82- Maus momentos

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Pawat está radiante ao entrar no quarto, os dois subordinados ficam de guarda na porta.


"Será que o hia pensa que vou fugir?"

 
O estudante está pensativo agora, nessa manhã pretendia mesmo escapar, mas é por que a notícia o pegou tão de surpresa que ele simplesmente queria enfrentar a família naquele momento, entender o por que de tantas mentiras em volta de seu estado de saúde. Mas o seu hia tinha ajudado a se acalmar, mais que isso, agora ele sabia com certeza que 3 coisas maravilhosas tinham acontecido, a primeira era que não iria precisar mais contar os dias de vida, a segunda que seu hia tinha sentimentos por ele e a terceira que ficariam juntos oficialmente de agora em diante. Claro não teve pedido de namoro ou uma grande declaração de amor. Mas não precisava, conhecia bem o mais velho, e não seria nem natural ele fazer algo desse tipo, ou seja estava feliz, para outros aquilo podia parecer pouco, mas para ele que conhecia o temperamento de Klahan, aquilo ja era muito o mais velho se importa com ele e eles podem viver bem um dia de cada vez, como já vinha sendo. A diferença é que agora tinha um peso enorme que foi tirado de seus ombros, morrer todos vão algum dia, mas viver sabendo a data da morte não é nada bom, por muitas vezes Pawat estrapolava os limites pela sua condição, como o fato de atrair os homens por aí, se envolver em confusão, ser inconsequente. Klahan mudou muita coisa em sua vida, inclusive isso.

 
Pawat tomou um banho rápido, queria aproveitar a tarde e tirar mais algumas fotos enquanto esperava seu hia voltar do trabalho.  Estava no banheiro ainda, tinha acabado de vestir uma bermuda e uma regata, o calor estava o incomodando, secava o cabelo quando ouviu  barulhos estranhos vindo de fora, saiu para verificar, mas não teve muito tempo de reação, um homem grande e com cara de poucos amigos segurou com força seus braços os prendendo nas costas. A cena no local era bastante caótica os subordinados que ficaram para lhe proteger estavam em uma briga intensa com outros homens que tinham invadido o quarto. Mesmo sendo bem treinados os adversários estavam em maior número, os dois homens não resistiram muito tempo e ao vê-los caindo parecendo sem vida Pawat se desesperou, seja quem fosse que estava por trás daqueles homens isso provavelmente não iria terminar bem de forma alguma, com muita dificuldade conseguiu se livrar dos braços do grandalhão e voltou para o banheiro onde se trancou. Encostado contra a porta, coração batendo acelerado pode ouvir um dos homens falando.


- Você sabe as ordens, tire esse bastardo do banheiro, agora.

*****

Saifah está irritado, já faz dias que está irritado, vive a vida inteira assim, mas os últimos dias tem sido piores, depois dos problemas que teve com o irmão doente resolveu que é hora de passar as ações que estão no nome dele para si mesmo e remover o mais novo, ele anda muito instável ultimamente e não pode esperar a doença matá-lo. Precisa da assinatura dele nos documentos, muitas coisas consegue falsificar e até tem uma procuração, mas certas formalidades ainda tem que respeitar, os documentos da empresa precisam estar o mais corretos possível, não quer arriscar perder ela. Esta no escritório em casa, cheio de trabalho e envolto nessas preocupações quando o telefone toca. É Thun, não tem tempo para os caprichos do menor, mas atende mesmo assim, a conversa é rápida, as informações que o pequeno passa são a localização de Pawat e que está acompanhando de dois seguranças. 

Saifah está furioso, que tipo de bastardo esta escondendo Pawat? Por que dos seguranças? O que Pawat revelou sobre a família? Não entende por que aquela criança doente só não morre logo e deixa de ser uma pedra no seu caminho. Liga para alguns contatos que tem na ilha, gente nada descente que faz tudo por dinheiro, não queria chegar nesse ponto, mas a fuga de Pawat não lhe deixa muita escolha, precisa do mais novo ali imediatamente. Acerta com os homens que não importa o estado em que tragam o rapaz, com tanto que tragam ele com vida, em seguida tenta ligar para o pai, precisa de alguns documentos que estão na empresa, mas se frusta quando o pai não atende suas chamadas, nesse momento pretende ir ao encontro do bastardo do seu irmã, não pode passar na empresa então liga para mãe, o que acaba sendo inútil já que ela fica estupidamente nervosa durante a conversa, ele simplesmente desliga o aparelho e se prepara para ir para empresa, precisa de tudo pronto quando trouxerem Pawat.

