chave de Lete... Mas apenas mantenha isso em mente.

Por fim, saiba que não importa onde eu estiver, continuo cuidando de você.

Chave de Lete? Mais uma vez sentiu que ele falava por enigmas, sentiu o cansaço tomar conta do seu corpo. Fechou os olhos, quando uma chuva torrencial começou a cair, o som dos pingo's nas vidraças da janela traziam certa calma. Estava se aproximando o dia em que as ilhas irmãs se encontrariam, ainda não entendia bem a realidade do que estava para acontecer, e seu coração estava ansioso.

Satoru havia se recolhido mais cedo que o habitual  e embora estivesse cansado, o sono recusava-se a chegar. Ele suspirou impaciente. Os passos calmos de Suguru fizeram o outro erguer a cabeça.

-Você está bem? - Perguntou sentando-se na cama.

-Uhum. Apenas não consigo dormir. - ele fitou aquela face sob a luz da vela, e lembrou-se do primeiro e único beijo dos dois, parecia que tinha sido a séculos e não mais acontecera. O que não diminuíra em nada seu desejo. Tivera exatamente o efeito oposto, quando estava tão perto dele e estavam sozinhos, quase chegava a pensar que perderia o controle.

Ele suspirou baixinho.

Sentia que conhecia e desconhecia o homem a sua frente.

Ele também sentou-se na cama para encará-lo, os lençóis deslizaram sob a pele espondo a parte superior de seu corpo levemente definido. O outro virou o rosto sutilmente, mas Satoru continuou a encará-lo.

-Por que está evitando olhar para mim? Eu não o agrado, príncipe? - Perguntou estreitando a distancia entre eles.

Suguru virou-se para encará-lo rapidamente.

-Não é isso, apenas não quero que você pense errado sobre mim. É... você é muito belo e é difícil manter meus olhos afastados de você, mas não gostaria que pensasse que eu sou... estranho.

Gojou o encarou, não esperava uma resposta tão contraditória, não pela primeira vez, ele achara que o garoto não deveria ter muita experiência com relacionamentos.

Dada a vida azarada dele, era melhor assim, ou ele ia acabar com algum mago maligno que terminasse de ferrar com sua vida que já era... para dizer o mínimo... Um tanto complicada. Bem, ele esperava que esse não fosse ele. Então segurou o queixo do outro suavemente e beijou-o. Um beijo doce e demorado, do tipo que o outro nunca havia recebido.

Ele tinha um gosto agridoce e seu cheiro era inebriante. O outro deslizou a mãos por suas costas e o repousou suavemente sobre a cama. O beijo foi interrompido, apenas para recomeçar mais intensamente.

Satoru arrancou a túnica de Suguru. E um gemido irrompeu de sua garganta, gostava da sensação de tocá-lo e gostava mais ainda de ver o outro completamente rendido. Seus movimentos se tornavam mais rápidos e ferozes, a tensão e o desejo acumulado de todos aqueles dias juntos.

-Não pare, por favor. - Ele pediu. Suas mãos agarravam-se aos quadris do outro com urgência e um gemido baixinho escapou da garganta de Suguru quando eles chegaram ao ápice juntos, aquela onda de prazer arrebatando-os por inteiro. Os movimentos ficaram lentos até pararem por completo e outro desabou sobre ele. Ele o envolveu em um abraço, absorvendo o cheiro almiscarado e sorriu sentindo-se completamente satisfeito.

-Isso foi incrível. - Ele encarou o outro, que estava silencioso e com a face ruborizada.

-Mesmo? - Suguru o mirou com expectativa.  - Eu não sabia se estava fazendo certo. - Essas palavras saíram com muito esforço, ele não acreditara no que acabara de acontecer.

- Ha. Estou ansioso para saber como vai ser, quando você souber exatamente o que está fazendo. - Ele riu baixinho e o abraçou, Satoru adormeceu com o som daquela risada e mais uma vez ele pensou que realmente gostava dela.

Naquela noite eles dormiram bem, um Sono profundo e sem sonhos. Como uma trégua, ou a calma antes da tempestade que se aproximava.

Notas da autora
Eu realmente não acho que o Gojo parece alguém que sabe cozinhar hehe ( ou talvez saiba, realmente não sei). Mas vamos fingir que nesta realidade ele sabe pelo menos o básico ;⁠)

Obrigada por ler! Espero que estejam aproveitando.

A Estrela Perdida da CoroaOnde histórias criam vida. Descubra agora