78- Viagem de negócios

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O dia estava brilhante lá fora, mais do que o normal, era um dia que se iniciava muito bonito, céu azul, e o barulho do mar era tranquilo e relaxante mas a pessoa que despertar agora não está tão radiante quanto o dia ao contrário, ele ainda se sente exausto. É sexta  feira, Klahan se senta na cama tentando despertar totalmente.

A brisa suave do mar entra pela janela entreaberta do quarto, a calmaria e o silêncio do lugar parece ter aliviado um pouco a tensão que vinha sentindo esses dias todos. Ainda está nítida em sua mente a conversa que teve com o irmão antes de voltar para casa na noite passada, depois dos acontecimentos no mínimo perturbadores na casa de Bean e com Abey.

- Você está bem?- Os dois estão parados de pé próximos ao carro de Klahan, ainda na entrada da casa do primo. Mond olha com preocupação para o irmão.

- Você era bem pequeno na época, Jhony devia ser pouca coisa mais velho, uns 2 anos? Eu não era igual agora, ainda estava aprendendo muita coisa. O vovó tentava ensinar, o tio Kulap também. Mas Korapat nunca se importou muito conosco, nem em me criar ou ensinar as coisas, então não me admira em nada o que ele fez, mas é um pouco perturbador. Não estou abalado, eu e você já vimos muitas coisas, passamos por muitas coisas e desenvolvemos uma certa resistência a crueldade. Pessoas como nós estão acostumadas a esse cenário e a ser traídos dentro da corporação, a traição faz parte do trabalho, a morte faz parte do trabalho. É só que Jhony, o olhar dele, as palavras de Abey,  tudo foi um pouco além do que estou habituado entende? Não posso concertar o passado, não adianta eu ficar remoendo isso, as razões de Korapat são óbvias agora, lembro das reuniões que tínhamos antes de você nascer, ele sempre estava envolvido em coisas que excediam o limite. Pode parecer engraçado mafiosos respeitando um limite, mas nossa família sempre foi assim. Temos negócios ilegais,  mas temos um código e um limite que nos diferem de quem faz tudo pelo poder e pelo dinheiro. - Mond balança a cabeça em concordância - Não mexemos com vidas, não tiramos se não for necessário, não atacamos se não formos atacados primeiro, não traficamos pessoas. Mas aquele homem, ele nunca respeitou os limites. Disso eu já sabia, só precisei de um momento para digerir a descoberta da  forma que ele me usou dentro dos planos dele, entende?

- Sim, eu vi como você ficou irritado.

- Não sei se irritado é a palavra certa, estou um pouco, ou melhor, estou muito cansado, no corpo, na cabeça. Várias questões surgiram juntas e os problemas se acumularam, o trabalho se acumulou também. Preciso ir para ilha finalizar alguns trabalhos, ainda tem o assunto de Pawat e agora Korapat e Jhony. Seu velho irmão está exausto.

Mond suspira fundo, passa a mão no cabelo tentando aliviar a tensão.

- Se eu puder fazer algo...

- Mais?...- Klahan sorri olhando o irmão e bagunça o cabelo que ele acaba de arrumar- Você já fez mais do que podia e aposto que está ignorando seus assuntos para cuidar dos meus. Graças a você tudo já está basicamente esclarecido em relação a Pawat, agora falta muito pouco para conseguir resolver essa questão.

- Quando tudo estiver resolvido o que vai fazer com o garoto?

Mond olha de canto de olho para o irmão, sabe que ele normalmente desconversa quando o assunto é sobre seus sentimentos.

- Como assim? Ele quer retomar os estudos, vamos fazer isso, ele vai estudar e seguir a vida.

- Kla... sabe que não estou falando nesse sentido.
Mond toca no ombro do irmão, tentando incentivá-lo, encorajar ele.

- O que você espera? Que eu peça ele em namoro e a gente seja feliz para sempre? Como alguém espera que isso seja possível? Eu gosto da companhia dele, é agradável quando temos nossos momentos juntos, mas assim que retormar as aulas e se ele decidir seguir um rumo diferente, eu vou apoiar e respeitar isso.

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