*****

- A senhora está bem?

- Sim, obrigada.

Chaisee tenta se recompor, o enfermeiro ainda apoia ela, o elevador logo se abre, mas ela não desce, pra quem deve pedir ajuda? Talvez voltar até o escritório de Daw? Ele pode ajudar? Como?

- Quer que eu te acompanhe até seu carro? 

A voz do enfermeiro trás ela de volta a realidade,  estão no subsolo o elevador aberto para a garagem. Sim é melhor ir até Saifah e descobrir o que está acontecendo de fato, então ela acente com a cabeça enquanto o jovem enfermeiro lhe acompanha. Ela está tão atordoado que nem percebe que não está indo na direção onde seu carro está estacionado, na verdade se dá conta tarde de mais que está indo na direção oposta.
Os dois param diante de um veículo e ela se volta para o rapaz.

-Esse não é o meu...

Não tem tempo de dizer mais nada, com um golpe não muito forte acaba caindo nos braços do enfermeiro que a coloca imediatamente para dentro do carro.

*****

"A que maravilha agora eu virei um sequestrador "

Kan suspira passando as mãos no cabelo enquanto olha a senhora desacordada no banco de trás, ela vai dormir por um longo momento agora, o que dá tempo a ele de pensar nos próximos passos, se entendeu bem o garoto de Klahan foi levado. Precisa avisar alguém, primeiro liga para Gear e conta o que aconteceu, depois pede para que ele venha encontrá-lo. Vai para área externa na frente do hospital esperar por Gear, está ansioso, não tinha pensado em pegar a mulher, mas a oportunidade estava ali, ela era a resposta para tudo, se colocasse ela e o filho cara a cara o mistério termina, mas está realmente nervoso, Gear precisa chegar antes que ela acorde.

*****

Klahan mal chegou ao escritório e tem uma surpresa, Ratt não parece nada contente, resmungando enquanto procura uns papéis nos arquivos de Klahan.

-Ratt? O que faz aqui?

- Aah você chegou, eu não encontrei uns arquivos no meu escritório, então vim ver se você tinha cópias aqui.

-Só isso? Certeza?

Klahan se senta em sua cadeira, Ratt com a cara mais frustada do mundo se senta também.

- Gus foi convidado para uma exposição internacional. O que ele pensa? Que eu posso simplesmente seguir ele onde ele for?

Agora Klahan sorri e entende o por que do outro estar com aquele mal humor todo.

- Por isso veio para ilha? Para trabalhar enquanto tenta esquecer seus problemas amorosos?

- Quem disse que tenho problemas?

- Ninguém, acho que nem é um problema, você já decidiu seguir ele não é mesmo?

- Eu lá sou homem de...-Ratt levanta os olhos e percebe que Klahan está rindo dele, suspira entregando os pontos- Desde que levaram ele, nunca ficamos separados tanto tempo, eu me preocupo, é isso.

- Sabe que podemos cuidar dos negócios aqui, eu Mond o pessoal, está na hora de Max assumir mais responsabilidades também. É um tempo muito longo?

 -Não, cerca de 3 semanas, talvez um mês fechando, se eu fosse queria aproveitar um pouco e passear com ele.

- Se você fosse? Não está óbvio que você vai?

- Mas não é agora, ainda tenho algumas semanas para decidir.

- E está estressado desde já?

- Você não sabe como é, Gus ele... ele é frágil, o sequestro, naquele ano ele passou por muita coisa, a mente dele, ele...

- Ele é forte, pessoas que não vivem como nós quando encaram a violência desmoronam, ele não fez isso, ele deixou você ajudar, ele decidiu que ia sobreviver e sobreviveu. Não use essa desculpa, você não está indo nessa viagem por que ele é frágil, está indo por que é um bastardo possessivo que não consegue ficar longe do seu homem.

- Klahan seu ... Quem disse que eu vou? Eu vou ficar bem aqui e cuidar dos meus negócios... eu...

Ratt não finaliza, se segura para não explodir com o outro que agora ri da situação enquanto ele se sente cada vez mais irritado, a dois anos que já não rompe em violência quando algo o irrita, é uma pessoa muito mais calma agora, então só respira fundo e tenta não xingar Klahan que ainda sorri enquanto se volta para seu computador.

Os dois trabalham por um tempo até que uma chamada os interrompeu, era  Gear...

The two brothers Onde histórias criam vida. Descubra agora