98- Culpa

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O tempo mudou de repente, uma chuva fina caia lá fora agora, Klahan tinha acabado de conversar com Gear, Kan e Jhony, o último tinha garantido que não teria problemas em trabalharem juntos, queria resolver essa questão o quanto antes agora.

O telefone de Klahan tocava sem parar então os outros desceram e deixaram ele atender no escritório do restaurante, parado perto da sacada ouviu apenas o que a pessoa do outro lado da linha tinha para falar, as notícias foram no mínimo chocantes, mortes, Mond, se sentiu muito cansado de repente, tinha apenas 41 anos, nem era tão velho assim como Phat o chamava, mas naquele momento se sentiu como se tivesse mais de 60 e nem o corpo, nem a mente estavam bem para lutar.

Respirou fundo, fechando os olhos por um momento, devia ter imaginado isso quando Mond saiu daquele jeito de casa na noite passada, o barulho da chuva ajudava a se acalmar, racionalizar e tomar uma decisão sobre tudo que estava acontecendo ao seu redor últimamente, não foi difícil decidir  o que fazer a seguir, mas foi doloroso. Pegou o telefone de novo e ligou para o irmão, queria que ele fosse para casa imediatamente e o esperasse lá. Logo em seguida seu telefone voltou a tocar, ele sabia exatamente quem era, então respirou fundo novamente antes de atender.

- Olá pai...

- Qual dos dois malucos gosta de se expor igual Korapat? Você ou o bastardo do seu irmão? Venha para cá imediatamente e traga aquele moleque junto.

- Já chego aí Pai, não vai ser necessário levar o Mond.

Klahan desliga logo em seguida, e desce. No restaurante a conversa é animada Phat e Pawat parece estar se dando bem e Kan e Gear estão animados, até mesmo Young que abraça a cintura de Jhony está rindo junto com os rapazes, já Jhony parece ainda ter uma expressão um pouco triste mais tenta entrar no clima dos demais.

Klahan olha aquela cena por mais algum tempo antes de interromper eles, agora está ponderando tudo que pode ponderar, o caso não é mais algo simples, que podem resolver como resolviam antes, as guerras entre a máfia, bandido matando bandido, é uma coisa que a polícia gosta de ignorar, mas certas coisas não passam tão despercebidas, e está na hora de resolver toda essa situação, e aqueles sorrisos naquela sala, é algo que Klahan quer preservar com certeza.

- Hia ...

Pawat se levanta imediatamente quando vê o mais velho e corre para o lado dele. Klahan aceita quando o estudante o abraça, mesmo diante de todos, hoje não vai fazer nenhuma objeção, hoje vai deixar sua criança fazer o que ele quiser.

-Vou pedir para te levarem para casa, eu tenho um compromisso com minha família. -Klahan diz baixinho para o rapaz, que mesmo fazendo bico, concorda com a cabeça.

Todos se despedem ali mesmo e cada qual segue seu rumo, Jhony tinha deixado eles de sobreaviso que assim que confirmar que a localização de Korapat e onde ele está imaginando, iria informar todos eles. Sendo assim mesmo sem ter um particular com Klahan,  Jhony não levantou questões antigas por enquanto, primeiro iria colaborar com o mais velho e derrubar alguém maior e muito pior primeiro, antes de se acertar com Klahan.

Na frente do restaurante Pawat ainda está abraçando ao mais velho, está sentindo algo estranho no jeito de Klahan, mas não sabe determinar o que é.

- Hia, você está bem?- Pawat o olha desconfiado.

- Claro criança.

Klahan olha com carinho para Pawat, os olhos do mais novo são realmente bonitos, na verdade cada traço dele, mesmo com o rosto ainda machucado,  andando meio estranho por causa da perna que ele ainda reclama que dói. Ainda com tudo isso aquela criança não deixa de ser bonita. Klahan no entanto não consegue esquecer o que acabou de descobrir no escritório, então apenas puxa o mais novo e beija com carinho os lábios dele, um beijo rápido e tranquilo, tem receio do que virá a seguir e pretende proteger essa criança uma vez mais.

- Volte logo para casa tá bom hia?- Pawat sente dor no peito, uma tristeza que vem sem ele saber o motivo.

- Eu chego logo, se Mond já estiver lá, peça para ele não sair e esperar por mim ok?

