Naquela manhã a garota chegou novamente para levar os mantimentos e as outras coisas que Satoru pedira. O café da manhã simples foi dividido entre os dois. E em vez de dedicar-se a fortalecer o selo ele estava fazendo o contrário.-Sabe que se fizer isso, será considerado um criminoso. Assim como eu. - Suguru o alertou.
- Bem, você foi muito mais gentil comigo do que o tal Salazar. Não sei se é sensato confiar em você, mas eu realmente quero fazê-lo. A menos é claro que você se mostre diferente do que vem se mostrando.
-É justo.
-Então, o que você fez de tão ruim que é realmente considerado o terror dos seis reinos? - Suguru arqueou uma sobrancelha.
-Longa história. Quer mesmo ouvir? - sua expressão escureceu momentâneamente
-Certamente. - Satoru respondeu.
-Muito bem. - Suguru começou contando a história do seu nascimento. E explicou como o poder com que ele nasceu transformou todas as maldições que foram lançadas sobre ele em bençãos.
Gojo deu uma risada sincera. E o outro sentiu algo se agitar dele, uma sensação pouco conhecida.
-Eles devem ter se arrependido muito. Você é realmente assustador.
-Bem essa parte é apenas o começo.
Depois que o grupo dos seis líderes amaldiçoaram a criança, que tinha pouco mais de um dia de vida. Eles a lançaram nas profundezas do submundo, onde apenas os híbridos viviam, para que as mazelas que foram destinadas a eles não afligissem outras pessoas inocentes, mesmo que o crime daquele bebê tenha sido apenas existir.
Por algum milagre ou razão que ninguém saberia explicar, as criaturas das trevas se afeiçoaram ao menino. Os híbridos de Ghouls, fantasmas e vampiros. Todos estiveram dispostos a mantê-lo vivo. Mas nenhum deles sabia como.
Até que ela chegou. Usava uma túnica simples e os cabelos claros estavam presos em um coque frouxo. Ela caminhava com passos trôpegos e se dirigia ao abismo o mais rápido que conseguia.
-Meu filho! Por favor! - implorou a mulher.
-Não... - Um homem alto com cabelos escuros como o breu e a pele cinza se aproximou dela.
-Por favor! Por favor! Me deixe alimentá-lo. - As criaturas encararam - se entre si.
-Está bem, mas terá de fazê-lo aqui. Não confiamos em feiticeiros. E você não é exceção. - O homem a encarou como olhos profundamente afiados. A jovem assentiu silenciosa e tomou a criança em seus braços.
Ela o embalou e cantarolou até que o seu pequeno príncipe dormisse.
-Posso voltar amanhã? - A criatura de pele cinzenta a mirou com certa desconfiança.
-Venha sozinha. - A mulher partiu e ele seguiu com a criança em seus braços.
Conforme o tempo foi passando a princesa descobriu que o nome daquele que tomara seu filho para si, era Karius. E que ele cuidava muito bem do menino.
Quando Suguru completou três anos, a princesa subiu ao trono e foi coroada Rainha de Dagda e Conciliadora dos Reinos. Desde aquele dia ela nunca mais voltou para vê-lo.
No submundo eles tomaram consciência do casamento da Rainha e do nascimento de seu primeiro filho, que deveria ser o actual herdeiro, mas por alguma razão perdeu o trono para Salazar.
Às vezes Karius sentia que o pequeno Suguru, -nome que Segundo a mãe, o pai que vinha de uma terra distante no oriente, escolhera- estava sendo privado de um mundo de regalias e condenado a viver escondido nas sombras daquela cidade, mais esquecida que os fantasmas e monstros que viviam nela.
Ele sentia medo de que o menino adoecesse, pois a criança nunca vira o sol, mas Suguru nunca parecera tão saudável. Ele crescia forte e cada vez mais inteligente, e quando ele machucou- se ao travar uma pequena batalha com um dos Ghouls d'água, Karius não soube explicar como o machucado desaparecera instantaneamente.
-Por que ele desapareceu? Explique-se. - Pediu ao menino.
