42- Emboscada

36 7 2
                                    

Taeng entra no quarto do hotel onde estava hospedada a dois dias, senta na cama sentindo dificuldade em respirar, passa a mão pelos cabelos curtos na altura dos ombros e fica segurando a cabeça alguns minutos tentando se recompor.

Precisa bolar um plano, mas não quer se expor, seu instinto lhe diz que tem algo muito maior por trás de tudo, não é possível que seja tão difícil por anos encontrar provas e do nada cai no seu colo a informação que estava buscando.

Uma coisa é certa, aquele homem tinha atirado no seu irmão, matado ele, pelos relatórios que encontrou o outro homem Abey trabalhava junto e sabe com certeza sobre o que aconteceu no passado. Agora seus planos tinham mudado. Não ia contar nada a Jhony. Mesmo por que o sobrinho tem se mostrado inútil ao longo dos anos.

Tem duas coisas que precisa fazer.
Uma delas é interrogar o garoto para saber o destino do seu pai.
Outra é  pegar o homem chamado Klahan. Não pretende matá-lo a princípio, mas quer tirar algumas verdades da boca dele antes de dar fim nessa parte da vingança.

Pelo que sabe o homem era bom em tortura, quem sabe um pouco de tortura não o faria falar, quer ter certeza que tudo se resume a um erro da parte do homem ou se tem coisa oculta nessa história.

Depois de alguns minutos arquitetando bem um plano resolve fazer algumas ligações. Não ia pessoalmente atrás do homem, mesmo tendo se preparado a vida toda para isso, sabia que se olhasse ele olhos nos olhos ia apenas terminar ali as coisas com um tiro nele e pronto. E não podia ser assim. Talvez Jhony fosse mais controlado, mas não  ia poder, nem queria envolver o rapaz por enquanto.

Primeiro queria pegar o mafioso depois ia atrás do menino que estava trabalhando no restaurante.
Combinou bem com alguns homens de sua confiança para armar uma emboscada para Klahan. Finalmente depois de vários anos sua vingança seria de fato levada a conclusão.

Os homens iriam pegar Klahan torturar se fosse preciso e tirar o máximo de informações que o mafioso soubesse sobre o caso Nattawin. Depois deviam dar cabo da vida dele.

*****

Wat abre os olhos devagar, a claridade do dia entrando pela janela está fazendo com que ele esprema os olhos, mas logo se acostuma com o ambiente e vê o homem mais velho de frente para o espelho ajeitando a gravata.

- Hia você vai sair?

O outro se volta para ele.

- Tenho algum trabalho acumulado já criança. Na verdade é cedo ainda, você deveria dormir mais. No fim da tarde eu estarei de volta. Aliás você está com pouca roupa, podemos passar no seu dormitório ou até mesmo ir comprar algumas coisas se quiser, eu posso...

- Ei hia, eu tenho dinheiro.

Wat interrompe Klahan, não quer de forma alguma ser um peso para o outro.

- Quem disse que vou comprar alguma coisa pra você? Só ia dizer que posso te acompanhar se quiser, também preciso comprar coisas pra mim mesmo.

- aaah, perdão hia.

Wat se encolhe um pouco na cama. Fica triste de ter entendido errado. E também não existe nem motivo para o mais velho comprar coisas para ele, não estão em um relacionamento nem nada parecido no fim das contas.

- Estamos combinados?

- Sim hia, vou ficar pronto no fim da tarde para gente sair, podemos passar no meu dormitório e pegar roupas, se for para comprar algo, só itens se higiene eu quero.

- Ótimo, estou indo agora, tome seu medicamento e não fique ocioso o dia inteiro ou na frente da TV.- Klahan já está saindo quando para na porta e se vira para o interior do seu quarto. O mais novo está deitado com um olhar triste no rosto, ele tem grandes olheiras e sua pele parece muito mais pálida que antes.- Outra coisa, o canil, não se aproxime do canil.

- Já me avisou antes hia, eu não vou.

- São cães assassinos, falo muito sério sobre isso.

Wat balança a cabeça concordando e vira para o outro lado da cama se cobrindo até a cabeça.

