90- Motivos

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Depois de limpar o choro, Pawat finalmente consegue questionar a mãe. No fundo quer saber sua motivação para tudo aquilo

- Eu... por... por que me deixou pensar a vida toda que me odiava, enquanto fazia tudo isso por mim pelas minhas costas?

- Por que eu nem soube criar vocês, olhe Saifah,  Thun vai acabar indo pelo mesmo caminho cedo ou tarde, Earth nunca me ouviu sobre nada, eu desisti, de mim, da vida, eu realmente nunca me importei. Mas você... você era a única luz dentro da casa, Saifah te empurrava, te batia, e você perdoava, dizia que aguentava, você vinha da escola com vários desenhos para dar a ele, ele rasgava diante dos seus olhos e no dia seguinte você trazia novos desenhos. Sua esperança nunca acabava, seu amor nunca acabava, no dia que me trouxe uma joaninha, você lembra? Eu estava prestes a fazer uma loucura estando grávida do seu irmão, e você de forma tão inocente e sutil me salvou, de mim mesma, da minha loucura. Eu não sou uma boa mãe, eu nunca fui eu nunca vou ser, mas eu não podia te ver morrer...A única coisa boa que eu fiz durante a minha vida toda, foi você meu filho. Eu não quero que me perdoe por não ter demonstrado amor, eu não quero que você me agradeça por salvar sua vida. Eu quero que você viva, e que ninguém mais te machuque... eu menti, muito, mas eu precisava te salvar, e eles não podiam saber, ou te machucariam mais...

Pawat se vira e abraça com força Klahan, esconde seu rosto no peito do mais velho que não evita o abraço e segura com força sua criança, fazendo carinho em sua cabeça para acalma-lo.

Phat está muito triste vendo tudo aquilo, seus olhos chegam as estar marejados e ele aperta as mãos de Gear e Kan que fazem carinho ambos nas mãos dele, sabem como ele pode ser sensível para certas coisas e aquela situação deixa até os dois mal, um nó na garganta, Kan pensa em Sui, Gear em Tony. Como uma família pode ser isso? Como uma família pode ser assim? Todos na sala entendem aquela senhora, que já estava metida na lama até o pescoço e não se importava com a sujeira, não até alguém tão limpo entrar na sua vida. Ela quis proteger, não sabia amar, mas quis dar uma chance a um serzinho tão inocente.

Tudo aquilo era realmente muito triste. Levou longos minutos para tanto Pawat quanto Chaisee que choravam muito se acalmarem e continuarem a conversa.

- Uma... uma coisa eu não entendo... Se eles soubessem que eu ia viver, que diferença isso faria ? Eu podia ir morar sozinho, estudar, deixar eles e viver minha vida, me desvincular da família. Eu sei que P'Saifah não gosta de escândalos. Tinham medo que eu causasse escândalos era isso?

- Na verdade não...- Chaisee respira fundo- Tem a ver com a empresa, eu não sei os detalhes, não me envolvo com essas coisas, seu pai e Saifah cuidam disso. Mas sei que seu nome está envolvido com as coisas de lá, você assinou papéis sem saber o motivo, sempre teve muito receio de despertar a ira do seu irmão, então ele mandava e você assinava não lembra? Ele dizia que eram papeis sem importância, coisas relacionadas às poucas ações que você e Thun tem direito, que era coisa pequena. Mas suspeito que não seja tão pequeno assim...

- E não é...- Klahan olha para Chaisee, fala com calma, no fundo não está calmo, mas não quer assustar o mais novo- Ele é dono de tudo, colocaram tudo no nome dele, a senhora entende agora? Sua família é um lixo...

- Hia...
Os olhos dos dois se encontraram, é visível o cansaço de Pawat.

- É isso mesmo criança, estavam se aproveitando do seu seguro de vida, da sua morte eminente, para beneficiar a empresa. Aquelas pessoas, não merecem nada de bom nessa vida, o que fizeram é tão baixo que embrulha meu estômago e olha que já vi muita coisa ruim nesses meus anos vivendo como eu vivo. Mas agora acabou- Klahan toca de leve no rosto do mais novo, teme machucar ele- Acabou entendeu? Essas coisas nunca mais vão acontecer, você está seguro agora, não precisa ter mais medo, de nada, nunca mais. Entendeu? Acabou...

The two brothers Onde histórias criam vida. Descubra agora