POV Madson Brown
- Alexander Callis é casado, e tem um filho - Garcia diz do outro lado da chamada. O barulho tipico de seu teclado era mais uma vez percebido, durante a ligação - Minha nossa...
- O que foi? - Morgan pergunta.
- A mulher dele era professora de cultura egípcia na Universidade, mas no mês passado teve que pegar um afastamento devido a um câncer que retornou.
- Você acha que isso pode ter sido um gatilho? - Rossi pergunta, olhando para Reid.
- Provavelmente. Talvez ele acredite que ao matar essas pessoas as esteja usando como um sacrifício para obter a cura da esposa.
- Mas por que violentar as mulheres e torturar os homens? - Dessas vez é JJ quem pergunta.
- Outro tipo de sacrifício, talvez - Morgan diz.
- Ou ele não acredite que essas pessoas tenham algum tipo de valor - Reid diz - Talvez ele acredite que elas servem apenas para o sacrifício, e que quanto mais dor elas sentirem, melhor será o resultado do objetivo, que nesse caso, é a cura da esposa.
Algo me intrigou.
- Garcia, envie o endereço de Callis, e do hospital onde a esposa dele está internada - pede Hotchnner - Vamos pegá-lo antes que ele faça mais uma vítima.
- Enviando! - ela diz do outro lado, encerrando a ligação logo em seguida.
- Vamos! - Hotch diz, já se dirigindo até a porta de saída. JJ, Prentiss, Morgan e Rossi o seguem.
Reid e eu ficamos na delegacia.
Era estranho pensar que aquela pessoa que conversou comigo na biblioteca poderia ser um assassino. Eu sei que eu é que tinha levantado a possibilidade, mas ainda sim algo parecia estranho, como se as peças do quebra cabeça não estivessem perfeitamente encaixadas.
- O que está pensando? - doutor Reid pergunta, me fazendo voltar a realidade.
- Nada -respondo somente. Me levantando e indo olhar o quadro com as fotos das vítimas.
- Nada? - ele pergunta intrigado - Não parece que seja nada - eu olho para ele, que estava sentado me observando atentamente - Parece que algo está te incomodando, o que é?
Volto a olhar para o quadro, observo cada vítima e cada local onde elas foram deixadas. Observo o mapa e o desenho do olho de Hórus sendo formado.
Volto a olhar para Spencer.
- Eu sei que comecei agora, e ser professora de novos agentes é completamente diferente de estar trabalhando na prática, a vida real é completamente imprevisível - começo minha explicação, quase como um desabafo - E sei também que fui eu quem levantei a hipótese dele ser nosso suspeito, mas...
- Mas você não tem certeza de ele ser o nosso elemento - ele complementa e eu assinto.
- Ok, ele é organizado. O trabalho dele exige isso. Ele teria a desculpa perfeita para estar mexendo nos livros, porque ele trabalha lá. Mas parando para pensar, o homem que conversei, não parecia um assassino.
- Alguns não parecem ser - ele sugere, e eu assinto.
É verdade, a maioria não aparenta ser completamente malucos, assassinos. Mas ainda assim, meu cérebro apita como se me chamasse atenção para uma peça do quebra cabeça que estava fora do lugar, eu só não sabia qual.
***
Algumas horas depois, a equipe retorna para a delegacia, tendo Alexander Callis sob custódia. O colocam em uma sala de interrogatório e tentam fazê-lo falar. Mas tudo o que ele repetia era "sou inocente, não fiz nada de errado".
O pior de tudo é que todos os seus gestos, expressões, tonalidades de voz, demonstram que ele não estava mentindo.
Ou, eu estava agindo como uma péssima perfiladora, e todos os anos de estudo até aqui não tinham valido de nada.
Hotch e Rossi o confrontavam, enquanto o resto de nós, assistia atrás do vidro.
- Não preciso da sua confissão - o agente Hotchnner diz - Um teste de DNA comprovaria seu envolvimento e te colocaria atrás das grades.
- Não fiz nada de errado, agente.
- Então prova - Rossi insiste, tentando forçá-lo a fazer o exame - Se não deve, não tem nada a temer. Nos dê o DNA.
Um minuto de silêncio se fez.
Seu olhar vacila. Era como se Callis estivesse em uma batalha interna, entre dar ou não o DNA.
Uma pessoa culpada não faria isso, uma pessoa culpada negaria veementemente em todas as oportunidades. Não vacilaria. Não pensaria. Não estaria com tantas dúvidas. Com tanto medo no olhar.
- Ele está protegendo alguém - Spencer diz ao meu lado.
- O quê? - JJ pergunta, confusa.
- Olha a forma que ele está indeciso - ele continua - O olhar, a expressão. A forma com que seu corpo reage. Pequenos movimentos que entregam que ele não fez isso, mas sabe quem foi.
- Mas porque não dar o DNA, então?
- Porque isso poderia comprometer a pessoa que ele está tentando proteger - Morgan responde para JJ, já entendendo onde Spencer queria chegar.
- Como assim? Quem ele estaria tentando proteger? - Prentiss pergunta.
- O filho - respondo.
***
- Se estivermos certos, ao dar o DNA para gente, o resultado vai dar negativo, saberemos que não foi ele. Mas não vai ser 100% negativo. Vai dar um percentual de correspondência, ou seja, familiaridade entre os dois DNAs. Familiaridade esse por parentesco. Ou seja, o DNA do senhor Callis, entregaria o filho.
Spencer explica a equipe.
- Ok, faz sentido - Prentiss diz - Mas a pergunta é: como o filho dele tinha acesso aos livros?
- Aonde o filho dele trabalha? - JJ pergunta.
- Não consegui essa informação - Garcia diz do outro lado da ligação.
- Se a hipotese estiver certa, ele precisava ter acesso aos livros - começo a pensar alto - Ele estuda? Faz alguma faculdade?
- Só um minuto - Garcia diz, enquanto digitava - Biblioteconomia.
Uma luz se acende na minha cabeça.
Na de Spencer parece ter se acendido também, porque ele faz a pergunta que eu estava pensado.
- Faz algum tipo de estágio?
- No banco de dados da biblioteca não tem nada - ela responde - Acontece que como eu tinha dito, aparentemente eles não conhecem a tecnologia. Mas vou olhar a da universidade, só um minutinho - mais barulho de teclado do computador - Achei! Faz sim...
- Onde Garcia? - apressa Hotchnner.
- Na mesma biblioteca que o pai trabalha.
Todos se olham em silêncio.
Meu olhar e de Spencer se encontram, seus olhos me observam de modo tão intenso, como se ele soubesse exatamente o que passava na minha cabeça:
Que é aí que a pecinha que faltava do quebra cabeça se encaixa.
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Louder Than Words (Criminal Minds - Spencer Reid)
FanficO Doutor Spencer Reid, embora seja um gênio, não conseguia se sair tão bem em sua vida pessoal, ter uma namorada morta na sua frente tinha o abalado profundamente, mesmo que já tivesse se passado anos desde o ocorrido, esse acontecimento ainda o ato...