Klahan suspira profundamente, ter uma criança em casa não é fácil. Logo sai deixando o rapaz descansar em seu quarto. Imagina se é um erro deixar ele dormir ali, mas seja ou não um erro, agora é algo que já fez.

No dia anterior já tinha reparado que o rapaz comeu bem pouco, e depois a noite ele ficou extremamente mal com as coisas que descobriu sobre a família estar mentindo para ele esse tempo todo. Klahan queria arrumar um modo de animar um pouco Pawat, mas não sabia como.

Ao chegar na sala pensa se deveria ir ao quarto de Mond, queria lhe pedir para ir no hospital verificar algumas coisas, mas ainda estava ponderando essa ideia. O irmão estava em uma fase que parecia que só estava nesse mundo para se divertir. Estava com trabalho acumulado justamente por que o bastardo raramente o ajudava com os negócios. Mas por um lado estava bem com isso. Melhor seu irmão vivendo assim e aproveitando a vida do que se metendo em confusão por ai. Enquanto saia ligou para um dos seus homens de confiança e pediu que verificasse e investigasse o hospital e Daw.

*****

- Acho que meu irmão avisou para não vir aqui, não avisou?

Mond, nem precisa voltar o rosto para saber quem se aproxima, está sentado na varanda, aos seus pés Ártemis está deitada tranquilamente, ela está bem melhor agora, não muito longe da pra se ver o canil. Pawat está apoiando na porta, olhando com receio para fora.

- Perdão eu estava um pouco entediado então estava só dando uma volta pela casa eu...

- Só faça o que meu irmão mandou você fazer.

- Sim vou voltar para o quarto.

Mond levanta o olhar por um instante para o rapaz que se apoiando na porta tenta voltar para dentro. Os olhos estão bastante vermelhos e inchados a pele pálida de mais, o que será que ele tinha agora?

Mond levantou e o apoiou a tempo quando ele cambaleou na tentativa de andar para dentro de casa.

- Você comeu hoje? Melhor comer ou meu irmão vai chegar e brigar com você, sabe disso não é? Você é o que alguma criança?

Pawat sorri um sorriso fraco, aqueles irmãos são mesmo bem iguais principalmente na hora de dar bronca nele. Ainda está se segurando no braço de Mond quando um subordinado entra correndo pela sala, parando abruptamente na porta ao ver a cadela que não se move, apenas continua olhando entendia para os homens que conversam não muito longe dela.

- Senhor, temos problemas.

- Do que se trata?

- É sobre o senhor Klahan, ligaram dizendo que ele nao chegou ao escritório e ninguém consegue entrar em contato com ele. Acabamos de localizar o carro, mas esta vazio abandonado, e tem sinais de luta no carro, manchas de sangue, não sabemos pra onde o levaram, quem o pegou ou o que está acontecendo.

Mond que já começa a pensar rápido em do que se trata tudo aquilo, quer responder mas se assusta com a queda de Pawat, que não fosse pelo fato de estar escorado nele tinha ido direto para o chão.

- Ei... Pawat...Pawat... Anda me ajude aqui.

Faz sinal para o rapaz que vem ajudá-lo a sustentar Pawat de pé. Monde e o subordinado carregam ele até o quarto de Klahan onde o deixam na cama.

- Que inferno, que porra está acontecendo agora?

- Pode ter desmaiado pelo susto e não parece estar se alimentando bem, está até leve.

- Provavelmente, vou chamar alguém para ficar de olho nele, e depois  precisamos localizar meu irmão imediatamente.

- Hia?!...

A voz de Pawat sai fraca, as lágrimas já rolam sem controle nenhum. Monde se vira para ele.

- Eu vou trazer ele de volta, e você pare de chorar e vá se alimentar, meu irmão vai ser bastante rude com você se te encontrar assim, acredite em mim. Você precisa estar bem, pra quando ele voltar, se ele precisar de cuidados entendeu?

- S...sim...

Mond logo sai do quarto, vai atrás do paradeiro de Klahan, quer parecer calmo e tranquilo sobre isso, mas por dentro está queimando, quem ousa tocar no seu irmão assim? E com qual objetivo?

The two brothers Onde histórias criam vida. Descubra agora