Ilhas Irmãs

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Então, posso perguntar algo muito íntimo? - Satoru começou.

-Claro. - Suguru respondeu, achando a situação divertida.

-Você gosta de homens? - Gojo perguntou.

-Sim. E você? - Ele respondeu sucintamente.

-Ah, não. - Sim? Ele pensou.

-O seu avô disse que você gosta. - Satoru sentiu-se irritado. Como ele poderia saber tanto sobre ele, quando ele nem ao menos conhecia a existência do outro?

-Ele te amava, é por isso que sempre falava sobre você. - Gojo assentiu.

-Não precisa mudar de assunto. Eu só não podia responder antes de você dizer. Vai que... É porque você fica me olhando assim...

-É mesmo? - Geto perguntou. - Me esclareça.

-Eu sei que posso ser irresístivel, mas você precisa se esforçar mais. - Disse por fim.

-Espero que me mostre um dia. - Suguru disse, um brilho malicioso em seus olhos.

-O quê? - Como você pode ser irresístivel. Ele pensou, mas guardou aquelas palavras para si. Não era o momento.

-Venha, está na hora de dormir. - Disse.

-Só temos uma cama. -Gojo ressaltou. Suguru deu de ombros.

-Estou exausto demais para discutir sobre isso. Então se você não se importa...

Ele estava dormindo quando Satoru se deitou ao lado dele, fitando aquele rosto perfeito, as vezes a testa dele franzia, como se estivesse preso em um sonho ruim, e do lugar mais profundo da sua alma, ele desejou poder levá-lo para um lugar melhor.

***

Suguru levantou cedo e aqueceu água para o chá, o vento agitava as folhas ao redor da árvore velha. Ele passou muito tempo imaginando o que faria quando estivesse enfim em liberdade.

Mas agora, ele se sentia perdido.

Queria buscar justiça para si mesmo, por todas as coisas que sofrera, pelas pessoas que perdera. Por tanto tempo ele fora julgado por coisas que nunca fizera, sua magia havia sido reduzida e agora era difícil para ele usá-la com tanta facilidade como antes.

Queria encontrar as meninas, não fazia ideia de para onde elas tinham ido, após a morte de seu avô...

-Bom dia. - A voz rouca de Satoru o saudou. Ele sorriu e algo no peito do outro se agitou. Ele ignorou aquela sensação de formigamento no estômago, e lhe devolveu o sorriso.

-Bom dia. Dormiu bem ? - Perguntou.

-Sim. - Ele o fitou demoradamente. Os cílios pesados baixaram devagar, quando ele encarou a pequena mesa, mais uma vez. - Viu? Adorável.

Depois de tomarem o desjejum, eles partiram.

***

-Que lugar é esse? - Gojo perguntou mirando o horizonte.

-Ah, Nem eu sei. Se soubesse antes, que havia um lugar assim, teria trazido minha família para cá. - Suguru suspirou.

Satoru mirou a névou densa que se assentava ao redor do lugar.

Era uma ilha flutuante.

-Mas eu não escuto o som das ondas... - Explicou.

-Claro, porque ela não flutua no mar e sim no espaço. - O outro Explicou.

-Ah? E como nós vamos saber onde estamos.. - Perguntou.

-Ora, não vamos, mas ninguém vai também. - Suguru sorriu.

-Deste modo não irão nos encontrar. Como você descobriu a existência deste lugar? Foi o vovô?

-Isso. O exército dos Reinantes das Trevas está selado em uma igualzinha a essa, na verdade as duas ilhas são irmãs. Elas dão um volta que dura em torno de 73 dias e então se encontram. Quando isso acontecer, precisamos estar aptos a falar com o líder deles.

-Você vai soltá-lo? - Satoru não queria parecer inseguro

-Você acha? - Perguntou.

Satoru não respondeu. Os dois entraram por um portão de ferro retorcido e alto.

-Nunca atravesse essa névoa que vai além dos portões. - Suguru explicou.-Seria quase impossível te encontrar de novo.

-Mesmo para você? - Gojo questionou observando a névoa densa.

-Sim, mas saiba que eu não desistiria. - O outro sorriu e o seguiu.

Caminharam por uma ponte de pedra, a lua brilhava alto, e nuvens se aglomeravam no céu.

-Espere...

-Ah propósito, aqui é sempre noite. Dizem que esse lugar foi criado por um híbrido muito poderoso, por isso a luz do sol não chega até aqui diretamente.

Havia uma relva verde escura e árvores frondosas tecendo uma beleza sobrenatural, o caminho de pedra levava até um palacete enorme. As portas de madeira abriram e Suguru adentrou.

Três sombras negras se aproximaram e se postaram diante dele.

-O Senhor voltou!

-Bem vindo de volta.

-Mestre.

Satoru não conseguiu diferencia-los, eles pareciam todos iguais. Com aqueles mantos escuros e a máscara de ferro, com desenhos atrozes.

-Vocês as encontraram? - Ele questionou

-Sim, elas estão em Épona. - O primeiro respondeu.

-Estão bem? - Perguntou novamente.

-Sim. - Ele soltou um suspiro de alívio.

-Vamos deixar deste modo, por enquanto. - Orientou e os três assentiram.

-Quanto ao alinhamento das Irmãs, ele acontecerá em 33 dias.

-Ótimo, vamos deixar tudo pronto. - Seus olhos voltaram-se para Gojo. - Este é Satoru, ele me salvou. - Os outros miraram o homem com uma expressão inexcrutável.

-Agora eu vou lhe mostrar o seu quarto.

-Mas eu quero ficar com você. Quero dizer, no mesmo quarto, seus amigos alí são muito assustadores. - Disse em um sussurro.

-Ah, bem. Como quiser. Me acompanhe.

Ele o seguiu por um corredor com janelas grandes, não que quisesse admitir, mas aquele lugar parecia um tanto assombrado. A porta do quarto estava trancada, Suguru girou a maçaneta e estendeu a mão para que ele entrasse.

Era um espaço amplo, com uma cama grande. Havia uma área esterna, com cadeiras e mesas, e uma enorme tapeçaria que retratava a antiga morada dos híbridos.

-Você gosta? - Suguru perguntou tentando disfarçar aquela ansiedade que crescia em seu peito.

-Sim. Mas só se você estiver por perto, se tivesse que viver aqui sozinho me sentiria um tanto deprimido. - Suguru sorriu.

-Muito bem. Você pode ir aonde quiser, apenas não chegue perto da névoa. - Orientou.

-Gostaria de treinar minhas habilidades fabulosas. - O amigo sorriu.

-Se precisar de ajuda, me chame. Estou a sua disposição.

-Claro. - Gojo disse com um sorriso.

-Antes de você ir... Posso perguntar uma coisa? - Ele falou procurando as palavras certas.

-Claro, pergunte. - Suguru sentou-se em uma das poltronas.

-Você não vai morrer, não é? - O outro sorriu.

-Não se preocupe quanto a isso.- Gojo assentiu, mas não estava satisfeito, ele observou enquanto o outro se retirava, e aquela pequena sensação incômoda persistia dentro dele.

A Estrela Perdida da CoroaOnde histórias criam vida. Descubra agora