- Vou pedir hia...

Pawat vê Klahan se afastando indo para outro carro, leva a mão ao peito que está apertando, incomodado com algo.

"Por que estou me sentindo assim? Será que tem algo errado com o hia?"

Tenta não pensar muito nisso, não quer se preocupar atoa, o mais velho sempre se cuidou muito bem até hoje, tem certeza que Klahan sempre vai estar ao seu lado, então quer que esses medos vão embora de seu coração. Entra no carro onde um dos subordinados o espera e segue para casa.

*****

Bean não está com a melhor cara, ser arrancando de um compromisso no fim de semana não foi nada bom, as expressões de seu pai e do seu avô eram pior ainda e agora o rostinho calmo de Klahan só vinham piorar tudo.

Sonchai quem começa a falar, todos silenciam em respeito ao mais velho.

- Vamos aos últimos acontecimentos, primeiro um pequeno problema na ilha onde a polícia foi acionada, mas vocês resolveram as coisas pelo que fui informado, logo em seguida essa merda aqui na cidade, alguém pode me explicar isso? Alguém com as melhores intenções do mundo foi na casa de um empresário e simplesmente fez uma festa, bem sangrenta lá, não bastasse isso temos ainda o corpo de um menor, alguns homens foram acionados para limpar a bagunça, mas a porra da pessoa que fez a bagunça foi sozinho, ignorando nossa cautela, ignorando nossos métodos, ignorando que para qualquer operação precisamos de apoio, cego o merdinha que fez isso estava cego, de ódio talvez?- a voz do mais velho vai subindo um tom a cada nova frase e agora ele está gritando literalmente - Como se nada disso bastasse nossos homens chegaram lá depois da polícia que já tinha sido chamada por um jardineiro que a porra do inconsequente que foi fazer está bosta não notou. Que puta bagunça é essa? Quem vai começar a explicar? E por que a merda do seu irmão não está aqui?

- Calma pai, olha o coração.

Kulap vai até o pai e lhe dá um copo com um pouco de água, enquanto o mais velho bebe e se acalma, Kulap toma a palavra se voltando para Klahan e Bean.

- Deu para resolver algumas coisas, as investigações iniciais apontam a morte do menor como suicídio e o mais velho pelo estado parece ter sido feito por um assassino, não existem provas suficientes ou testemunhas, o caso provavelmente vai ser arquivado em breve, estamos trabalhando para isso. O problema na verdade é que sabemos que isso aconteceu através de alguém da nossa casa, os homens que foram ao local não quiseram falar de quem foi a ordem, e eles estão sendo disciplinados então não puderam avisar a pessoa que deu a ordem. Imagino que Mond ainda não saiba que...

- O que meu irmão tem a ver com isso?

Klahan parece calmo mas o olhar para o tio é realmente sombrio e assustador agora.

- Kla, você não quer que a gente acredite que...-Bean se volta para o primo, mas suas palavras são interrompidas quando Klahan bate com força a mão contra a mesa

- Você não sabe como é gostar de alguém? Se fizessem mal a Kanya, você não faria o mesmo?

- Kla você não é assim...

- É como o pai disse- Klahan se volta para o tio e o pai que o olham perplexos agora. - Eu estava com ódio, machucaram muito a minha pessoa na ilha, eu não conseguia pensar direito, então fui e matei o desgraçado que ordenou o sequestro da minha criança. Mond não estava comigo na ilha, todos sabem, Mond anda cuidando da vida dele. Quem me ajudou a coletar informações nesses últimos dias foram amigos de fora, Mond me ajudou a princípio,  mas agora ele não estava mais ajudando, eu disse a ele para se afastar desse negócio.

- Traga ele aqui e vamos tirar isso a limpo...-Bean continua agora está com raiva da atitude de Klahan.

- Não é necessário...-Klahan fala com calma ainda- Qual minha punição tio?

Kulap coça a cabeça, está um pouco atordoado.

- Bom... Esse caso não é pequeno o homem que morreu é CEO de uma grande empresa, a imprensa já está começando a falar, mais não existe maneira de ligar essas mortes conosco, a princípio só acho que se você realmente fez isso, é bastante imaturo da sua parte ser tão descuidado e isso não combina com você,  e sim com seu irmão.

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