Por acaso é uma regra eu saber quem é você?

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- Você é uma péssima amiga Clary, ficou a noite toda de cara fechada, não aproveitou nada da festa. – Yu já estava me enlouquecendo no meu intervalo.

- Quando você vai entender que eu detesto festas, multidões e sair? – Falo sem tirar os olhos do notebook.

- Annyeonghaseyo seonsaengnim.

- Você precisa parar de beber durante a semana, não está falando coisa com coisa. – Sinto um tapa no ombro e escuto uma risada masculina. Levanto os olhos da tela e me deparo com o cara da noite anterior.

- Lunático? – Recebo outro tapa. – Yuna, dá para parar! - Levanto da cadeira irritada.

- Ele é meu chefe. – Ela fala baixinho e sem jeito, eu nunca tinha visto ela dessa forma, intimidada com alguém, será que ele é tão rigoroso, mas ele é tão jovem para ser chefe de alguém.

- Ohh, ajusshi...

- Não chama ele de velho. – Ela me belisca.

- Meu coreano é péssimo, você sabe. – Continuamos cochichando enquanto ele ria da situação. – Que gritaria é essa? – Olho para fora.

- Senhor, venha comigo. – Yuna lhe chama para um canto.

- Os meninos estão comigo. Tem como fechar o café? – Enquanto eles conversam fico observando minha amiga trabalhando no intervalo dela e acho um abuso, abuso maior ainda quando ele pediu para fechar o café. Eu não iria prejudicar ela, mas certamente iria me escutar depois.

- Acho que não nos apresentamos ainda. – Ele senta na minha mesa enquanto Yuna falava com a minha chefe.

- Acho que já sei o suficiente sobre você. – Volto a escrever no notebook. – É chefe da minha amiga. – Falo sem olhar para ele.

- Que curioso. – Fecho o notebook pois agora quem estava curiosa era eu.

- O que é tão curioso? – Fixo em seus olhos castanhos escuros e diria que até bem sedutores.

- Você não saber quem eu sou. – Ele sorri de uma forma que me deixa incomodada.

- Por acaso é uma regra eu saber quem é você? – Sinto mais um tapa.

- Clary, modos pelo amor de Deus. – Yu se afasta mais uma vez.

- Então seu nome é Clary? – Aqueles olhos me fuzilavam e cada vez me sentia mais incomodada.

- Clarice, mais especificamente. – Começo a guardar minhas coisas.

- Prazer, Kim Taehyung! – Ele sorri ao dizer seu nome.

- Prazer. – Saio deixando ele me olhando de longe chocado.

- Seu chefe é estranho. – Cochicho ao passar pela Yu que parecia bem ocupada. – Quem é essa gente? – Olho para os lados e o café estava cheio de homens altos, encorpados e vestidos de preto, alguns rapazes estavam no meio desses homens e lá fora havia uma multidão desesperada.

- Clary, agora eu não posso conversar. – Ela sai com o celular na mão parecendo uma CEO dentro daquele terninho.

Vejo tudo se acalmar dentro da cafeteria, mas lá fora era uma bagunça... espero que na hora de ir embora tudo esteja calmo, eu só queria entender o porquê daquela confusão. Minha chefe atendia a mesa do chefe da Yu e os caras que entraram logo depois sentaram junto a ele, o sorriso estampado no rosto da sra. Lee significava que ela conhecia aquelas pessoas.

- Clary, me ajuda a preparar o pedido daquela mesa. – Ela volta suspirando e não ouso perguntar o porquê. E após tudo pronto fui servi-los. Sinto o peso dos olhares daqueles homens sobre mim e já estava me preparando para o pior: o assédio.

- Eu te conheço. – Diz um deles que nunca vi na vida, na verdade, todos eles eu nunca vi. Permaneço em silêncio. – Sim, do museu, você esbarrou em mim ontem. – Ele abre um sorriso enorme que mostra as covinhas no seu rosto. Me espanto ao ser descoberta dessa forma e não lembrar da pessoa a qual eu esbarrei. As coisas comigo acontecem do nada, saem involuntariamente e quando eu percebi eu estava me curvando várias vezes pedindo desculpa.

- Joesonghada, joesonghada. – Sinto suas mãos nos meus ombros e um tapa logo em seguida, Yuna estava atrás de mim. Olho com cara feia para ela, já não estava gostando desses tapas.

- Desculpe sr. Kim, minha amiga é brasileira e apesar de morar aqui há 2 anos ela ainda não se habituou com algumas coisas. – Ela me fuzila e eu lhe devolvo o olhar.

- Houve um equívoco srta. Choi, ela não fez nada de errado. – Observo de braços cruzados enquanto ela se retirava depois daquela situação chata.

- Então vocês se conhecem. – Kim alguma coisa falava nos olhando e eu já havia perdido a minha paciência, eu só queria terminar o meu expediente e ir embora.

- Os senhores me perdoem, mas eu não conheço vocês, vou me retirar com licença. – Recolho a bandeja e vou em direção ao balcão rezando para que esse dia termine.

- Impossível não conhecer a gente, ela só está fingindo. – Ouço a voz de um deles e meu sangue ferveu; quando pensei em revidar lembrei que precisava do trabalho. As horas passaram e os olhares dos dois Kim estavam ainda sobre mim, a multidão lá fora era ainda maior e a minha única preocupação era ir embora logo.

- Você pode ir para casa descansar, Clary. Saia pelos fundos para não passar por essa multidão, nos vemos no sábado. – Nos despedimos e vou em direção ao fundo da loja, deixando os olhares daqueles meninos sobre mim, uns com dúvida, outros curiosos e eu só queria ir para casa e dormir.

O chefe da minha melhor amigaOnde histórias criam vida. Descubra agora