32- No limite

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- Isso, o nosso acordo? Ele pode ser refeito?

- É só sobre isso então que está tão irritado?

Klahan não imagina por momento algum que a reação de Wat a palavras tao simples seja diferente de dizer "hia..." com aquele biquinho de choro e um olhar marejado e inocente. Mas é a reação mais contrária possível, menos esperada até para o mais velho que está preso nos pensamentos  de qual a melhor opção entre possuir o garoto ali mesmo ou deixar ele trancado no quarto como a criança que é.

- Eu quero ir embora khun Kla. Agradeço a gentileza até aqui, infelizmente não tenho como lhe pagar, desejo apenas que viva bem.

E sai da sala, é tão inesperado isso que leva uns segundos para Klahan processar as coisas.

"Mas que inferno de criança dramática "

Klahan vai atrás do rapaz e talvez agora ele tenha perdido sua paciência de verdade.

A cama está toda bagunçada e Pawat esta ajoelhado no chão onde coloca algumas poucas peças de roupa que tem em sua mochila, pelo movimento dos ombros da pra ver claramente que está chorando
Klahan se aproxima e se junta a ele no chão em frente a cama, tira não com muita brutalidade a mochila de suas mãos.

- O que pensa que eu sou? Pare com isso, não consegue racionalizar as coisas?

O garoto só chora sem olhá-lo nos olhos, então Klahan que ja esta bem irritado, sacode seus ombros levemente tentando tirá-lo daquela crise.

- Olha para mim, vamos se recomponha.

- Não...

Pawat o empurra com força, Klahan se segura firme nele para não cair, mas o garoto começa a lutar tentando se soltar.

- Eu não aguento mais... estou cansado... estou cansado... Eu tentei, agradar minha família...agradar você...fazer as coisas como todo mundo gosta...mas as coisas que eu recebo são migalhas de todos os lados... Por que eu tenho que aceitar?... Por que preciso continuar vivendo assim? ...

O mais velho percebe que as coisas são mais profundas do que imaginava, não era só um descontrole momentâneo o que fazia Pawat tão fora de si naquele momento.

- Calma, por favor só respira com calma, vamos conversar bem.

Agora a preocupação maior de Klahan é que o coração daquele garoto não aguente o surto, quanto tempo ele levou para explodir assim? O que esteve suportando da infância até agora? Se agarra forte nele e não deixa ele se debater tanto, Pawat não é nada fraco, mas o choro o deixa com as forças consumidas e é fácil de conter a agitação do seu corpo.

- Se com o nosso acordo chegamos ao limite... se não existe mais nenhum consenso ou avanço... Eu tenho que procurar outra pessoa hia? ... Tenho que mendigar amor ou atenção de outra pessoa hia?

- Pare de dizer asneiras por favor... Você não vai a lugar nenhum, e não tem necessidade de agradar a ninguém.

- Me bateram até meu corpo quebrar, mas continuo vivendo... Mas isso aqui... você... a dois anos...O meu coração está totalmente ligado a você...e ele está doendo hia...Eu poderia continuar mentindo para mim mesmo e viver nosso acordo até o último minuto da minha existência... Mas não aguento mais hia...  Se eu melhorar, você vai me pedir para partir... E eles vão me machucar muito hia...O que eu tenho que fazer pra eles gostarem de mim e não me machucarem?...

Klahan sente raiva, quer destruir aquela família um a um com as próprias mãos, mas uma coisa de cada vez, primeiro precisa acalmar Pawat.

- Eu posso descansar agora hia?...Por favor eu posso morrer agora hia?...

The two brothers Onde histórias criam vida. Descubra agora