The two brothers

76- Lágrimas

A noite tinha sido longa, nenhum dos dois realmente dormiu, des mde que Young chegou ao quarto Jhony o abraçou forte e não disse muitas palavras, o pouco que falou explicou por cima o que tinha acontecido com sua tia. O Chef preocupado perguntou se Jhony queria ficar no hospital com ela, mas Jhony já tinha verificado e ela estava na UTI e não podia ter visitantes que não fossem da família.

E como Taeng mesmo tinha dado um jeito de desvincular os dois para não serem rastreados, ele não podia ir ficar com ela nessa hora difícil.
A única coisa que pode fazer por ela foi usar a própria influência e dinheiro que ela tinha para protegê-la, foi atrás de alguns contatos antes de ir para o hotel e assim conseguiu a transferência dela para um hospital particular na área VIP e com alguns seguranças mal encarados, isso ia manter longe seja qual for o louco que fez o que fez com ela, com certeza Korapat, que aparentemente estava por trás de tudo.

O pior para Jhony além de saber que ela estava nesse tipo de situação, era ter a certeza de que alguém muito maior sempre esteve por trás do mistério da morte de seu pai. Na verdade ao descobrir que Klahan estava envolvido, Jhony não conseguiu acreditar que a história era só isso, e terminava ali no mafioso que para ele nunca pareceu alguém que tira vidas inocentes.

Já estava amanhecendo e a tensão do dia atribulado que passou ontem se somou com o pouco descanso que teve nessa noite e o cansaço era grande, tinham tomado um banho, e deitado para tentar descansar, Young tinha levado roupa para eles. Mas ainda estavam na mesma posição, Jhony deitado nos braços do Chef, as vezes chorando, as vezes quieto, mas nunca dormindo. A preocupação de Young agora era muito grande.
As lágrimas cessando e voltando de quando em quando, faziam seu coração doer e se partir, ver o homem que amava naquele estado estava destruindo seu interior, o temor maior na verdade era de Jhony se deprimir com aquela situação toda e entrar em um vórtice de dor e culpa.

- Você precisa descansar ou vai adoecer meu amor, por favor tenta dormir ao menos um pouquinho.
Young fazia carinho de leve em seu namorado sem muita pressa ou força, queria que o toque o ajudasse a adormecer, mas nada parecia fazer isso acontecer.

- Eu sabia que um dia ia ter que enfrentar a realidade...

A voz de Jhony sai rouca, Young beija de leve sua testa sem parar de tocá-lo com carinho nas costas e na cabeça.

- Se não consegue dormir, vamos tentar conversar... talvez isso te alivie e te faça pegar no sono também. Me diz o que pretende fazer agora amor?

- Não sei...Sinceramente, não sei. Acho que a princípio de tudo com certeza meus dias na organização deles acabou.

- O restaurante?

- Bean me deixou ficar, mas não tenho certeza se ele confia em mim de fato para isso, mas...

- Mas? O restaurante é algo que não quer seguir fazendo?

- Pelo contrário amor... -Jhony se aconchega mais a Young o abraçando com força.- Para que você entenda, eu cresci mudando de país, de cidades, de escolas, de faculdades, então sempre que estava me acostumando com algo, isso mudava, o maior período que passei fazendo algo, foi depois de conhecer o senhor Gear, com ele passei um período longo e bom relativamente da minha vida, onde não era a vingança que me movia, parecia um trabalho comum e eu estava bem. Depois ao entrar para máfia eu achei que meu mundo ia virar um verdadeiro inferno, descobrindo coisas sobre os trabalhos obscuros deles e sobre meu pai, só que não foi assim, os trabalhos que Bean faz são bem limpos na verdade, as transações, os carregamentos, óbvio que existem conflitos, mortes, brigas, mas não é a sujeira que eu imaginava que seria. Bem porque, eu dividia meu tempo com isso e com o restaurante e lá a dois anos já, se tornou meu paraíso particular... -Jhony levantou os olhos para encarar o namorado que também fez um movimento para olhá-lo assim cara a cara, Young vê que os olhos de seu amor brilham, mas não só pelas lágrimas, existe um rubor em seu rosto e ele parece feliz ao dizer aquelas palavras, mesmo em meio a tanta dor. - Eu me sentia um adolescente, indo na cozinha te observar, cada vez que você sorria, ou seu olhar se voltava na minha direção eu sentia meu corpo estremecer, meu coração bater forte, o ar chegava a faltar imaginando você tão perto eu queria te tocar, abraçar, isso era gostoso, meu coração estava aquecido. Quando novo eu nunca tive tempo para parar e pensar oque eu queria ser quando crescesse, ou para namorar e criar laços com alguém, mas no restaurante eu vim a ter as duas coisas, o trabalho é ótimo eu me identifiquei com ele, algo que nunca sonhei, e o amor eu encontrei naquele lugar também, outra coisa que não ousava nem pensar a respeito antes também.