Retorno

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Era o quadragésimo quinto aniversário da Rainha Ina. Alguns jovens se aproximavam com enormes buquês de flores e os depositavam nos portões do pequeno palacete onde a monarca agora vivia.

Naquele dia suas servas a vestiram com seda pura, em tons dourados e azuis. Trançaram seu cabelo loiro e colocaram a coroa, sua pele parecia uma porcelana e apesar das feições tristes a mulher parecia um pouco mais saudável.

Pelo menos era essa a ideia que todos tinham de sua majestade, uma mulher forte e nobre lutando contra os desejos maternos de salvar o filho perdido em uma prisão na qual ele próprio se encarcerara.

Ninguém pensara em nenhum momento, no quanto aquela criança fora injustiçada.

Chaos já estava em Dagda há alguns dias, Xavier tinha chegado um pouco antes de Suguru e eles reuniram-se em um quarto mais isolado de uma pousada recém inaugurada.

A mesa estava repleta de comida, carnes e doces e também o vinho da região. Eles conversaram sobre tudo o que descobriram. E preparam-se para partir e colocar o plano em ação.

Duas garotas depositavam suas flores gentilmente, quando uma nuvem expessa cobriu os céus.

Um trovão partiu o firmamento em dois e uma fenda se abriu, em contraste com a escuridão que brotava, uma rajada de Luz emitida por algum ser superior.

A Rainha permanecia parada feito uma estátua de pedra, diante do povo que murmuravam assustados.

Então a boca curvou-se em um ângulo retorcido e ela rugiu. Seu grito foi ensurdecedor. E a multidão se afastou, assustada e confusa.

Suguru estava parado assistindo tudo.

Quando um risinho surgiu detrás dele.

-Ora ora. Veja isto. Foi mais rápido do que pensei. - A voz de Luziel soou atrás dele.
Satoru o mirou silencioso. - E agora o espetáculo maior vem.

Suguru encarou a figura que descia em um feixe de luz para o chão. Os mesmos cabelos e olhos dourados, as vestes brancas, quase parecia um anjo, ele deveria estar morta. Mas ali estava.

Aurora planou até ele e lhe sorriu carinhosamente.

-Veja! Como você está crescido, já é um homem agora. Bem, um homem condenado, mas que diferença isso faz? - Ela soltou uma risada.

Aurora ergueu as mãos em um gesto poderoso. O chão tremeu violentamente e algumas centenas de pessoas foram arremessadas contra o pátio.
Xavier apressou-se a tirá-las dali, mas elas se recusavam a sair.

Uma energia dourada envolveu Suguru e o ergueu acima da multidão.

-Vocês sabem quem é esse homem? - A voz dela retumbou como um trovão.

-Isso mesmo! O Destruidor de Tronos. A Estrela perdida da Coroa. O homem que abriu Lete e libertou os cativos trazendo ruína ao nosso reino. E sim! Este é o homem que quase foi responsável pelo meu assassinato. - A multidão soltou um murmúrio. - Mas hoje, nós iremos executar um julgamento a altura.

Você não faz ideia, ele pensou.

O chão tremeu violentamente mais uma vez e três pilares de terra se ergueram, acima deles olhos malignos fitavam toda e qualquer criatura da terra com um desprezo aparente e no centro da estranha formação, havia um homem de pele pálida, cabelos escuros, profundamente belo. Quando ele falou, o silêncio engolfou o lugar e nada erguia-se acima da sua voz.

-Ah! - Ele suspirou sentindo um prazer estranho. -  Aí está, venha até mim, criança. Vou lhe dar uma dádiva. Qualquer coisa que você quiser.

Suguru permaneceu impassível, os olhos moviam-se agitados, mas ele exalava uma calma profunda.

A mulher arremessou ele ao chão. E ele aterrissou com muita elegância.

Então encaminhou-se para a criatura.

Passo após passo.

Satoru deu dois passos a frente, mas foi interceptado por Chaos.

A criatura ergueu-se abruptamente..
-Rápido, venha mais rápido, não posso mais esperar. - Ele caminhou agitado e a multidão percebeu que a parte esquerda de seu corpo não era capaz de se solidificar, era uma massa escura e pútrida. Ele pôs os dedos sob a testa de Suguru e notou que ali havia um pequeno ponto, quase imperceptível. Ele agitou-se e mirou Aurora. Os três olhos acima dos pilares giravam loucamente.

-Por que ??! Por que não posso?! - Rugiu a criatura.

Suguru ergueu a cabeça e encarou a figura estranha que um dia ele achara ser sua mãe.

-Por muito tempo, eu achei que teria sido minha mãe a orquestrar isso para mim. Mas agora, eu percebo que ela me salvou mais do que qualquer um. A chave que me foi entregue, deixada pelo meu pai, era nada mais que um selo, muito antigo e poderoso para manter a minha alma inacessível. Não era a chave de Lete. Por que não há uma chave, as pessoas foram colocadas lá e induzidas a acreditar que não há uma saída, tudo é apenas uma grande ilusão. O Esquecimento não as permitira lembrar, que nunca houveram muros, nem nada que os impedisse de voltar para casa. A pessoa que os tirou de lá, sabia disso.

Ele mirou Luziel que o encarava com olhos profundamente tristes.

-Eu sabia, que havia algo que eu precisava recordar. - Salazar se aproximou. Os olhos moviam-se agitados. O vento soprava os cabelos escuros. - Mas eu não conseguia, por que a minha alma estava profundamente fragmentada. Porém algo aconteceu, e eu lembrei.

- Que nós oferecemos, parte de nossas almas, pela vontade de nossa suposta mãe. Mas isso nunca foi a verdade, por que não a conhecemos, Aurora assassinou a Rainha Ina, quando Salazar era apenas um bebê e tomou o seu lugar, usando de métodos completamente heterodoxos, incluindo o sacrificio de inocentes.
- Raziel completou.

-Ora, não há nada que vocês possam fazer quanto a isso. Ele está fraco demais para resitir ao meu comando. O fato de ele não poder usar o seu corpo torna as coisas melhores para mim.

A duquesa Steel se aproximou e a encarou.

- O que pretende fazer com tudo isso? Quem eu vi morrer naquele dia?

-Você não lembra, deve ser triste para ela. Seu pai estava furioso, por você se apaixonar por aquela mulher vampira. Foi fácil, só precisei arrancar a lingua dela e nublar a sua visão momentâneamente. uma pequena xícara das águas dos rios da travessia e você esqueceria dela pra sempre.


A Estrela Perdida da CoroaOnde histórias criam vida. Descubra agora