-Ah. Eu apenas desejei que sumisse, não queria que o senhor brigasse comigo. - Suguru mirou o chão e fez um biquinho.
-Deixe os Ghouls em paz. Você está assustando eles. Está na hora de fazer suas atividades, venha.
Suguru refletiu então foi até a beira do rio e curvou-se .
-Desculpe, senhor Ghoul. Diga ao vovô que venha me ver!- As criaturas guincharam e mergulharam na água.
Suguru gostava da sua vida, Karius era seu pai, os fantasmas e ghouls seus amigos e aquela cidade que muitos considerariam um tanto deprimente, era o seu lar.
Era.
Então aquela mulher apareceu, do Reino de Éos.
As criaturas das trevas não tinham resistência a luz ou ao sol, principalmente os híbridos. Por isso estavam no submundo. Alí raramente alguém os incomodava.
-Sinceramente, eu não acreditei quando o Nêmesis me revelou que você estava vivo, eu precisava ver com meus próprios olhos. - quem falou foi o homem que a acompanhava, Gion, o antigo rei de Dagda e seu avô.
-E ainda vivendo com essas criaturas asquerosas. - Ele cuspiu aquelas palavras feito veneno.
-Não fale assim da minha família! - Uma onda de fúria emergiu do garoto e atingiu o homem em cheio. - Ele arfou e franziu o cenho, claramente irritado.
-Vamos, Aurora! Seja rápida. - Pediu o homem.
-Sabe que eu odeio que me deem ordens. - A mulher ergueu as mãos, seus cabelos ruivos agitavam contra o vento, as nuvens expessas que cobriam o submundo, foram lentamente afastadas. E o sol atingiu todos como uma lança de fúria divina.
-Nós tínhamos um trato! Você prometeu! - Karius rugiu para o rei.
-Vocês romperam ele a partir do momento que acolheram o filho perdido da Rainha, trazendo desgraça para todos de Yrthur.
-Pai! Fuja agora! Por favor. Se esconda com os outros. Eu vou segurá-los aqui... - A última palavra saiu como um sussurro. Quando Suguru viu que não havia mais ninguém. Apenas aquelas cinzas escuras sendo levadas pelos ventos. E as montanhas escurecendo lentamente conforme a mulher chamada Aurora terminava sua execução. Ele é só uma criança, seu pai pensou, se existe alguém olhando por nós, não deixe que eles matem meu filho.
-Está tudo bem... Não é culpa sua... Você foi nossa benção. - Aquelas foram as últimas palavras que ouvira de seu pai.
-É isso que você é! - O velho rugiu. Destruição, medo e desespero para todos aqueles que tenham a audácia de amar você. Vamos acabar logo com isso, Aurora. - O homem agitou as mãos e puxou uma espada de fogo. Arremessando-a contra o menino.
Suguru sentiu aquela lança de fogo atravessar-lhe, então ele recordou-se da luta contra o Ghoul e e mesmo com a dor excruciante ele puxou-a apenas para ver o ferimento se curando imediatamente.
-O que você é? - Seus olhos brilhavam como fogo, quando ele respondeu.
- Eu sou destruição, medo e desespero de todos aqueles que ousem ferir quem eu amo. - Com um golpe letal, ele atingiu o coração do homem, o fogo expandindo-se por todas as veias dele e depois reduzindo-o a menos que o nada.
Seus olhos voltaram-se para onde a mulher estava, mas ela havia sumido.
Ele ficou ali, a dor da realidade do que acontecera o atingiu como uma chicotada rasgando a carne e expondo os ferimentos ao vento. Era a primeira vez que ele chorava e a primeira vez que sentia uma dor tão profunda de uma ferida que mesmo suas habilidades extraordinárias não poderiam curar.
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A Estrela Perdida da Coroa
FanfictionUm contrato assinado por seu falecido avô, coloca Satoru Gojo em contato com um mundo desconhecido, onde a magia reina. Ao assumir o papel que foi designado para ele: Manter o pior criminoso do país aprisionado. Ele descobre que aquele a quem atribu...